Romoaldo de Souza: Aproximação do Brasil com Celac força Argentina a esvaziar Mercosul
Recesso branco na Câmara, no decorrer desta semana, retarda análise de urgência para projeto de anistia e estica greve de fome de Glauber Braga

ACORDOS LATINO-AMERICANOS
Ao desembarcar semana passada em Tegucigalpa, capital de Honduras, o presidente Lula da Silva (PT) levava cópias de um acordo datado 1982, assinado por 11 países - o Brasil, inclusive - com medidas para enfrentar a crise mundial do início dos anos de 1980.
CONVÊNIOS INTERNACIONAIS
O Brasil anunciou que pretende retomar o Convênio de Pagamentos e Créditos Recíprocos “para ser uma resposta às ações [de sobretaxas] do governo dos Estados Unidos”. Como o governo argentino de Javier Milei toma mate cozido na mesma cuia que Donald Trump, o chefe do Executivo vizinho só espera a próximo reunião do Mercosul [22 e 23 de abril] para despejar a última pá de cal no tratado que reúne além de Brasil e Argentina, Paraguai e Uruguai. Leitor contumaz de Gabriel García Márquez, Milei chama o Mercosul de “acordos apergaminhados”. Amarelados pelo tempo
MAL-ACOSTUMADOS
Contando direitinho, mesmo que o restante do país já esteja com mais de 100 dias pagando impostos, o Congresso Nacional arrumou mais uma “santa desculpa” para decretar recesso branco: “a semana santa”. Votação importante somente após a Páscoa. Suas excelências estão trabalhando cada vez menos.
DUPLO PREJUÍZO
Primeiro, para o deputado Glauber Braga (Psol-RJ). Cassado no Conselho de Ética, por dar uns pontapés no traseiro de um manifestante do Movimento Brasil Livre (MBL), dentro da Câmara, Glauber deu início a uma greve de fome que só pretende suspender após o seu julgamento no plenário, ainda sem data, mesmo porque o presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB) pegou a família e viajou ao exterior.
DEPOIS A ANISTIA
O líder do PL, deputado Sóstenes Cavalcante (RJ) já tem requerimento com número de assinaturas suficientes [257] para colocar na frente, com urgência, a votação do projeto da anistia dos envolvidos no quebra-quebra de 8 de janeiro de 2023, em Brasília.
MOEDA DE TROCA
Tido como um dos mais inflexíveis parlamentares da Câmara, Glauber Braga autorizou aliados a irem atrás de apoios para evitar a perda de mandato. O deputado do Psol precisa de ter no mínimo 257 votos, contra a cassação. Até aqui a resposta de parlamentares bolsonaristas é de que se o Psol apoiar a anistia eles analisam enterrar a cassação de Glauber.
FOI COM MUITA HONRA…
…que recebi a medalha que comemora os 50 anos da Adeppe (Associação dos Delegados e Delegadas de Polícia de Pernambuco). Sinto-me honrado com tamanha distinção. Aproveito este espaço para parabenizar o trabalho que a associação realiza com seus associados. Que venham outros 50 anos, regados à amizade, admiração e a uma dose marcante de cafeína. À minha direita está o presidente, Diogo Victor. À esquerda a vice-presidente Cláudia Molina e o delegado Guilherme Kerth.
PENSE NISSO!
O primeiro deputado que foi cassado Edmundo Barreto Pinto (PTB-DF). Ele perdeu o mandato em 27 de maio de 1949, “por ter se deixado fotografar de smoking e cuecas pela revista O Cruzeiro”.
De lá para cá foram mais de 200 perderam o mandato. A maioria dessas cassações foi motivada pelo AI-5, durante o regime militar, mas também em grande parte por corrupção.
Quase sempre é um ato político e, portanto, somente a articulação política é que pode salvar Glauber Barga da degola. E não é que “está rolando” uma articulação: o Psol daria seus 12 votos para aprovar o projeto da anistia e em troca a direita salvaria seu mandato.
É igual a “feira do rolo”, onde produtos de origem duvidosa estão sendo colocados à venda: “é pegar ou largar”.
Pense nisso!