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Maio Roxo: entenda as doenças inflamatórias intestinais, sintomas e cuidados

Entenda os sintomas da doença de Crohn e Retocolite Ulcerativa e como a dieta e o estilo de vida influenciam o bem-estar dos pacientes

Por Maria Clara Trajano Publicado em 19/05/2025 às 17:44

O mês de maio, e em particular o dia 19, é dedicado à conscientização sobre as Doenças Inflamatórias Intestinais (DIIs). A campanha Maio Roxo reforça a importância de estar atento aos sinais e procurar um médico especialista.

As DIIs, que incluem a Doença de Crohn e a Retocolite Ulcerativa, são enfermidades crônicas que podem causar desconforto significativo e afetar a qualidade de vida dos pacientes.

A estimativa no Brasil indica cerca de 100 casos para cada 100 mil habitantes, com um aumento no número de diagnósticos recentes. Nas mulheres, as DIIs podem impactar a saúde reprodutiva, com manifestações gastrointestinais que podem ser influenciadas por mudanças hormonais e o ciclo menstrual.

O que são as Doenças Inflamatórias Intestinais?

As Doenças Inflamatórias Intestinais (DIIs) são condições crônicas que provocam inflamações no tubo digestivo. Embora possam surgir em qualquer idade, são mais frequentemente diagnosticadas em pessoas entre 15 e 35 anos.

A Doença de Crohn pode causar inflamação em qualquer parte do tubo digestivo, mas geralmente afeta o final do intestino delgado (íleo) e o lado direito do intestino grosso (cólon direito). Já a Retocolite Ulcerativa restringe-se ao reto e ao intestino grosso.

Além dos problemas intestinais, as DIIs podem apresentar manifestações inflamatórias fora do trato digestivo, como na pele, articulações, fígado, olhos e até levar à formação de pedras nos rins, especialmente a Retocolite Ulcerativa.

Sintomas comuns: quando procurar ajuda médica?

A identificação dos primeiros sinais e sintomas é o ponto de partida para o diagnóstico. É importante notar que muitos desses sintomas podem ser semelhantes aos de outras condições. Fique atento a esta lista de sinais de alerta:

  • Dor abdominal
  • Sensação de barriga estufada
  • Cólicas
  • Diarreia
  • Emagrecimento
  • Sensação de esvaziamento incompleto do intestino
  • Flatulência exagerada (gases)
  • Presença de sangue e muco nas fezes

Ao observar esses sintomas, a busca por um médico gastroenterologista e proctologista é essencial.

Somente o tratamento contínuo e adequado, sob orientação médica, pode ajudar o indivíduo a ter uma rotina mais equilibrada e com qualidade de vida, minimizando os desconfortos típicos das DIIs.

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Tratamentos disponíveis

O tratamento das Doenças Inflamatórias Intestinais é crucial e deve ser contínuo, sempre seguindo as orientações de um médico gastroenterologista.

Por serem quadros crônicos e sem cura definitiva, o principal objetivo do tratamento é manter o controle da doença, alcançando o que é chamado de remissão.

Conforme explica Alexandre Venâncio, médico cirurgião geral e coloproctologista: “Pelo fato de estarmos lidando com quadros crônicos, sem possibilidade de cura, que podem variar de acordo com o tipo e o grau da inflamação, o tratamento das DIIs tem como principal objetivo manter o controle da doença. É importante olharmos para o paciente em busca de um bem-estar físico, social e emocional”.

Quando a remissão é alcançada através da adesão correta à terapia, é possível prevenir novos episódios inflamatórios por períodos que podem durar meses ou até anos.

Apesar dos avanços em novas terapias, o Protocolo Clínico de Diretrizes Terapêuticas (PCDT) das DIIs no Brasil data de 2017, o que gera um desequilíbrio no acesso aos tratamentos entre o Sistema Único de Saúde (SUS) e os planos de saúde.

A exemplo, o infliximabe subcutâneo, um biossimilar que teve sua incorporação recomendada pela Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (CONITEC), mas que ainda não está disponível no SUS.

Essa terapia não requer administração hospitalar, ampliando o acesso, especialmente para pacientes que vivem longe de centros de infusão.

Autocuidado e estilo de vida

Além do tratamento médico, medidas de autocuidado e um estilo de vida saudável desempenham um papel importante no manejo das Doenças Inflamatórias Intestinais.

O cuidado com a alimentação é fundamental. Recomenda-se uma dieta com baixo teor de gordura e rica em fibras. É aconselhável evitar certos alimentos que podem agravar os sintomas:

  • Açúcar
  • Cafeína
  • Leite e derivados
  • Comidas gordurosas, picantes ou com conservantes
  • Vegetais que aumentam a produção de gases, como feijão, repolho e batata doce

Outro pilar importante é a adoção de um estilo de vida mais saudável, incluindo a prática de atividade física.

Um alerta crucial é que o cigarro e o álcool são vilões para a saúde gastrointestinal e devem ser abolidos do cotidiano de quem busca gerenciar uma DII.

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