Sedentarismo já afeta 1,8 bilhão de pessoas e ameaça saúde global até 2030
Estudo da OMS mostra crescimento da inatividade física no mundo; no Brasil, 47% dos adultos e 84% dos jovens já são sedentários

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Um estudo da Organização Mundial da Saúde (OMS), publicado na revista The Lancet Global Health, revelou que quase um terço dos adultos no planeta — o equivalente a 1,8 bilhão de pessoas — não atingiu os níveis mínimos recomendados de atividade física em 2022.
A tendência preocupa: se nada mudar, a taxa global de inatividade pode chegar a 35% da população até 2030, afastando o mundo da meta de reduzir o sedentarismo em 15% no mesmo período.
A recomendação da OMS é de 150 minutos semanais de atividade física moderada ou 75 minutos de exercício vigoroso para que uma pessoa não seja considerada sedentária.
Brasil entre os líderes mundiais em sedentarismo
Os dados refletem também a realidade brasileira. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 47% dos adultos no País são sedentários. Entre os jovens, o índice dispara para 84%, colocando o Brasil como quinto país mais sedentário do mundo e líder na América Latina.
Para a cardiologista Patrícia Alves de Oliveira, do Hospital Sírio-Libanês, a inatividade já é considerada uma ameaça silenciosa.
“O sedentarismo pode ser visto como uma epidemia moderna. Ele aumenta o risco de doenças cardiovasculares e de alguns tipos de câncer, como o de mama e o de cólon”, afirma.
Tecnologia e novos hábitos ampliam o problema
O estudo aponta que o uso prolongado de dispositivos eletrônicos e a crescente automação das tarefas diárias têm reduzido o movimento cotidiano.
“A tecnologia trouxe inúmeros benefícios, mas também intensificou o sedentarismo. Muitas atividades hoje são feitas por controle remoto ou de forma automatizada, e isso reduziu drasticamente o gasto de energia diária”, explica Patrícia.
Ela alerta que os efeitos vão além do sedentarismo: noites mal dormidas, pressão arterial elevada e ganho de peso são consequências diretas da falta de movimento.
“Não é preciso ser atleta para reduzir riscos. Pequenas mudanças de hábito já quebram o ciclo do sedentarismo”, reforça.
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Cinco passos práticos para sair do sedentarismo
Especialistas lembram que movimentar-se não exige grandes investimentos nem tempo excessivo. A OMS defende que pequenas atitudes no dia a dia já fazem diferença. Veja algumas sugestões:
- Troque o elevador pela escada: movimentos simples contam como exercício;
- Faça pausas ativas: levante-se a cada hora para alongar ou caminhar por alguns minutos;
- Reduza o tempo de tela: evite passar horas seguidas no celular, computador ou TV sem se levantar;
- Inclua movimento em tarefas cotidianas: caminhe enquanto fala ao telefone, leve o cachorro para passear ou coloque música e dance durante a arrumação da casa;
- Opte por trajetos ativos: substitua o carro por caminhada ou bicicleta em percursos curtos.
O Hospital Sírio-Libanês disponibiliza gratuitamente em seu site o Guia de Receitas para o Paciente Cardiológico, com dicas práticas para quem deseja adotar uma vida mais saudável.