Férias sem telas: atividades em família podem estimular o vínculo e o desenvolvimento infantil

Apesar de prático, o uso excessivo de dispositivos eletrônicos pode trazer impactos significativos ao desenvolvimento infantil

Por Zayra Pereira Publicado em 09/07/2025 às 0:04

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Julho chegou e com ele as férias escolares, fazendo com que as famílias busquem atividades e brincadeiras para entreter os pequenos sem o uso de telas.

Apesar de prático, o uso excessivo de dispositivos eletrônicos pode trazer impactos significativos ao desenvolvimento infantil. Especialistas educadores apontam as brincadeiras ao ar livre e interativas como uma boa maneira de curtir com as crianças, promovendo também a interação da família.

De acordo com Reginaldo Arthus, professor de Pedagogia da Wyden, a infância é uma fase repleta de descobertas e criações, devendo ser estimulada com experiências reais. Além disso, brincar é uma das chaves para o desenvolvimento emocional, social e cognitivo da criança, principalmente quando envolve a família.

"A etapa ativa de descoberta das potencialidades do corpo por parte das crianças não deve ser substituída pela passividade pétrea promovida pelo feitiço da Medusa das telas dos celulares. Vamos entregar mais vida ativa para nossas crianças", destaca Arthus.

Impactos do uso contínuo de telas

O especialista explica que o uso prolongado de celulares, tablets e outros eletrônicos pode provocar:

  • Dificuldades de concentração
  • Problemas de socialização
  • Distúrbios do sono
  • Aumento dos casos de miopia.

Com o avanço da tecnologia, especialmente após a pandemia, as telas passaram a ocupar um espaço expressivo no cotidiano das crianças, o que exige equilíbrio e estímulo a outras formas de lazer e expressão.

Para Arthus, o envolvimento da família nas atividades lúdicas é decisivo. Crianças com menos exposição às telas tendem a ser mais criativas e autônomas, inventam jogos, exploram o ambiente e desenvolvem habilidades importantes para a vida.

Saúde física

Na mesma linha, o professor João Paulo Manechini, docente de Educação Física da Estácio, destaca que, além dos benefícios emocionais e cognitivos, as brincadeiras ativas exercem um papel essencial na promoção da saúde física das crianças.

Ele ressalta que atividades como esconde-esconde, pega-pega, corridas e circuitos são importantes para o desenvolvimento da coordenação motora e do equilíbrio, além de contribuírem no combate ao sedentarismo, à obesidade e a outros problemas associados à falta de atividade física.

Segundo o professor, brincar é também uma forma natural de praticar exercícios, e o período de férias escolares representa uma oportunidade valiosa para que os pais se reconectem com os filhos por meio de atividades simples.

Uma ida ao parque, um jogo de bola, pular corda ou andar de bicicleta já garantem momentos de lazer em família e estimulam a movimentação corporal.

Essas experiências, além de proporcionarem diversão, fortalecem os vínculos afetivos, estimulam a imaginação e contribuem para a criação de memórias afetivas duradouras. Para os especialistas, as férias são um convite a desacelerar e estar verdadeiramente presente. Com criatividade e afeto, é possível transformar esse período em uma experiência inesquecível para toda a família.

Ansiedade na infância

O médico pediatra Rafael Costa, docente do IDOMED (Instituto de Educação Médica), reforça os alertas sobre os efeitos negativos do excesso de telas na infância. Segundo ele, há uma relação direta entre a superexposição a dispositivos eletrônicos e o aumento de quadros de ansiedade, irritabilidade, atrasos na linguagem e alterações no padrão de sono das crianças.

“O cérebro infantil está em formação e é extremamente sensível aos estímulos externos".

Quando exposto por longos períodos a conteúdos digitais, especialmente em idade precoce, esse cérebro pode sofrer alterações nas conexões neurais responsáveis pela atenção, memória e regulação emocional”, explica o médico.

Rafael destaca ainda que o tempo excessivo diante das telas também compromete interações humanas essenciais para o desenvolvimento social.

“A criança precisa olhar nos olhos, interpretar gestos, compreender expressões. Esses aprendizados não se dão por meio de um vídeo no celular, mas nas relações reais, com seus pares e com os adultos ao redor”, pontua.

Para o pediatra, estabelecer limites claros para o uso de eletrônicos e oferecer opções atrativas e envolventes no mundo real são atitudes para alcançar o equilíbrio. “Desligar a tela é um gesto de cuidado. Brincar, correr, conversar, imaginar, isso sim é infância em sua plenitude”, conclui.

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