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Abecip estima queda de 4% no volume de crédito imobiliário em 2025

Redução é menor do que a projetada no início deste ano, refletindo a concretização de projetos e recalibragem do orçamento do FGTS

Por Lucas Moraes Publicado em 29/07/2025 às 12:20

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Até o fim de 2025, o crédito imobiliário, considerando os recursos do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE) e o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), deve encolher 4%, representando um montante de R$ 302 bilhões, impulsionado principalmente pelos recursos do FGTS, vide a restrição do volume de crédito via Poupança. O recuo já era esperado pela Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip), refletindo também o ciclo de alta dos juros que, agora, começa a ser sentido no setor. 

"Esta redução não é decorrente de novas informações, é o que aconteceu de mudanças no início do ano e começa a refletir agora no crédito imobiliário. Foi algo que já vinha se ajustando essa curva. Em 2024 tínhamos um volume alto e, a partir de 2025, com a composição do funding, novas taxas de juros, acomodação no nível de produção e distribuição do crédito, agora começa a se equilibrar", diz o presidente da Abecip, Sandro Gamboa. 

Para os financiamentos com recursos da poupança, estima-se uma retração de 20%, em função das limitações desse funding e do cenário macroeconômico e de juros ainda desafiador. A expectativa é de que o volume contratado com recursos do SBPE fique em torno de R$ 150 bilhões, ainda assim entre os melhores resultados da história.

Em relação ao FGTS, a previsão é de contratações na ordem de R$ 152 bilhões ao longo de 2025, isso considerando a suplementação do orçamento do FGTS acrescido dos R$ 15 bilhões do Fundo Social do Pré-Sal, direcionados para o faixa 3 do Minha Casa, Minha Vida.

No primeiro semestre deste ano, o volume de financiamento imobiliário caiu 3%, indo para R$ 140,4 bilhões no total. Levando em conta apenas o volume de financiamentos com recursos das cadernetas de Poupança, o volume chegou a R$ 73,6 bilhões, montante 10,4% menor que o registrado no mesmo período do ano passado.

É justamente as restrições do uso dos recursos da Poupança que tem impactado o número negativo em relação à oferta de crédito, sobretudo para as empresas que buscam construir imóveis. “No início do ano, a gente entendia que o SBPE teria um volume médio de R$ 155 bilhões, com queda de 17%, e que o FGTS estaria estável. O que a gente tem visto hoje é que as duas linhas tiveram crescimento diferente, com avanço do FGTS", reforça Gamboa. 

A captação líquida da poupança SBPE ficou negativa em R$ 38,4 bilhões no acumulado de janeiro a junho desse ano. A manutenção de saques maiores que depósitos está relacionado, em parte, ao elevado patamar da Selic, que beneficia investimentos com rendimento atrelado ao CDI, em detrimento da remuneração da poupança.

Apesar dos saques frequentemente maiores que os depósitos nos últimos anos, seu efeito no saldo tem sido amortecido pelo crédito de rendimento. Com isso, o saldo da poupança SBPE finalizou junho em R$ 762,3 bilhões, número 0,03% inferior ao mesmo mês do ano passado.

LCI volta a crescer 

As Letras de Crédito Imobiliário (LCI) ganharam destaque na primeira metade de 2025. Após um período de retração no início de 2024, as emissões voltaram a crescer, impulsionadas pela necessidade de complementação dos recursos da poupança e pela redução gradual do prazo de carência, que caiu de 12 para nove meses e, posteriormente, para seis meses. Como resultado, as emissões de LCI cresceram 25% no semestre, embora ainda não tenham retomado os níveis registrados no fim de 2023, quando a carência era de apenas três meses.

 

 

 

 

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