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"Crianças não devem ter rede social antes dos 16 anos", diz autor de 'A Geração Ansiosa'

"Após ganhar celular ou entrar em redes sociais, o adolescente vai ficar muito bom em esconder o que tiver que esconder dos pais", alerta psicólogo

Por Estadão Conteúdo Publicado em 26/05/2025 às 11:07

Estudioso e crítico dos efeitos nocivos das telas e redes sociais para as crianças e adolescentes, o psicólogo social e professor universitário americano Jonathan Haidt comemora a proibição do uso dos celulares nas escolas pelo Brasil.

Contudo, ele diz ser preciso avançar para limitar o uso do aparelho fora dela, principalmente em casa.

O pesquisador americano é mundialmente conhecido pelo best-seller A Geração Ansiosa, livro que esmiúça o colapso de saúde mental dos mais jovens e o que pode ser feito para reverter o cenário.

Para Haidt, há regras inegociáveis para o uso do celular em casa, que diz aplicar a seus dois filhos adolescentes: não permitir a criação de perfis em redes sociais antes dos 16 anos de idade nem o uso de telas no quarto à noite, quando "os assédios de adultos a menores de idade mais acontecem", segundo ele.

O psicólogo admite que não é fácil fazer com que os filhos respeitem essas regras. "Depois de ganhar um celular ou entrar em redes sociais, o adolescente vai ficar muito bom em esconder o que tiver que esconder dos pais. E aí começa uma batalha na família. Daí a importância de adiar: os filhos não devem ter rede social antes dos 16 anos", disse, em entrevista ao programa Fantástico, da Rede Globo, que foi ao ar no domingo, 25.

Impactos distintos e recuperação

O especialista explica que os efeitos negativos em geral são diferentes para meninas e meninos: para elas, as redes sociais costumam trazer os riscos de pressão estética e assédio, enquanto para eles os maiores perigos muitas vezes estão no que traz prazer imediato, como os videogames e a pornografia.

Na faixa dos 14 anos, as meninas estão mais ansiosas e deprimidas que os meninos, mas eles podem ter maiores prejuízos a longo prazo, com dificuldades para concluir os estudos e ingressar no mercado de trabalho, segundo Haidt.

Irritação, tristeza e ansiedade ao ficar longe das telas são alertas para os pais de que a criança ou adolescente está dependente do aparelho.

De início, o afastamento do celular gera uma piora pela abstinência.

A boa notícia é que quem muda de hábitos consegue recuperar a atenção. 

"Quando adolescentes são internados e ficam longe das telas, os sinais de melhora aparecem em 15 a 20 dias. Primeiro vem a abstinência, mas o cérebro se recupera. Aquele filho doce volta a aparecer", disse ao programa.

Assista ao episódio do videocast Saúde e Bem-Estar 'Infâncias apagadas, adultos exaustos: um convite à reconexão'

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