Câncer de fígado: sintomas que não devem ser ignorados

Oncologista alerta para sinais iniciais da doença, muitas vezes silenciosa, e reforça importância do rastreamento regular

Por Maria Clara Trajano Publicado em 24/10/2025 às 14:16

Clique aqui e escute a matéria

O câncer de fígado é um dos mais silenciosos e desafiadores quando o assunto é diagnóstico precoce. Segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca), cerca de 10 mil novos casos são registrados a cada ano no Brasil.

A conscientização é essencial, especialmente entre pessoas com fatores de risco, como hepatites crônicas, cirrose ou consumo excessivo de álcool.

De acordo com o oncologista Frederico Augusto Pinho Rocha, do Instituto de Oncologia de Sorocaba, o principal motivo para o diagnóstico tardio é justamente a discrição dos sintomas nos estágios iniciais.

“Os sintomas iniciais são muito leves ou até ausentes, passando despercebidos. Muitas vezes, o diagnóstico só ocorre quando a doença já cresceu o suficiente para causar sintomas mais evidentes ou quando surgem complicações, como líquido na barriga, pele e olhos amarelados ou dor local. O tumor geralmente evolui silenciosamente”, explica o médico.

Sinais que merecem atenção imediata

Embora o início seja silencioso, o corpo costuma dar sinais de alerta quando a doença avança. Entre os sintomas que exigem avaliação médica imediata, estão:

  • Icterícia: pele e olhos amarelados;
  • Ascite: aumento do volume abdominal por acúmulo de líquido;
  • Dor ou desconforto persistente na parte superior do abdômen;
  • Perda de peso inexplicada e falta de apetite;
  • Cansaço intenso sem causa aparente;
  • Caroço palpável na barriga.

O especialista destaca ainda que há sinais sutis que não devem ser ignorados, sobretudo por quem tem histórico de doenças hepáticas.

“Perda de apetite progressiva, cansaço fora do habitual, sensação de estômago cheio muito rápido e um leve desconforto na barriga que não passa podem parecer detalhes, mas, em pessoas com risco aumentado, merecem investigação”, alerta Frederico.

Diferença em relação a outras doenças

Os sintomas do câncer de fígado podem ser confundidos com problemas digestivos, como gastrite, pedra na vesícula ou doenças do intestino. No entanto, há características que ajudam a diferenciar: a doença costuma apresentar sintomas progressivos, associação com histórico hepático e achados específicos em exames.

Exames de imagem, como ultrassom, tomografia ou ressonância magnética, são capazes de identificar nódulos com padrão característico. Já exames de sangue, como a dosagem de alfa-fetoproteína (AFP), auxiliam na investigação, embora não sejam diagnósticos por si só.

Fatores de risco e importância do rastreamento

O câncer de fígado pode atingir qualquer pessoa, mas o risco é significativamente maior entre quem apresenta condições hepáticas crônicas. Entre os principais fatores estão:

  • Hepatites B e C crônicas;
  • Cirrose, causada por álcool, gordura no fígado, doenças autoimunes ou metabólicas;
  • Esteato-hepatite não alcoólica, associada à obesidade e ao diabetes;
  • Consumo excessivo de álcool;
  • Exposição a aflatoxinas (toxinas produzidas por fungos em alimentos mal armazenados);
  • Histórico familiar da doença.

Para quem se enquadra nesses grupos, o oncologista reforça a importância da vigilância contínua.

“O ultrassom abdominal a cada seis meses, associado à dosagem de alfa-fetoproteína, é essencial para detectar lesões pequenas, em fase inicial, quando o tratamento é mais eficaz, inclusive com possibilidade de cirurgia curativa ou transplante”, conclui.

Compartilhe

Tags