Hipertensão atinge 30% dos brasileiros e pode causar infarto, AVC e falência renal
Considerada uma doença silenciosa, a pressão alta causa mais de 10 milhões de mortes por ano no mundo e exige diagnóstico precoce e mudança de hábitos

A hipertensão arterial, também conhecida como pressão alta, é uma das doenças crônicas mais comuns e perigosas da atualidade.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), ela está relacionada a mais de 10 milhões de mortes por ano em todo o mundo. No Brasil, cerca de 30% da população adulta convive com a condição, muitas vezes sem saber, de acordo com o Ministério da Saúde.
A cardiologista Larissa Rengel, dos hospitais São Marcelino Champagnat e Universitário Cajuru, explica que o principal risco está justamente na ausência de sintomas.
“Muitas pessoas não acreditam que estão doentes porque não sentem nada. Mas os sinais só aparecem quando já houve prejuízo ao organismo, o que reforça a importância do diagnóstico precoce”, alerta.
Principais fatores de risco para hipertensão
O aumento da pressão arterial pode ocorrer por diversos fatores. Entre os mais comuns estão:
- Envelhecimento
- Histórico familiar da doença
- Consumo excessivo de sal e alimentos ultraprocessados
- Sedentarismo
- Obesidade
- Tabagismo
- Diabetes e colesterol elevado
“A hipertensão está diretamente ligada ao avanço da idade. Mas também está fortemente associada a hábitos de vida. Perder peso, por exemplo, pode até eliminar a necessidade de medicamentos em alguns casos”, diz a médica.
Complicações vão além de infarto e AVC
Apesar de infarto e acidente vascular cerebral (AVC) estarem entre os efeitos mais conhecidos da hipertensão descontrolada, há outras complicações graves.
A pressão alta é a principal causa de perda de função renal no Brasil, levando muitos pacientes à diálise. A visão também pode ser afetada, com risco de cegueira parcial ou total.
Diagnóstico correto é essencial
Larissa Rengel destaca que uma medição isolada, principalmente em momentos de estresse, não confirma o diagnóstico.
“São necessárias medições repetidas, em repouso, e, às vezes, exames mais específicos para determinar se a pessoa é realmente hipertensa.”
Controle vai além do uso de remédios
Segundo a Sociedade Brasileira de Hipertensão, 70% dos pacientes diagnosticados não mantêm a pressão dentro dos níveis ideais. As principais causas são o abandono do tratamento e a resistência a mudanças no estilo de vida.
“Tomar o remédio é só uma parte do processo. É fundamental reduzir o sal, adotar uma dieta equilibrada, praticar exercícios físicos e, sobretudo, manter constância”, orienta a cardiologista.
Outro erro comum é interromper o uso dos medicamentos quando os sintomas desaparecem. “Mesmo sem sentir nada, parar o tratamento aumenta o risco de complicações sérias”.
Prevenção começa cedo e é para a vida toda
Adotar hábitos saudáveis desde cedo é a melhor forma de prevenir a hipertensão. Isso inclui:
- Alimentação rica em frutas, legumes e vegetais
- Redução do consumo de sal e alimentos industrializados
- Prática regular de atividade física
- Manutenção do peso adequado
- Acompanhamento médico regular
“Dedicar alguns minutos por dia à saúde pode significar décadas a mais de vida com qualidade”, conclui a médica.