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Lula se encanta com possibilidade de ser parceiro da China que só deseja vender produtos para o maior mercado da América Latina

Alinhamento de Lula com China e Rússia põe em risco 200 anos de negócios construídos com Estado Unidos apesar de Trump ter apenas um mandato.

Por Fernando Castilho Publicado em 10/08/2025 às 0:05

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Numa viagem a Porto Velho (RO), a ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, disse nesta sexta-feira (8) que os Estado Unidos “não podem se enganar”, porque “o maior parceiro comercial do Brasil é a China”.

Não é não, ministra. O maior parceiro comercial do Brasil ainda são os Estados Unidos. E, a menos que a ministra tenha feito o comentário para agradar o presidente que, de fato, pensa assim convencido pelo seu assessor de assuntos internacionais, Celso Amorim, ela está desconhecendo dados históricos, perspectivas de negócios no futuro e trabalhando seu pensamento apenas com base nas posições do governo Trump.

Parceiro novo

Tebet desconsidera o perfil da relação comercial Brasil e Estados Unidos construído em 200 anos de trocas comerciais. E o que o Brasil compra e vende aos Estados Unidos, seu nível de investimentos feitos no Brasil por empresas americanas e de empresas brasileiras feitas nos Estados Unidos e todo o volume de integração acadêmica que o Brasil tem com os Estados Unidos.

Especialmente mestrados, doutorados e pós-doutorados que brasileiros fizeram nos últimos 100 anos cujo conteúdo de valor está a bilhões de dólares do que nesses mesmos indicadores com a China.

Poucos produtos

Afirmar o que afirmou com base nos números de 2009 e 2024 quando, de fato, a corrente de comércio passou a ser a maior no Brasil é ancorar seu pensamento apenas nas vendas de soja, minério de ferro, petróleo bruto, carne (bovina, de frango e suína) e celulose.

E desconhecer o que compramos da China e como essas vendas vêm sendo feitas em favor de nossas empresas. Uma consulta aos empresários brasileiros vai ver que não é bem assim.

Ricardo Stuckert / PR
Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, e o primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, - Ricardo Stuckert / PR

Fornecedor militar

É desconhecer que são os Estados Unidos quem nos fornece 70% do que compramos em termos de material bélico, embora desde o começo do século, estejamos diversificados e já tenhamos conseguido mudar 30% de nossos fornecedores de produtos que hoje estão em instalações militares do Exército,

Marinha e Aeronáutica.

Isso não quer dizer que a China não tenha se constituído um parceiro importante. Mas se se quiser saber o que pensam os empresários brasileiros talvez fosse interessante ouvir os que tentaram operações mais robustas na China. Inclusive, dos que estão na lista dos cinco maiores produtos que vendemos.

Formação acadêmica

O problema da avaliação de Simone Tabet e que ela segue o mesmo caminho de boa parte da esquerda brasileira que se forma nas universidades americanas, mas que esquece de observar como em 200 anos empresas brasileiras (em 2024 forma exatas 10.945 segundo a MDIC) passaram a exportar para os Estados Unidos, E os ganhos de mercado que isso lhe deu noutros países.

E reduzir isso ao que os chineses compram através de apenas 140 empresas brasileiras e relacionar tudo isso ao posicionamento do governo Trump. Esta semana a China habilitou 140 empresas ( a maioria grandes empresas) para vender café no país.

Governos passam

Governos, assim o que ela faz parte, passam e relações empresariais seguem. É verdade, uma taxação de 50% é um inferno. Mas não podemos achar que em função disso devemos nos abraçar com a China sem avaliar o que eles desejam, expressam e praticam no comércio bilateral. E o seu histórico recente com outros países. Inclusive na vizinha Ásia.

É importante que se coloque que a posição do governo brasileiro em relação ao governo americano é política, assim como a do atual governo americano em relação ao Brasil.

Parceiro a estudar

Mas isso não o obriga a eleger a China como nosso grande parceiro porque, apesar de tudo que estamos vendo desde 20 de janeiro. O grande parceiro da China são os Estados Unidos.

É importante recorrer à história e lembrar que a nova economia da China começou em 1979 quando Jimmy Carter e Deng Xiaoping assinaram os primeiros acordos para transferência de fábricas para os Estados Unidos a partir de quando a China começou seu novo ciclo de desenvolvimento.

Ricardo Stuckert
Na foto (à esquerda), o Ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro. - Ricardo Stuckert

Deng e Xi Jinping

Isso quer dizer 45 anos. Mas foi tempo suficiente para com Deng e Xi Jinping, em 2012, a China se industrializar, virar um grande exportador e importador voraz de matéria prima visando ser a manufatura do mundo. E ocupando a lacuna que os próprios Estados Unidos lhe abriram.

As relações do Brasil com a China de hoje nascem de verdade com a constituição dos BRICs em 2011. Mas basta olhar a quantidade e o nível de negócios do Brasil na China para ver que os dois países ainda experimentam as relações iniciais de compra e venda apesar dos volumes exponenciais.

Corrente de comércio

Isso é natural e até normal numa corrente de comércio que se tornou definitiva há 15 anos. Mas - exatamente por isso - é que não dá para achar que os acenos do governo chines em função dos ataques irracionais de Donald Trump devemos ancorar o nosso futuro com a China.

O que não são importantes ações como a de ter em Pequim representações militares a nível de generalato como teremos em 2026, o que hoje só temos em Washington.

Perspectiva de futuro

Politicamente é estratégico não perder a perspectiva de futuro em função das preferências pessoais do presidente Lula e do assessor Celso Amorim. O Brasil, de fato, sofreu um ataque sem precedentes do governo americano. E Lula não tem outra opção senão reagir. E o seu papel é correto.


Isso não quer dizer que a partir daí o Brasil adote rapidamente práticas de integração e aproximação sem demarcar exatamente linhas sempre percorridas.

Ricardo Stuckert
Lula da Silva, posa para Fotografia de família dos Chefes de Estado e de Governo dos países-membros do BRICS - Ricardo Stuckert

Compromisso BRICS

Os BRICs, cuja moeda de nova referência que Lula defende - e por isso já paga caro - tem apoio formal de Xi Jinping, Narendra Modi, Vladimir Putin e Cyril Ramaphosa, da África do Sul.

E o que o Brasil ganhou em termos de cooperação técnica e transferência de tecnologia quando se avalia as empresas que se instalaram na China? Ou como as gigantes chinesas se instalaram aqui comparadas às empresas americanas e brasileiras aqui e lá?

Pouco tempo

Apostar o passado de apenas 25 anos de nossas novas relações com a China, esquecendo o que temos com os americanos em 200 anos é confiar seu destino numa paixão virtual desenvolvida numa plataforma de relacionamento sem um encontro presencial e efetivo.

Pode dar certo. Mas pode ser uma atividade de altíssimo risco. E Trump, assim como Lula, não será eterno.

Artur Borba / JC Imagem
Vídeocast Cena Política com Daniel Coelho - Artur Borba / JC Imagem
 

O reciclável como negócio.

O governo do Estado está tentando uma nova abordagem para a questão da reciclagem junto às ações da secretarias de Meio Ambiente e Desenvolvimento Econômico através da Adepe. O foco é ter ações em nível estadual que caminhem para direcionar o reciclável para o mercado que está sem matéria prima em cadeias como a do PET cuja capacidade instalada é maior que a capacidade de absorção pelas entidades de catadores.

Hoje as cadeias de vidro (com a obrigatoriedade de as cervejarias terem sistemas de reversão do vidro) e alumínio estão organizadas. Mas o PET ainda tem problemas. A proposta é oferecer financiamento para construção de instalações para recicláveis. E usar o ICMS ambiental como atração das prefeituras já que a finalidade de construção de aterros sanitários foi atingida depois que Pernambuco se tornou um estado sem lixões.

Segundo o secretário Daniel Coleho, o problema é que sem uma atração econômica rentável no interior não é raro que o lixo seja separado e depois vai todo para o aterro sanitário junto com o lixo orgânico.

Efeito Trump

Pela primeira vez em 30 meses ( exatamente o período do governo Lula III), os empresários da indústria se revelaram pessimistas com o futuro. Em julho, o Índice de Expectativas ficou em 49,7 pontos segundo a CNI. A última vez que o indicador ficou abaixo de 50 pontos foi em janeiro de 2023 ( no mês da posse do presidente) quando chegou a 48,8 pontos.

Sem energia solar

Não era um programa do governo Lula, mas o governo do Estados Unidos tinha um programa chamado Solara Para Todos, criado em 2020 por Joe Biden quando promulgou uma lei que destinava US$ 7 bilhões destinado a construir sistemas de energia solar em comunidade de baixa renda juntando 60 entidades sociais e meta de 900 mil Nesta quinta-feira (7)ele deixou de existir por decreto de Donald Trump que extinguiu o programa.

Foto: Vitor Vasconcelos
Volta de brasileros dos Estados Unidos no final de 2024. - Foto: Vitor Vasconcelos


Expulsos via Confins

Sem que o governo brasileiros tenha dado publicidade os Estados Unidos voltaram a enviar deportados brasileiros para Minas Gerais com os procedimentos militares americanos que incluem correntes nos pés dos deportados e maus tratos.

No começo de julho eles saíram da base de Alexandria na Geórgia num C-17 Globemaster III. A FAB revelou a indisponibilidade dos KC-390 para recebê-los em Fortaleza e daí para Confiança que coincide com as informações de falta de cotas de combustível.

Divulgação
Nova fragata da Marinha do Brasil que tem o nome de Jeronimo de Albuquerque. - Divulgação

Fragata de Alckmin

O vice-presidente Geraldo Alckmin deixou as conversas sobre o tarifaço de Trump nesta sexta-feira (8) ao lado do ministro da Defesa José Múcio, foi a Itajaí (SC) participa com o comandante da Marinha Almirante de Esquadra, Marcos Olsen do batismo da nova fragata da Marinha do Brasil que tem o nome de Jerônimo de Albuquerque. É a segunda unidade da Classe Tamandaré usada no patrulhamento e ações contra pirataria, contrabando, poluição pesca ilegal.

Povo de Caruaru

Foi uma festa dos caruaruenses a comunicação do Governo de Pernambuco, por meio da Secretaria de Mobilidade e Infraestrutura (Semopi), do lançamento do edital de licitação para requalificação do Aeroporto Oscar Laranjeira, em Caruaru, no Agreste Central. A licitação traz a previsão de R$138 milhões investidos nas obras do aeroporto.

Estavam na pista do aeródromo a governadora Raquel Lyra, o secretário de Mobilidade e Infraestrutura, André Teixeira Filho e o prefeito de Caruaru Rodrigo Pinheiro. Além dos recifenses Priscila Krause (vice-governadora) e do ministro dos Porto e Aeroportos, Silvio Costa Filho, que não perderia por nada essa foto.

Bruno Costa.
Anuncio de lançamento do edital do novo aeroporto de Caruar. - Bruno Costa.

Furto de água

O nível de roubo de água nas adutoras da Compesa fez a cidade de Jataúba ficar sem água. Uma investigação nos cinco quilômetros da adutora de água tratada entre Poço Fundo e a estação elevatória. A fiscalização identificou e removeu oito sangrias clandestinas e 22 ligações irregulares.

Uma das situações mais alarmantes encontradas foi a construção de uma cisterna de grande porte com ligação irregular, acompanhada de uma piscina. Tinha gente furtando água tratada para fazer irrigação.

Nas duas pontas

O setor elétrico a cada dia fica mais estranho. A Cemig que era uma companhia geradora de energia para o mercado cativo agora se transformou na primeira comercializadora do Brasil a superar a marca de 2.500 clientes no Mercado Livre de Energia varejista, segundo dados CCEE com um volume de energia entregue de 183,2 megawatts médios (MWm).

No Mercado Livre de Energia, os consumidores têm a liberdade de negociar diretamente a compra de energia com as comercializadoras, garantindo mais autonomia e economia. Era para ser um negócio de terceiros atuando fora do mercado regulado, mas virou o melhor negócio das empresas geradoras e distribuidoras.

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