Depoimento de Bolsonaro é pontuado por brincadeiras e negativas
Presidente da Câmara se atrapalha e admite que a deputada Carla Zambelli (PL-SP) não será cassada tão cedo. A palavra final será do plenário da Casa

CHAPA IMBATÍVEL
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) quebrou o gelo, durante o depoimento do chamado inquérito golpe, ao convidar o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), para compor uma chapa nas eleições presidenciais. “Eu gostaria de convidá-lo para ser meu vice em 2026”. Na bucha, Moraes encerrou o assunto: “eu declino”.
NEM TANTO
Se o ex-presidente Jair Bolsonaro tivesse lido - e ele já me disse que não leu - qualquer obra do pernambucano Nelson Rodrigues (1912-1980), certamente ele se recordaria do grande dramaturgo “As vaias são os aplausos dos desanimados”.
AS VAIAS E A FAIXA
Questionado por que não compareceu à cerimônia de transmissão de cargo para entregar a faixa presidencial a Lula da Silva (PT), em 1º de janeiro de 2023, Bolsonaro se esquivou: “"Eu não ia me submeter à maior vaia da história do Brasil. Não passei porque não ia me submeter a passar a faixa para esse atual mandatário do Brasil”.
ENTRE A CRUZ E A ESPADA
Na segunda-feira (9), o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), agradou ao ministro Alexandre de Moraes ao afirmar que “quando há uma conclusão de julgamento no STF, não cabe mais ao presidente [ele próprio] colocar isso em votação”, referindo-se à perda de mandato da deputada licenciada Carla Zambelli (PL-SP).
‘PEQUENO EQUÍVOCO’
No plenário, na noite desta terça-feira, jogou para a platéia e agradou ao PL, afirmando que “houve um confusão”, em sua declaração. “Nós vamos notificar para que ela possa se defender e a palavra final será a palavra do plenário. É isso que vamos fazer (…) O plenário é que tem a legitimidade dessa Casa, é quem decide para essa Casa vai, ele é soberano”. Com a medida, Zambelli ganha sobrevida e o PL suspende a obstrução nas votações.
EFEITO FRANÇA
Os gastos nababescos do governo brasileiro com a turnê do presidente Lula da Silva (PT) e sua comitiva à França chamaram a atenção do Tribunal de Contas da União (TCU). Foi aberto procedimento de investigação sobre o uso de verba pública para pagar o cachê no valor de R$ 168 mil à cantora potiguar Roberta Sá, além de despesas de deslocamento e hospedagem de sua equipe.
FRANCAMENTE
A intérprete de “Amanhã é Sábado” se apresentou durante jantar oferecido pelo governo francês à comitiva de Lula, em Paris, em 5 de junho.
PENSE NISSO!
Das duas, uma: ou o ministro Alexandre de Moraes não é essa fera toda que aparentava ser no início do julgamento do chamado inquérito do golpe, ou, ontem, ele relaxou e ligou o “dane-se”. A sentença já está pronta.
Das duas, uma: ou a ficha do ex-presidente Jair Bolsonaro ainda não caiu, ou ele acredita mesmo em milagre.
De um lado, o que se viu foi um ministro menos carrancudo e até admitindo brincadeiras no “seu” tribunal.
Já Bolsonaro soltou a verve e chegou a brincar com o juiz, convidando-o para ser seu vice nas eleições do ano que vem.
Encenações recíprocas.
Pense nisso!