DOENÇAS INTESTINAIS | Notícia

Doença de Crohn: novo tratamento promete mais controle e menos hospitalizações; veja resultados da terapia aprovada no Brasil

Guselcumabe oferece opção flexível e eficaz para adultos com doença de Crohn moderada a grave, com foco na cicatrização intestinal duradoura

Por Maria Clara Trajano Publicado em 28/05/2025 às 18:44 | Atualizado em 28/05/2025 às 18:50

SÃO PAULO — A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou o uso de guselcumabe para o tratamento de adultos com doença de Crohn ativa moderada a grave. O medicamento já era utilizado no Brasil para tratar outras condições, como psoríase, artrite psoriática e retocolite ulcerativa.

A aprovação do guselcumabe para a doença de Crohn se baseou nos resultados de estudos clínicos de fase 3 chamados Galaxi e Graviti. No estudo Galaxi, o guselcumabe foi comparado a outro tratamento comum para a condição, o ustequinumabe.

"O guselcumabe oferece uma nova opção de tratamento para pacientes com doença de Crohn, com estudos que demonstram sua eficácia na indução e manutenção de remissão clínica, reduzindo significativamente os sintomas e melhorando a qualidade de vida", explica o coloproctologista Alexander Rolim, cirurgião do sistema digestivo e investigador no estudo clínico Galaxi.

Ele conversou com a imprensa em São Paulo, durante o lançamento da campanha Siga sem Pausa, que tem como objetivo conscientizar sobre doenças inflamatórias intestinais (DIIs). São distúrbios que envolvem a inflamação crônica do trato digestivo, o que geralmente causa dor abdominal e diarreia recorrentes.

"Além disso, o guselcumabe obteve taxas de remissão endoscópica mais altas do que costumamos observar em terapias já existentes, ajudando os pacientes a permanecerem em remissão por mais tempo e evitar complicações, hospitalizações e cirurgias", declara.

O que são doenças inflamatórias intestinais?

As doenças inflamatórias intestinais (DIIs), que incluem a doença de Crohn e a retocolite ulcerativa, são condições de saúde crônicas que afetam o sistema digestivo.

Nelas, o sistema imunológico reage de forma exagerada, o que causa inflamação no intestino. Essa inflamação pode levar a sintomas como:

  • dor na barriga;
  • diarreia constante;
  • sangramento ao evacuar;
  • perda de peso e cansaço.

No Brasil, o número de pessoas com doenças inflamatórias intestinais tem aumentado: são cerca de 100 casos para cada 100 mil habitantes no sistema público de saúde.

Tratamento

O objetivo do tratamento para as DIIs é controlar a inflamação para aliviar os sintomas e ajudar na recuperação do intestino, pois atualmente não há cura. Pode-se falar em remissão quando a doença está sob controle.

Existem diferentes tipos de remissão: a remissão clínica significa que os sintomas estão controlados, enquanto a remissão endoscópica (ou cicatrização da mucosa) indica que a parte interna do intestino (a mucosa) está se curando.

Alcançar a remissão profunda, que é a combinação da remissão clínica e da cicatrização da mucosa, é considerado um objetivo importante pois pode influenciar positivamente como a doença evolui ao longo do tempo.

Resultados dos estudos clínicos

Os resultados mostraram que o guselcumabe demonstrou superioridade em relação ao ustequinumabe em vários aspectos relacionados à cicatrização interna (desfechos endoscópicos) após 48 semanas de tratamento.

Por exemplo, mais pacientes tratados com guselcumabe alcançaram uma melhora endoscópica (52,7%) ou remissão endoscópica (cicatrização completa ou quase completa da mucosa) (37,2%), comparado ao ustequinumabe (37,1% e 24,7%, respectivamente).

A combinação de remissão clínica e resposta endoscópica também foi maior com guselcumabe (47,3% vs 33,7%), assim como a remissão profunda (33,8% vs 22,3%) na semana 48.

Para a retocolite ulcerativa, estudos como o Astro e o Quasar indicaram que o guselcumabe pode levar a taxas significativas de remissão clínica e melhora endoscópica.

Um estudo de longo prazo (Quasar LTE) mostrou que a remissão clínica e a endoscópica puderam ser mantidas por até dois anos (semana 92), com 72% dos pacientes em remissão clínica e 43% em remissão endoscópica neste período.

*A repórter participou do evento a convite da Johnson&Johnson.

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