À espera de Hugo Motta, oposição dá entrada no projeto de anistia. Governo quer barrar
Líder do Psol diz que "não há a mínima possibilidade" do partido dar apoio à anistia para que o PL ajude a salvar Glauber Braga da cassação

ASSIM NA TERRA…
A bancada de parlamentares evangélicos fez chegar ao presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), sua insatisfação com um ato religioso, que foi celebrado pelo frei Davi Santos, um franciscano que foi ao Parlamento dar apoio ao deputado Gláuber Braga (Psol-RJ). Em greve faz seis dias, o deputado protesta contra a cassação do seu mandado imposta pela maioria dos integrantes do Conselho de Ética (13 x 5).
…COMO NA CÂMARA
É a mesma bancada que vira e mexe realiza celebrações com cantos de louvor e que faz críticas ao Supremo Tribunal Federal (STF) que está vetando projeto da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Norte que impôs a obrigatoriedade do Estado adquirir “ao menos” dez exemplares da Bíblia para bibliotecas públicas.
A PRESSA DA OPOSIÇÃO
Os partidos que apoiam a urgência na votação do projeto de lei que concede anistia aos envolvidos no quebra-quebra de 8 de janeiro de 2023, em Brasília, tinham marcado para a semana que vem a data limite para dar entrada no requerimento de urgência.
GOVERNO PRESSIONA
Ao chegar às 262 assinaturas, cinco a mais que o necessário, as legendas decidiram protocolar o projeto, com receio da pressão do Palácio do Planalto, já que, no mínimo, 70 deputados de partidos da base aliada assinaram a urgência. Ainda é possível retirar a assinatura, mas com certa burocracia e com um bom convencimento que todo governo tem.
FOI DADO O SINAL
Como diria Raul Seixas (1945-1989), quando musicou poema do professor Cláudio Roberto (1952-2022): “Que luz é essa que vem vindo lá do céu?” Ainda que o Psol negue que daria apoio ao projeto da anistia para em troca a direita livrar Glauber Braga da “degola”, o líder do PL, deputado Sóstenes Cavalcante (RJ), disse à coluna que “particularmente” vai votar contra a cassação, mas que “o partido ficará livre para qualquer decisão”. Mas sinal que isso, parlamentares do Psol, só voltando a cantar Raul: “Quem é que sabe o que é que vem trazendo essa clarão (…) Ou talvez alguma coisa que não é nem sim nem não”.
UM CAFÉ COM VARGAS LLOSA
Só eu tomei, mas o Nobel de Literatura, autor de “Pantaleão e as visitadoras”, para mim seu melhor livro, disse que adorava café, mas que naquele dia, estava “impossibilitado” e eu não insisti. Segui na entrevista. Arranquei do peruano a confissão de que considerava o fluminense Euclides da Cunha (1866-1909) “uma fonte de inspiração” para escrever “A Guerra do Fim do Mundo” - baseado em fatos reais, após uma série de entrevistas no sertão da Bahia.
PENSE NISSO!
Sim, Mário Vargas Llosa merecia ao menos que fosse uma nota de pesar do governo brasileiro.
Talvez se fosse uma dessas subcelebridades do mundo “cultural”, dessas que colocam um chapéu de coro na cabeça e fazem sucesso. Fosse uma dessas caçadoras de likes, o comportamento do Planalto seria outro.
Mas o Brasil dos últimos anos tem tido cada gente tosca dando opinião em tudo que é ocasião, que esquecer o escritor peruano, ainda que de propósito, diz bem o que essa gente pensa de cultura.
“Um público comprometido com a leitura é crítico, rebelde, inquieto, pouco manipulável e não crê em lemas que alguns fazem passar por ideias” Mário Vargas Llosa (1936-2025).
Pense nisso!