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Gases, inchaço e dor abdominal: como diferenciar intolerância alimentar de doenças gastrointestinais?

Sintomas como diarreia, cólicas e inchaço são comuns, mas podem indicar desde reações alimentares até doenças inflamatórias intestinais

Por Maria Letícia Menezes Publicado em 06/05/2025 às 10:26

Dores abdominais, gases, distensão e episódios recorrentes de diarreia são sintomas que podem surgir por diferentes causas.

Muitas vezes atribuídos a intolerâncias alimentares ou episódios de intoxicação, esses sinais podem ocultar condições mais graves, como as Doenças Inflamatórias Intestinais (DIIs), que incluem a colite ulcerativa e a Doença de Crohn.

O desafio está justamente na semelhança entre os sintomas, que costuma atrasar o diagnóstico correto. De acordo com um levantamento da Associação Brasileira de Colite Ulcerativa e Doença de Crohn (ABCD), 41% dos pacientes com DII levam mais de um ano para receber um diagnóstico.

Intolerância alimentar ou doença inflamatória?

As intolerâncias alimentares, como a intolerância à lactose ou glúten, estão relacionadas à dificuldade de digerir certos nutrientes devido à ausência ou deficiência de enzimas específicas.

Já as doenças inflamatórias intestinais são condições autoimunes crônicas, que provocam inflamações constantes na mucosa do trato digestivo.

No caso das doenças inflamatórias, os sintomas são persistentes, mesmo sem o consumo de alimentos específicos, e podem envolver:

  • Diarreia crônica (nunca passa), com ou sem sangue;
  • Cólica abdominal intensa;
  • Urgência para evacuar;
  • Perda de apetite e de peso;
  • Cansaço extremo e persistente;
  • Emagrecimento involuntário.

Diagnóstico

A ausência de um diagnóstico rápido das doenças inflamatórias intestinais leva os pacientes a conviverem com sintomas intensos e sem tratamento adequado durante anos.

Ainda de acordo com a Associação Brasileira de Colite Ulcerativa e Doença de Crohn (ABCD), 43% das pessoas recorrem ao pronto-socorro diversas vezes durante crises, e 12% demoram mais de três anos desde os primeiros sinais até a primeira consulta com um especialista.

Tratamentos

O tratamento para doenças inflamatórias intestinais (DIIs) é individualizado e busca controlar a inflamação, reduzir os sintomas e prevenir complicações.

Geralmente, envolve o uso de medicamentos imunossupressores, corticosteroides, anti-inflamatórios específicos e, em alguns casos, terapias biológicas.

A escolha do protocolo depende da gravidade da doença, da resposta do paciente aos medicamentos e da localização da inflamação no trato gastrointestinal.

Em situações mais graves ou refratárias, pode ser necessária a intervenção cirúrgica para remoção de partes do intestino comprometidas.

Já no caso das intolerâncias alimentares, o tratamento costuma ser mais direto: consiste na exclusão do alimento desencadeador da dieta.

Impactos no dia a dia

As consequências vão além do físico. Segundo a GAMEDII (Associação Multidisciplinar de Apoio à Saúde Intestinal), há impactos na saúde mental.

Mais de 78% dos pacientes com DII relataram já ter cancelado compromissos sociais por conta das crises, enquanto outros relatam julgamentos injustos no ambiente de trabalho.

O tratamento das doenças inflamatórias intestinais inclui o uso de medicamentos específicos, controle alimentar e, frequentemente, suporte psicológico. O estresse, o tabagismo e o sedentarismo podem agravar o quadro clínico.

Quando procurar o médico?

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Exames como colonoscopia, endoscopia, exame de fezes, sangue e imagem ajudam a identificar inflamação e lesões intestinais - Istock

Para investigar casos de doenças inflamatórias intestinais e intolerâncias, o ideal é buscar um coloproctologista, médico especialista que trata doenças do intestino grosso (cólon). Em alguns casos, um gastroenterologista também pode atuar. 

Se você apresenta dois ou mais dos sintomas abaixo com frequência, o ideal é buscar um especialista:

  • Diarreia há mais de 4 semanas;
  • Presença de sangue nas fezes;
  • Dor ou cólica abdominal intensa e recorrente;
  • Perda de peso sem causa aparente;
  • Fadiga extrema, mesmo após descanso;
  • Urgência para evacuar várias vezes ao dia;
  • Náusea ou vômitos persistentes;
  • Sensação de esvaziamento incompleto;
  • Histórico familiar de doenças intestinais.

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