Bebês operados antes de nascer: Imip é referência em cirurgia intrauterina sem cobertura pela tabela do SUS
Intervenção corrige condição em que a coluna do bebê não se forma completamente na gestação. Cirurgia ainda não possui cobertura pela tabela do SUS

Faz uma década que o Instituto de Medicina Integral Prof. Fernando Figueira (Imip) realiza um procedimento que ainda não possui cobertura pela tabela do Sistema Único de Saúde (SUS). Trata-se das cirurgias intrauterinas, uma intervenção cirúrgica que consiste em tratar problemas congênitos do bebê, enquanto ele ainda está no útero da mãe.
Durante o pré-natal, na realização de ultrassons, o médico identifica a má-formação no sistema nervoso central do feto, o que leva à mielomeningocele. É a forma mais comum e grave de espinha bífida, condição em que a coluna do bebê não se forma completamente na gestação.
Esse foi o caso de Luiza Vitória, primeira paciente de cirurgia intrauterina do Imip. Ela tem 10 anos e tem uma vida cheia de saúde.
"Descobrimos a mielo quando eu estava com 24 semanas de gestação. Naquele momento foi uma correria, pois é uma cirurgia que só pode ser feita em até 26 semanas. Agradeço a Deus e à equipe maravilhosa do Imip porque conseguimos realizar o procedimento com 25 semanas", recorda a mãe de Luiza, Josevânia Rodrigues.
Moradora da cidade de Maragogi, em Alagoas, Josevânia tem consciência do impacto positivo da cirurgia intrauterina na vida da filha.
"Ela é uma criança saudável, e eu, como mãe, fico muito feliz em vê-la bem. Sem o procedimento, ela corria o risco de nem andar, e hoje eu vejo minha filha até correr", celebra.
A equipe de neurocirurgia do complexo hospitalar, em conjunto com o time de medicina fetal, é responsável pela correção da má-formação. A cirurgia permite com que a criança já nasça com o problema solucionado, o que diminui o tempo de internamento e os riscos de infecção.
"O objetivo principal da cirurgia é reduzir a necessidade que essas crianças com má-formação possuem, o que melhora a força motora desses pacientes e diminui as consequências causadas pela doença", conta o neurocirurgião do Imip Igor Faquini.
"Através do procedimento, o percentual de desenvolvimento de hidrocefalia é infinitamente menor, e isso evita que a criança necessite de implante de uma derivação (procedimento cirúrgico que consiste na colocação de um tubo oco no cérebro ou na coluna, com o objetivo de drenar o líquido cefalorraquidiano e direcioná-lo para outro local do corpo)", explica.
O neurocirurgião acrescenta que essas derivações podem causar complicações ao longo da infância, o que gera consequências neurológicas para a criança.