Depressão ou menopausa? Saiba como diferenciar sintomas

Psiquiatra explica sinais de alerta, destaca impacto na saúde mental das mulheres e orienta sobre opções de tratamento eficazes

Por Maria Clara Trajano Publicado em 02/09/2025 às 15:53

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A depressão é uma das condições de saúde mental mais comuns no mundo, afetando mais de 300 milhões de pessoas, segundo a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas).

No Brasil, as mulheres estão entre as mais atingidas: o Ministério da Saúde estima que até 20% delas enfrentarão a doença ao longo da vida, contra 12% dos homens.

Entre os desafios enfrentados nessa fase da vida feminina, está a dificuldade em diferenciar os sintomas da depressão dos efeitos da menopausa, que muitas vezes se confundem.

Sintomas que se sobrepõem

A perimenopausa costuma ocorrer entre os 45 e 54 anos, podendo começar dois anos antes da última menstruação e se estender por até quatro anos após a menopausa.

Estima-se que 87% das mulheres nesse período apresentem fogachos — os conhecidos episódios de calor intenso —, e um terço delas chega a ter mais de dez ocorrências por dia, de acordo com o Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA).

Ansiedade, insônia, palpitações, calafrios, rubor facial e queda no desempenho sexual são queixas frequentes.

De acordo com a psiquiatra Luana Zen, esses sintomas podem se confundir com os da depressão, como perda de energia, falta de interesse em atividades diárias e alterações de humor.

“Quando a menopausa se soma à depressão, o impacto pode ser devastador para a qualidade de vida da mulher. Por isso, é essencial saber diferenciar e buscar avaliação médica especializada”, alerta.

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Tratamento integrado

A depressão precisa ser tratada não apenas para aliviar sintomas emocionais, mas também para prevenir complicações graves. “A ausência de cuidado adequado está diretamente ligada ao risco de suicídio e ao estigma das doenças mentais”, afirma Luana.

Entre as alternativas terapêuticas, medicamentos tradicionalmente usados contra o Transtorno Depressivo Maior têm mostrado eficácia em outras frentes. A especialista cita a desvenlafaxina como exemplo.

“Esse tipo de medicação, além de atuar na depressão, pode aliviar os fogachos e outros sintomas da perimenopausa e da menopausa, oferecendo qualidade de vida em duas dimensões ao mesmo tempo”, explica.

Quebrando mitos

Apesar da eficácia, ainda existem preconceitos em relação ao uso de antidepressivos.

“Muitas mulheres acreditam que causam dependência, mas não há evidências científicas que comprovem isso. Pelo contrário, o não tratamento da depressão e dos sintomas da menopausa pode aumentar os riscos de complicações cardiovasculares, diabetes e até doenças degenerativas”, ressalta a psiquiatra.

Espaço para diálogo

Especialistas defendem que é preciso ampliar o espaço de diálogo sobre saúde mental e menopausa, combatendo tabus e incentivando mulheres a buscarem ajuda médica sem medo ou vergonha.

“Abrir essa conversa é fundamental para garantir bem-estar físico e emocional. O tratamento adequado pode transformar a vida de milhares de mulheres nessa fase da vida”, conclui Luana Zen.

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