Consumo de energéticos cresce entre jovens e preocupa especialistas

Altas doses de cafeína e associação com álcool aumentam os riscos cardiovasculares e despertam alerta entre médicos

Por Maria Clara Trajano Publicado em 05/09/2025 às 10:49

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O consumo de bebidas energéticas por adolescentes e jovens adultos está em forte expansão no Brasil e já se tornou uma preocupação de saúde pública.

Segundo a Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), 22% dos brasileiros com até 29 anos consomem energéticos fora de casa, muitas vezes em festas, baladas ou atividades esportivas — e parte desse público associa o produto ao álcool, combinação que multiplica os riscos cardiovasculares.

No Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira (Imip), especialistas vêm observando de perto essa tendência.

O cirurgião cardiovascular Cristiano Berardo alerta que essas bebidas concentram grandes quantidades de cafeína, taurina e outros estimulantes, capazes de provocar efeitos imediatos no sistema nervoso e no coração.

“O uso frequente pode causar arritmias, aumento da pressão arterial, insônia, ansiedade e, em casos graves, fibrilação atrial e até risco de AVC”, explica.

Por que os energéticos oferecem riscos à saúde cardiovascular

O problema, segundo os médicos, está tanto na alta concentração de estimulantes quanto na forma como os energéticos são consumidos. Muitos jovens utilizam essas bebidas para manter a disposição em períodos de estudo, trabalho ou lazer prolongados, sem avaliar os efeitos no organismo.

Quando misturados ao álcool, os riscos aumentam porque a cafeína mascara os sinais de embriaguez, levando ao consumo excessivo e maior sobrecarga no sistema cardiovascular.

Entre os principais efeitos observados estão:

  • Alterações no ritmo cardíaco, como taquicardia e arritmias;
  • Elevação da pressão arterial, que pode agravar quadros de hipertensão;
  • Distúrbios do sono e ansiedade, prejudicando a saúde mental;
  • Risco aumentado de eventos graves, como fibrilação atrial e acidente vascular cerebral (AVC).

O que dizem os especialistas e como reduzir os riscos

Para o Imip, a prevenção passa pela conscientização sobre os perigos do consumo excessivo e pela adoção de hábitos saudáveis. “Sono adequado, prática regular de atividade física e alimentação equilibrada são estratégias muito mais seguras para aumentar a energia e melhorar o desempenho”, reforça o Dr. Berardo.

A recomendação é clara: jovens com histórico de hipertensão, arritmia ou ansiedade devem evitar completamente os energéticos. Já para quem consome, é fundamental não ultrapassar os limites diários de cafeína e nunca misturar essas bebidas com álcool.

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