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Agronegócio vive crise que exportações bilionárias escondem e que apareceram no balanço do Banco do Brasil

Recuperações Judiciais entram no radar dos bancos e assustam pelo tamanho das dívidas de empresas do agronegócio junto aos bancos.

Por Fernando Castilho Publicado em 16/08/2025 às 0:05

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Na teleconferência com analistas de mercado, nesta sexta-feira (15), a presidente do Banco do Brasil, Tarciana Medeiros, revelou que a instituição tem na carteira do agronegócio do banco 808 clientes em recuperação judicial. Eles somam dívidas de R$5,4 bilhões. O número está no balanço semestral publicado, esta semana, e foi responsável pela queda das ações na B3, a despeito do lucro líquido ter alcançado R$3,8 bilhões.

Segundo Medeiros, a carteira do agro do BB tem 600 mil clientes com 20 mil inadimplentes. Segundo ela, 74% deles nunca tinham apresentado inadimplência com o banco até dezembro de 2023, primeiro ano do governo Lula e da administração dela, a primeira mulher a dirigir o maior banco do setor público.

Movimento estranho

O número surpreendeu os acionistas, mas não analistas de mercado que têm outras maneiras de ler os números do mercado. Eles já tinham detectado um movimento estranho nas varas cíveis brasileiras, especialmente as do Centro Oeste.

Em 2024, o Brasil registrou um recorde de pedidos de recuperação judicial, com 2.273 solicitações, segundo dados da Serasa Experian. Este número representa um aumento de 61,8% em comparação com 2023.

Dívida do agro

A tendência se mantém como um dado novo: as recuperações judiciais no agronegócio brasileiro alcançaram 389 solicitações apenas no primeiro trimestre deste ano.

Na conversa com analistas, ela reconheceu que o balanço do banco tem sido afetado desde o primeiro trimestre do ano pela grande inadimplência em sua carteira do agronegócio que exigirá mais provisões para créditos duvidosos no terceiro trimestre.

Risco de crédito

Ela não tem como fugir disso. No balanço de 2024, a expressão “risco de crédito” que está associada às provisões para perdas associadas ao negócio esteve presente 50 vezes. No balanço do segundo trimestre de 2025, subiu para 109 o que é um sinal que como o tema está presente nas reuniões da diretoria liderada por Tarciana Medeiros.

No balanço é lá que o banco explica sua metodologia para cálculo das perdas e a avaliação dos instrumentos financeiros com atraso inferior ou igual a 30 dias; os com atraso superior a 30 dias (indicativo de aumento significativo no risco) e os superiores a 90 dias - que é onde fica caracterizado que o cliente não honrará integralmente o instrumento financeiro.

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Safra de milho vai colocar o Brasil como maior exportador - Divulgação

Fato novo

O fato novo no balanço do BB é que essa categoria ganhou atenção por se tratarem de clientes do segmento de private banking e que são também produtores rurais que se alavancaram (fizeram dívidas para produzir) em 2021 e 2022.

Desde 2020 que a lei autoriza que pessoas físicas com personalidade parecida com pessoas jurídicas possam utilizar o instrumento da recuperação judicial para renegociar suas dívidas de modo a não perder as propriedades dadas em garantia.

Carteira rural

Mas para Tarciana Medeiros, o preocupante é que na carteira rural do BB estão clientes na recuperação judicial em que, de fato, só tem esse caminho. Mas também parcela significativa das recuperações judiciais que são fruto de má orientação e consultoria.

Ainda segundo ela, o banco percebeu (até pelo nível de sofisticação dos documentos) que haviam consultorias orientando para que produtores, incluindo os menores, entrassem em RJ até antes de conversarem como o BB.

Novos escândalos

Pedir recuperação judicial é uma coisa normal em tempos de crise. E, salvo escândalos, como o do caso das Lojas Americanas, eles acontecem com os bancos sabendo que isso será inevitável e até se prevenindo.

O fato novo é que, em 2024, um total de 423 empresas do setor primário entrou com pedidos de recuperação judicial. Em 2022 foram apenas 70. Além disso, ao menos, 1.676 micro e pequenas empresas pediram RJ contra 181 de grandes empresas. Surpreende porque normalmente as pequenas e micro empresas fecham antes de enfrentar uma RJ.

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Tarciana Medeiros, presidente do BB. - Divulgação

Rural no Serasa

O fato de em 2024, mais de 400 empresas rurais entrarem nas estatísticas do Serasa (e no balanço do BB) é preocupante. Porque revela que a chamada exuberância do agro não é tão sólida como se pensa e ainda não está no radar do governo.

A presidente do BB afirma que a instituição, com 50% do mercado de agronegócio do Brasil, é a principal do segmento e vai continuar sendo, pois essa é uma característica que não têm paralelo no mundo.

Banco amigo

Não tem mesmo. No passado, o banco sempre foi uma espécie de porto seguro para o setor rural por nunca protestar os títulos, carregar um grande volume de provisões para devedores duvidosos no balanço e ser acusado que fazer isso para o setor sucroalcooleiro do Nordeste e dos produtores rurais de São Paulo e Minas que sempre encontravam uma forma política de refinanciar as dívidas.

O que chama atenção é que, agora, 52% estão nas regiões centro-oeste e sul do País e alavancados (com dívida) em soja, milho e bovinocultura. Exatamente o setor que mais exporta, em dólar e tem os melhores índices de performance de produtividade no mundo.

Excesso de confiança

A explicação pode estar no excesso de confiança pelos preços deste produtos no mercado internacional, nas vendas para a China que leva os produtores a aceitarem as ofertas anteciparem suas safras.

Segundo a consultoria Safras & Mercado, a comercialização antecipada de soja do Brasil da safra 2024/25 foi estimada em 31,2% do total projetado para a colheita que seria iniciada em janeiro do ano passado. A venda antecipada da safra, também conhecida como comercialização futura, é muito boa. Mas agricultura é atividade de risco e basta uma instabilidade climática onde chuvas fortes e ventos indicam mudanças no padrão climático para afetar o desenvolvimento da safra.

Grandes fazendas

O que assusta no balanço do BB é que o número de RJ indica que grandes empresas donas de fazendas terão um longo inverno a percorrer.

O fato de apenas no BB, o número de ações de recuperação judicial está concentrada no segmento de private banking com produtores rurais que se alavancaram revela um quadro preocupante.

Receita em dólar 

Por que esse é o segmento de melhor desempenho na economia brasileira. É o que mais demanda crédito para a produção, embora seja o que mais entrega. E é o que está investindo mais em máquinas e tecnologia da informação para ser embarcado na soja, milho, algodão e carnes.

Então se o quadro do BB estiver espalhado pelos demais bancos, isso preocupa muito. Até porque o setor do agro tem como padrão só mostrar o sucesso das colheitas.

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Dragagem com Backhoe - Divulgação

Dragagem de Suape

Estão a caminho de Pernambuco, as duas dragas do consórcio Van Oord/Jan De Nul. A Backhoe (mais duas embarcações de apoio) e a Hopper que conta com tecnologia para rastreamento via satélite. Elas foram contratadas pelo vencedor da licitação para a dragagem do porto interno do Porto de Suape. As duas terão cronograma de intervenções previsto para até o final do ano. A governadora Raquel Lyra quer fazer a solenidade de início da dragagem ainda este mês.

O prazo para conclusão da dragagem do canal, que será aprofundado para 16,2 metros, é de seis meses, prevendo a remoção de 3,8 milhões de metros cúbicos de sedimentos. O mesmo contrato contempla a dragagem e a manutenção da bacia de evolução e dos Píeres de Granéis Líquidos (PGLs) 3A e 3B, para aprofundamento até 18,5 metros.

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Governo federal irá ajudar no processo de dragagem de Suape - DIGITAL IMAGE

R$ 220 milhões

O serviço vai custar R$199.722.311,71, sendo R$100 milhões do Ministério de Portos e Aeroportos, no Programa de Aceleração Econômica (PAC3) e R$99.722.311,7 de recursos próprios do governo de Pernambuco. A obra está dividida em duas etapas, que contemplam áreas diferentes.

Com a intervenção, Suape vai ter o maior calado operacional para navios de contêineres entre os portos públicos brasileiros e o segundo maior calado operacional do país para granéis líquidos.

Clube de Permuta

O Recife terá uma unidade do Clube de Permuta, maior rede de permuta multilateral da América Latina. A inauguração reuniu aproximadamente 230 empresários para apresentar o conceito da plataforma e promover conexões estratégicas.

Liderada pelos empresários Alexandre Barbosa, Claudio Piomonte, Daniel Pessoa, Gilberto Freyre Neto, Herbert Diniz, Isaias Carneiro Neto e Valdênio Rodrigues a unidade prevê movimentação no estado com influência regional.

Loja em Lisboa

Atualmente, o Clube de Permuta está presente em cidades como Belo Horizonte, Brasília, Campinas, Goiânia, Natal e Porto Alegre. Em 2025, iniciou sua operação internacional com a abertura de uma unidade em Lisboa, Portugal, e já tem planos para chegar à Colômbia.

Fernando Castilho
A empresa AC Demolidora, a Prefeitura do Recife pagou.425.600,23 para a demolição de 85 casas e limpeza de cinco quarteirões na Avenida Vinte de Janeiro em Boa Viagem. - Fernando Castilho

Habitacional da PCR

A prefeitura do Recife informa que além dos R$2,5 milhões gastos para a limpeza das cinco quadras onde serão feitos dois habitacionais dentro das modalidades FAR e Entidades do programa Minha Casa, Minha Vida.

A limpeza do terreno contemplou a compensação ambiental, o bairro ganhará 38 indivíduos arbóreos de grande porte, 112 de médio e 118 de pequeno porte, totalizando 268 unidades. Com investimento total na faixa de R$90 milhões, incluindo contrapartida municipal na faixa de R$1 milhão, os habitacionais Vila Aeronáutica I e II terão juntos 528 apartamentos.

Moda pernambucana

De 6 a 10 de setembro, no Recife Expo Center tem o projeto Trama Moda Pernambuco liderado pelo empresário Arnaldo Xavier com o propósito de fortalecer o Estado de Pernambuco como um dos grandes pólos de moda têxtil do Brasil, assim como ampliar as oportunidades de negócios com a entrada de novos clientes.

O encontro vai reunir empresários do setor têxtil e de confecções varejistas e atacadistas do Brasil, além de formadores de opinião e da comunidade acadêmica. Tudo através de um ambiente inovador, criativo onde a moda se encontra com a gastronomia, música e artes.

Fast Tennis

A rede Fast Tennis, especializada em academias de tênis com proposta inovadora e experiência diferenciada, inaugura amanhã, nesta sábado (16) sua primeira unidade no Nordeste no Recife. Ela tem operações ativas e mais de 50 em implantação, avançando também para Natal (RN) e Fortaleza (CE) ainda em 2025.

A proposta é replicar o modelo de academias de tênis personalizadas e integradas a espaços de convivência, reforçando o conceito do esporte aliado à socialização, saúde e bem-estar. Fica na Rua Copacabana, 279 - Boa Viagem.

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A Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) chamou a MP de "equívoco" ao reformar, sem diálogo prévio com o setor produtivo - DIVULGAÇÃO

Indústria 4.0

Nesta quinta-feira (21) na sede do Porto Digital tem o lançamento do Programa de Empreendedorismo Industrial (PEI) em parceria com o Senai-PE, com o objetivo de gerar oportunidades de negócios para o ecossistema de inovação de Pernambuco.

A iniciativa poderá receber empreendedores e startups do ecossistema de inovação que tenham interesse em desenvolver soluções voltadas para a Manufatura Avançada (indústria 4.0). A expectativa é que o programa movimente aproximadamente R$10 milhões no primeiro ano de operação, por meio de recursos provenientes de editais e chamadas públicas voltadas à inovação para a indústria.

 

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Lucena Plaza da Moura Dubeux. - Divulgação

Moura Dubeux

A Moura Dubeux realizou no primeiro semestre lançamentos com Valor Geral de Venda líquido de R$ 2,3 bilhões um aumento de 130,2% em relação aos R$ 984 milhões registrados em 2024

Ela destacou dois projetos marcaram a trajetória da empresa: Lucena Plaza, que inaugura o desenvolvimento imobiliário do Novo Cais no Recife o maior projeto imobiliário em andamento no Nordeste e o Mansão Seara, empreendimento icônico na orla de Fortaleza concebido em parceria com o Studio Arthur Casas, que redefine o conceito de alto padrão da capital cearense.

O landbank também avançou. A Companhia encerrou o segundo trimestre com 53 terrenos, somando R$9,5 bilhões em VGV Bruto potencial.

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