Jovens atropeladas em São Paulo: motorista que atropelou jovens tinha sete infrações por excesso de velocidade
No total, condutor tinha 12 infrações de trânsito, sendo sete delas por excesso de velocidade. Testemunhas dizem que motorista estava praticando pega

Com informações do Estadão Conteúdo
Brendo dos Santos Sampaio, 26 anos, motorista que atropelou e matou duas jovens de 18 anos na quarta-feira, 9, na Avenida Goiás, em São Caetano do Sul, no ABC paulista, tinha doze infrações de trânsito, sendo sete delas por excesso de velocidade. A informação foi divulgada pela delegada responsável pela investigação, Kelly Sachetto, em entrevista à Record TV.
Segundo a Secretaria de Segurança Pública (SSP), ele foi indiciado por duplo homicídio doloso (com intenção de matar) e teve a prisão em flagrante convertida em preventiva após audiência de custódia nesta quinta-feira, 10. A suspeita é de que ele praticava "racha" no momento do atropelamento e, por isso, teria assumido o risco de matar. A defesa de Sampaio nega.
De acordo com os advogados de defesa, Thalita Beserra, Francisco Ferreira e Thaís Vianna, o caso "foi uma fatalidade". Eles alegam que as vítimas, Isabela e Isabelli, atravessaram a via quando o semáforo ainda estaria fechado para elas e que o estudante não as teria visto.
"Ele prestou socorro no mesmo momento, não se evadindo do local. E o teste para embriaguez deu negativo", completaram os defensores. Imagens mostram o seu carro em alta velocidade. Os corpos das vítimas foram lançados a 50 metros do local.
O motorista, que é estudante de Direito, foi encaminhado para o Centro de Detenção Provisória (CDP) de São Bernardo do Campo.
Brasil precisa condenar motoristas que correm e matam ao volante
O País não pode mais tolerar o excesso de velocidade que mata e mutila milhares no trânsito. Violento caso em São Paulo deve ser exemplo
Motorista estava em altíssima velocidade e a velocidade ao volante mata e mutila. Muito. Mesmo sem álcool ou fuga
O Brasil acompanhou - espero do fundo do meu coração que estarrecido - o violento atropelamento de duas jovens de 18 anos e amigas inseparáveis sobre a faixa de pedestres na Avenida Goiás, a principal avenida de São Caetano do Sul, no ABC Paulista (São Paulo). O condutor, segundo testemunhas e pelas evidências da forte colisão contra as vítimas - cujos corpos foram lançados a mais de 50 metros de distância -, estaria em alta velocidade e fugindo de um pega.
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Mesmo assim, a defesa do estudante de 26 anos se apressou em usar como argumento, entre outros, que as duas jovens estariam fazendo a travessia sobre a faixa de pedestres com o semáforo aberto para os veículos. Acredita?
Esse é o ponto que precisamos discutir aqui: a alta velocidade que o motorista desenvolvia numa via urbana - a principal de uma cidade, vale destacar -, repleta de pedestres, com o semáforo aberto ou fechado.
A velocidade era alta, muito alta, e as evidências já mostraram isso. Câmeras filmaram a força da colisão, reforçada pela destruição da parte dianteira do veículo. Os ferimentos nos corpos das duas jovens são outra prova bruta e indiscutível do abuso praticado pelo motorista e que é repetido todos os dias em muitas e muitas vias do País - urbanas ou não.
Essa é a discussão que precisa ser feita: o Brasil - leia-se as polícias e a Justiça brasileiras - não pode mais tolerar o excesso de velocidade que mata e mutila milhares no trânsito. São mais de 33 mil mortes e 500 mil mutilados por ano no trânsito do País - segundo dados oficiais e que têm subnotificação. E quase a totalidade dessas vítimas estava em cenários de velocidade.
Felizmente, avançamos um pouco na intolerância à imprudência ao volante quando a velocidade vem acompanhada do consumo de álcool e da fuga do condutor sem socorro às vítimas. Mas precisamos ir além. O excesso de velocidade é tão brutal quanto, mesmo quando o motorista não bebeu ou, depois de matar ou ferir, se desespera e decide ficar no local do sinistro de trânsito (não é mais acidente de trânsito que se define, segundo o CTB e a ABNT), o que é obrigatório pelo CTB (Código de Trânsito Brasileiro).
E foi isso que o motorista que atropelou as jovens fez. Não fugiu do local, é fato, e não estava alcoolizado - menos mal. A defesa, em seu papel, tem usado esses fatos para atenuar a responsabilidade do condutor, o que não está errado. Mas pouco importa: ele estava em altíssima velocidade e, como já destacamos, a velocidade ao volante mata e mutila. Muito. Mesmo sem álcool ou fuga.
Não é à toa que a OMS (Organização Mundial de Saúde) aponta que a velocidade é a principal causa de mortes no trânsito, respondendo por 50% dos óbitos. E recomenda, desde 2018, que a velocidade limite das vias urbanas seja de 50 Km/h.