O que leem jovens adultos
Em debate no Encontro da CBL, Maria Fernanda Rodrigues e Rafaella Machado falaram sobre tendências e o papel das editoras para formar leitores

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O que é preciso para atrair os olhares dos brasileiros para a leitura de livros? Num cenário desafiador diante de números gerais desestimulantes, o mercado editorial apresenta nichos de oportunidades. Como o segmento de jovens adultos, popularizado pela sigla YA, de Young Adults. Em debate na programação do 4º Encontro de Editores, Livreiros, Distribuidores e Gráficos, promovido pela Câmara Brasileira do Livro (CBL) no Guarujá (SP), de quarta, 20, a sexta, 22 na semana passada, a editora Rafaella Machado, da Galera Record, conversou com a editoria de cultura e colunista do jornal O Estado de São Paulo, Maria Fernanda Rodrigues.
Para Rafaella Machado, editora de um selo que tem 17 anos, os “jovens adultos” compõem um gênero literário, não necessariamente uma faixa etária – embora seja comum, depois de alguns anos, renovar a compreensão do que estão lendo os leitores que se encaixam no segmento: muitos passam a ler outro tipo de literatura, com o passar da idade. Maria Fernanda destacou que se trata de um grupo de leitores vorazes, que também são grandes consumidores, e por isso merecem atenção do mercado editorial. Um dos marcos da atenção diferenciada vem com a publicação das histórias de Harry Potter, best-seller mundial de J. K. Rowling.
Segundo Rafaella Machado, os principais temas que despertam as gerações mais novas, atualmente saindo da adolescência e entrando na vida adulta, dizem respeito à identidade e transformação, envolvendo questões de gênero, raça e classe social. O leque se expandiu, e uma editora não consegue demonstrar representatividade num livro só – daí a importância de um catálogo diversificado, capaz de abranger muitos temas. “O papel do editor mudou. Hoje somos uma ponte entre autores e leitores”, disse, ressaltando a mudança ocorrida com o advento das redes sociais, que fazem a editora entrar em contato direto com os leitores. Por isso, em sua visão, é essencial saber se comunicar com a base de fãs, no trabalho de novos livros.
A colunista Maria Fernanda Rodrigues destacou que os jovens adultos estão dando um novo fôlego ao livro físico, e pergunta sobre a responsabilidade da editora no fortalecimento das livrarias. “O público precisa do espaço físico, e a livraria é crucial para o negócio”, acredita Rafaella Machado.
Mais meninos leitores
Rafaella Machado chamou atenção para o desafio de fazer os meninos lerem mais. Em todas as pesquisas e na observação de feiras, lançamentos e clubes de leitura, são as meninas que leem mais. A publicação de livros para os jovens adultos também há de se voltar para o público masculino, descobrindo temas de interesse e abordagens que atraiam esse público.
Médica escritora
A médica Mariana Delgado de Sousa lança livro e toma posse na Sociedade Brasileira de Médicos Escritores - Regional PE, na segunda, 1º de setembro. “Crônicas Sobre a Morte e a Vida” reúne mais de 50 crônicas escritas ao longo dos 6 anos do curso de Medicina da Universidade de Pernambuco. “A riqueza do comportamento humano não pode ser subestimada, nem a frieza nas relações, muito menos numa profissão que exige mais do que nunca essa troca de sentimentos: a Medicina”, diz Mariana. A cerimônia de posse e a sessão de autógrafos serão na Academia Pernambucana de Letras, a partir das 9 da manhã.
Gramática social
A Academia Pernambucana de Letras (APL) será palco do debate “Transformando a gramática social”, nesta segunda, 25, com o professor de Filosofia Filipe Capello, e o presidente da APL, Lourival Holanda. A partir das 3 da tarde, na sede da entidade, no Recife.
Inferninho
Natasha Felix lança “Inferninho” nesta segunda, 25, na Livraria do Jardim, no Recife. A obra poética resgata a vivência da autora em Luanda, Angola. O evento, que terá performance e bate-papo, começa às 7 da noite, e contará com a participação de Luna Vitrolira.
Dicas de português
O Professor Noslen faz live gratuita no YouTube nesta quarta, 27, às 19h, com “Dicas de português para não pagar mico na vida”. Para acompanhar a palestra, é preciso se cadastrar no aplicativo da AYA Books. Durante a live, o livro digital “Português para não pagar mico” poderá ser baixado.
Apocalipse todo dia
A Casa Estação da Luz, em Olinda, recebe na sexta, 29, o lançamento do novo livro de contos de Ney Anderson. “Apocalipse todo dia” é publicado pela Patuá, com apresentação de Marcelino Freire. “Escrevo sobre as imperfeições que nos cercam. A literatura não existe para enfeitar. Ela escava. Questiona. Enfrenta”, defende Ney Anderson. O bate-papo com o autor, seguido de sessão de autógrafos, começa às 7 da noite.
Caderno do fim do mundo
O Teatro Lycio Neves, sede do Teatro Experimental de Arte (TEA) em Caruaru, será palco na sexta, 29, da oficina de escrita criativa de Cleyton Cabral, baseada no seu “Caderno do fim do mundo”, um “livro-diário que transforma em literatura as memórias, experiências e reflexões surgidas no isolamento” da pandemia de Covid-19. Além de Caruaru, a oficina percorre as cidades pernambucanas de Vitória de Santo Antão, Olinda e Triunfo. “Escrevi para não me esquecer do que fomos naquele tempo. E para lembrar que seguimos aqui, mesmo depois de tudo”, diz o autor.
Eterna fantasia
Publicado pela Dublinense, o novo romance de Danichi Hausen Mizoguchi será lançado em São Paulo, no sábado, 30. A obra do escritor gaúcho propõe “um olhar afiado sobre o Brasil contemporâneo ao destrinchar as desilusões e contradições do campo progressista do país em meio ao conturbado cenário político brasileiro”. No Sol y Sombra, a partir das 3 da tarde.
Tambor encantado
A Livraria da Travessa de Botafogo, no Rio de Janeiro, terá tarde de autógrafos para o livro de Luiz Rufino com ilustrações de Camilo Martins: “Tambor encantado dos Ibejis” conta “uma história da mitologia dos Ibejis - os gêmeos sincretizados com Cosme e Damião do catolicismo - como se fosse um presente ancestral embalado por doces, brincadeiras e fé”. A publicação é da Pallas. No sábado, 30, começando às 3 da tarde.
É o dito, bicho!
A editora Tigrito lança o infantil com texto de Cristina Ferreira e ilustrações de Rogério Neves. “É o dito, bicho!” coloca os animais desmentindo ditos populares. “Este é um livro primoroso para os pequenos e grandes leitores que amam os animais e que os desafia a descobrir o que há por trás de cada dito”, comenta o escritor César Obeid. Neste sábado, 30, haverá contação de história e sessão de autógrafos na livraria Miúda, em São Paulo.
Fotógrafas
A Cepe lança “Fotógrafas (Uma Ciranda no Recife)”, de Isabella Valle, no próximo domingo, 31, no Recife. O livro conta a história da fotografia no Recife, através dos olhares de quase 50 mulheres que atuam com a fotografia desde os anos 1970. Questões de gênero, vida pessoal, maternidade, sexualidade, solidão, preconceito, assédio, formação acadêmica, modos de produção e redes de solidariedade são temas que atravessam a obra. No Instituto Casa Astral, no Poço da Panela, a partir das 3 da tarde.
Alan Mendonça
O escritor, compositor e dramaturgo cearense esteve no Recife, na semana passada, para lançar o livro “Boi Mansinho e a Santa Cruz do Deserto”. A obra traz o texto original da peça homônima em cartaz em São Paulo, com montagem do Grupo Clariô de Teatro e que ganhou o Prêmio APCA, na categoria Dramaturgia, e o Prêmio Shell de Teatro, na categoria Música. Alan Mendonça escreve sobre a irmandade popular que ficou conhecida como a Comunidade do Caldeirão da Santa Cruz do Deserto. O escritor esteve na Livraria do Jardim e no Sindicato dos Bancários.
Sem felicidade
O médico nuclear cearense Maurício Mendes lançou no último sábado, 23, "O homem não foi feito para ser feliz", pela editora Mondru, durante a Festa Literária de Limoeiro do Norte (CE). Em sua estreia como escritor, Maurício Mendes apresenta um romance de “estrutura fragmentada e não linear, entrelaçando flashbacks e conduzindo a narrativa por meio de um narrador-personagem falho e contraditório”, segundo o próprio autor. O prefácio é de Santiago Nazarian, para quem “pautas tão em voga quanto emancipação feminina e racismo são tratadas de maneira original e mordaz”.