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Taxa de juros elevada é principal entrave da construção civil, que ainda mantém expectativa de crescimento

Apesar da conjuntura econômica desafiadora, a CBIC mantém a previsão de crescimento de 2,3% para o setor, impulsionada pela faixa 4 do MCMV

Por JC Publicado em 07/05/2025 às 21:49

A taxa de juros elevada é a principal preocupação da construção civil para 2025, em um cenário em que os custos do setor voltaram a subir acima da inflação oficial do país. Os indicadores econômicos do desempenho no primeiro trimestre e as perspectivas para o restante do ano foram apresentados nesta quarta-feira (7) pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC).

Apesar da conjuntura econômica desafiadora, a CBIC mantém a previsão de crescimento de 2,3% para o setor, impulsionada especialmente pela ativação da faixa 4 do programa Minha Casa, Minha Vida, do governo federal.

“Os juros altos seguem sendo o principal problema do setor. Seguida pela carga tributária em segundo lugar e depois temos a mão de obra. E nós também registramos que o nosso custo voltou a crescer acima da inflação oficial do país”, afirmou a economista-chefe da CBIC, Ieda Vasconcelos.

CENÁRIO DE CAUTELA

Para o presidente da CBIC, Renato Correia, o cenário exige cautela. “O crescimento da taxa de juros é, realmente, uma preocupação. Esse é o inimigo número um da economia. Você tem uma pressão de custo de material, de mão de obra e de taxa de juros. E uma possibilidade da renda de quem compra não crescer daqui para frente. Então precisamos estar atentos e investir nas possibilidades de créditos disponíveis”, destacou.

Ieda também reforçou os impactos da taxa sobre o crédito. “O recuo na captação da poupança compromete uma das principais fontes de financiamento do crédito imobiliário. É essencial termos taxas de juros mais baixas para que esse público possa aumentar a sua demanda e o ritmo de lançamentos crescer.”

Nesse sentido, ela destacou a importância do lançamento da faixa 4 do Minha Casa, Minha Vida. “Esse é um sopro de esperança diante de um cenário tão desgastante com a taxa de juros num patamar tão alto”, avaliou.

A CBIC observou que o cenário de crédito em 2025 requer atenção. Embora a expectativa para a atividade do setor permaneça positiva, o acesso ao financiamento continua sendo um desafio, especialmente para as famílias de renda intermediária.

“Existe demanda e crédito. O FGTS vai aplicar R$ 127 bilhões e temos a extensão do faixa quatro do MCMV, que vai aplicar mais 30 bilhões, então parte do segmento vai estar abastecido”, explicou Renato. “Para imóveis acima de 500 mil, essa concessão de crédito vai ser um pouco mais seletiva porque você vai ter menos dinheiro de caderneta de poupança. Ou seja, deve ter menos oportunidade de compra, via crédito”, registrou Ieda

Os juros altos também contribuem para a saída de recursos da poupança — principal fonte de financiamento do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE). No primeiro trimestre de 2025, a captação líquida foi negativa em R$ 34,6 bilhões, superando a perda registrada em todo o ano de 2024 (R$ 21,7 bilhões). Desde 2021, a poupança já perdeu R$ 244,4 bilhões.

PROJEÇÃO DE CRESCIMENTO

 Mesmo diante do cenário de juros elevados, a CBIC manteve a projeção de crescimento de 2,3% para a construção civil em 2025. “Assim como projetado em dezembro de 2024, a CBIC aguarda crescimento de 2,3% para o setor. A expectativa mais positiva — gerada especialmente com a criação da faixa 4 — contribuiu para a manutenção dessa taxa. Espera-se que já nos últimos meses do ano o setor sinta os reflexos positivos dessa medida”, explicou Ieda Vasconcelos.

CUSTO DA CONSTRUÇÃO

Dois componentes principais puxaram o aumento do INCC. “O custo com mão de obra apresentou avanço expressivo de 9,96% nos últimos 12 meses finalizados em março de 2025, reflexo de negociações salariais e reajustes regionais. No mesmo período, o custo com materiais e equipamentos acumulou alta de 6,09%, o que pode estar refletindo aumentos nos custos de produção dos insumos”, explicou Ieda.

Ela também observou que “ambos registraram variações acima da inflação geral medida pelo IPCA, o que reforça o descompasso entre o avanço dos custos do setor e o comportamento dos preços na economia em geral”.

A economista-chefe da CBIC alertou que esses aumentos, combinados com a taxa de juros em patamar elevado, podem “pressionar os novos investimentos, com reflexos no mercado de trabalho, além de poder contribuir para o aumento do preço dos imóveis”.

 
 

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