Implanon: ANS obriga planos de saúde a cobrirem, mas apenas em condições específicas
Veja quem tem direito à cobertura pelo plano, onde o método está disponível no SUS e como funciona a inserção do contraceptivo

O Implanon, implante subdérmico hormonal contraceptivo de longa duração, passou a ter cobertura obrigatória pelos planos de saúde desde janeiro deste ano — mas com restrições.
A mudança foi determinada pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), por meio da Resolução Normativa nº 619, e inclui o método no rol de procedimentos de cobertura mínima obrigatória.
No entanto, a cobertura vale apenas para pessoas adultas em idade fértil que se enquadrem em ao menos uma das seguintes situações:
- Pessoas em situação de rua;
- Usuárias de medicamentos teratogênicos — substâncias que podem causar malformações no feto;
- Pessoas privadas de liberdade;
- Trabalhadoras do sexo.
Fora desses perfis, o acesso ao método não é possível por meio dos convênios. Para inserir o implante na rede particular, o custo varia entre R$ 2.500 e R$ 4.000, incluindo o valor do dispositivo e a aplicação.
Quanto tempo dura o Implanon?
O Implanon é um bastão flexível inserido sob a pele do braço, que libera continuamente etonogestrel, hormônio que inibe a ovulação, espessa o muco cervical e altera o revestimento uterino.
Esses mecanismos dificultam a fecundação e a implantação do óvulo, com eficácia superior a 99%. Uma de suas principais vantagens é a duração: até três anos sem necessidade de manutenção.
“Eu escolhi o implante porque queria um método mais prático. Eu nunca usei outros métodos, não queria tomar pílulas anticoncepcionais, para não esquecer”, conta Isabel Alves, de 18 anos, que foi incentivada pelos pais a procurar um método de contracepção.
A taxa de falha da laqueadura é de 0,5%, enquanto a do Implanon é de apenas 0,02%, o que representa duas mulheres em 10 mil que podem ter falha. Na laqueadura podem acontecer casos [raros] de reverção natural.
Saiba quem pode optar pelo método no Grande Recife
A reportagem contatou as secretarias de saúde de Olinda, Jaboatão dos Guararapes, Camaragibe, Paulista e Recife, principais municípios da região metropolitana.
Apenas o Recife oferece o Implanon pelo SUS. As demais cidades disponibilizam outros métodos, como DIU, pílulas e preservativos (o único que também protege contra ISTs).
Na capital, a oferta do implante integra parceria com o Ministério da Saúde, priorizando mulheres em situação de vulnerabilidade e adolescentes de 11 a 19 anos.
"É um método seguro, prático, e conseguimos realizar a colocação aqui mesmo na unidade [básica de saúde]", ressalta Gisele Ramos, que faz a aplicação do método em unidade básica de saúde na Zona Norte.
Inserção é simples
A inserção do Implanon é feita em ambiente ambulatorial, com anestesia local, por profissional capacitado. O procedimento é rápido, sem cortes ou pontos.
Entre os possíveis efeitos colaterais estão alterações no ciclo menstrual, sangramentos irregulares ou ausência de menstruação.
A retirada, ao final dos três anos, deve ser feita por profissional qualificado e pode ser seguida de nova inserção, caso desejado.
Quais os efeitos colaterais do Implanon?
Entre os efeitos mais comuns do Implanon estão alterações no padrão menstrual, como ausência de menstruação ou sangramentos irregulares, especialmente nos primeiros meses de uso.
“Sim, é normal a paciente apresentar sangramento de escape nos três primeiros meses, depois cessa”, destaca a ginecologista Zaíra Aragão, que faz aplicação do método em consultório.
Para Isabel, que optou pelo método ainda no início da vida adulta, a escolha está indo bem. "Eu me sinto tranquila, facilitou muito minha rotina. Eu tinha o fluxo menstrual muito forte, agora minha menstruação está mais controlada", reforça a paciente.
É importante destacar que o implante não prejudica a fertilidade. “O implante não interfere na fertilidade, após a remoção a paciente volta a ovular normalmente e volta a menstruar”, garante Zaíra.
O método é contraindicado em casos de gravidez ou suspeita, sangramento vaginal sem causa definida e doenças graves.
Assista ao episódio sobre qualidade de vida para as mulheres