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Estados Unidos já cobram 80% de taxas de açúcar brasileiro, mas tarifa adicional de 50% de Trump inviabiliza mercado em definitivo

Em 2024, o Brasil embarcou quase 10 milhões de toneladas em produtos agropecuários com destaque para carnes, sucos e café e até produtos florestais.

Por Fernando Castilho Publicado em 12/07/2025 às 0:05

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Quem não é do setor, certamente nunca ouviu falar que os Estados Unidos cobram uma tarifa de 80% sobre o açúcar brasileiro. Mas é verdade. Embora o mesmo país conceda anualmente alíquota zero para uma cota de aproximadamente 146,6 mil toneladas de açúcar em bruto que é exportada para aquele país.

O açúcar é certamente um dos produtos que o Brasil, especialmente o Nordeste brasileiro, exporta para os americanos há mais tempo. Mais de 150 anos, pelo menos. Mas é também um dos que mais negociações envolveram os dois países. Primeiro, pela altíssima competitividade do açúcar de cana sobre o de beterraba americano. Depois porque o Brasil assim como no café sempre foi um gigante nessa commodity.

Volume baixo

Para ser uma ideia, a conta americana representa um volume extremamente baixo e que não corresponde à participação do Brasil na produção e exportação mundial, respectivamente de 44 milhões de toneladas e 34,5 milhões de toneladas, na safra 24/25.

Até mesmo para a região Norte-Nordeste esse volume é extremamente baixo, tendo em vista a produção e a exportação regional, estimada em 3,8 milhões de toneladas e 2,6 milhões de toneladas em 24/25.

Álcool de milho

Mas como os Estados Unidos também fabrica etanol de milho, os Estado Unidos também pressionam para vender o produto aqui.

Naturalmente, o governo brasileiro tem respondido reiteradamente às iniciativas do governo norte-americano pleiteando a isenção da tarifa aplicada pelo Brasil às importações de etanol de países fora do Mercosul (tarifa extra-quota) de 18%, que estaria disposto a discutir uma redução ou isenção se houver uma redução recíproca da tarifa de importação sobre o açúcar nos EUA, que pode chegar a 80% sobre o valor exportado.

Os americanos,por sua vez, não querem aumentar as contas e muito menos liberar a importação de açúcar brasileiro sem taxa.

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Brasil tenta exportar mais etanol de milho para os Estaod Unidos. - Divulgação

Nova taxação

Entretanto, a fixação de uma taxa de 50% trás um cenário novo embora, ao menos nesse produto o impacto não seja muito grande. Um estudo da principal consultoria brasileira de açúcar e etanol, a Datagro, liderada pelo especialista em energia Plínio Nastari diz que enquanto os setores de açúcar e etanol tendem a ser relativamente pouco afetados, a medida de Trump deve impactar de forma mais intensa as exportações brasileiras de aço, alumínio e carnes.

De qualquer maneira, segundo a Datagro, uma tarifa adicional de 50% anunciada por Trump nesta quarta-feira (9), implica um custo adicional anual para as exportações de açúcar realizadas através da cota tarifária norte-americana, de cerca de 27,9 milhões de dólares (150 mil t x US$ 371/t x 50%).

Exportar etanol

Para as exportações de etanol do Brasil aos Estados Unidos, considerando que em 2024 o Brasil exportou 309,72 milhões de litros, ao preço médio de US$ 0,587 por litro, a tarifa adicional de 50% representa um custo adicional anual estimado de 90,9 milhões de dólares (309,72 milhões de litros x US$ 0,587/l x 50%).

Curiosamente, Brasil e Estados Unidos vem negociando muito sobre açúcar e etanol. Por exemplo: até 31 de agosto de 2017, a alíquota do imposto de importação aplicada pelo Brasil foi de 20%. Entre 1º de setembro de 2017 e 31 de agosto de 2019, o imposto foi alterado para zero para um volume limitado a 150 milhões de litros por trimestre.

Para volumes importados acima deste limite, o imposto permaneceu em 20%. O regime de isenção limitado a volumes trimestrais foi encerrado em 1º de setembro de 2019.

Imposto zero

Em 23 de março de 2022 e até 31 de janeiro de 2023, o imposto de importação foi zerado para qualquer volume importado pelo Brasil a partir de países fora do Mercosul. E nesse período, o valor das importações de etanol dos EUA pelo Brasil foi de 82,98 milhões de dólares, para um volume de 117,42 milhões de litros (média mensal de 11,7 milhões de litros e 8,3 milhões de dólares). Nada de excepcional.

Entre 1º de fevereiro de 2023 e 31 de dezembro de 2023, o imposto de importação passou a ser de 16%, e a partir de 1º de janeiro de 2024 passou a ser de 18%. Entre fevereiro de 2023 e junho de 2025, foi importado um total 205,14 milhões de litros vindos dos EUA, por um valor de 97,82 milhões de dólares (média mensal de 7,07 milhões de litros e 3,37 milhões de dólares). Também é muito especial.

Terceiro parceiro

Os Estados Unidos são o terceiro maior destino das exportações do agronegócio do Brasil. Em 2024, o Brasil exportou US$164,30 bilhões em produtos agropecuários, sendo a China o principal destino, ao absorver 30,2% desse total, seguida pela União Europeia (14,1%) e pelos EUA (7,4%). Mas o segmento de açúcar e etanol (6,6%) figurou em quinto lugar no ranking de produtos agropecuários brasileiros exportados para os EUA.

Mas o Brasil também embarcou quase 10 milhões (9,39 milhões) de toneladas em produtos agropecuários para os Estados Unidos no ano passado, aumentando 8,1% em um ano. E essa exportações para o mercado norte-americano cresceram 23,0% para um recorde de US$ 12,08 bilhões, com produtos florestais (30,8%), café (17,2%) carnes (11,7%) e sucos (9,9%) entre os principais itens embarcados pelo Brasil para os Estados Unidos.

Portanto, se o Brasil tiver que começar a conversar com as autoridades americanas será primeiramente em relação aos produtos agropecuários

 

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Madeira Certificada Paraná ter[a dificulades de exportação paras ops EUA com maior taxação. - Divulgação

 

Pinus do Paraná sofre com taxação

Um dos maiores exportadores de madeira para os Estados Unidos, especialmente de compensado, madeira serrada e molduras de pinus, fundamentais para a construção civil norte-americana, o Paraná será um dos mais atingidos com a taxação de 50%.

Em 2025, os estados do Sul (Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul) exportaram juntos US$1,37 bilhão em produtos de madeira para os EUA, 86,5% do total exportado pelo Brasil nesse setor.

Efeito no Caixa

O CEO da Global, uma recuperadora de crédito B2B do Brasil, Silvano Boing, esclarece o impacto no dia-a-dia de uma tarifa em patamar tão alto como a colocada pelo governo americano.
Ele afirma que compromete seriamente a receita e o fluxo de caixa das exportadoras brasileiras. E gera um choque direto no capital de giro das empresas que precisam escolher entre reduzir preços e perder margem ou sair do mercado americano.

Além disso, provoca um efeito em cadeia: empresas fornecedoras de insumos, transportadoras e serviços logísticos enfrentam atraso nos recebimentos, com forte pressão sobre o caixa operacional que pode comprometer suas margens ou interromper as exportações para os EUA.

Efeito demonstração

O acordo do Mercosul e a Associação Europeia de Livre Comércio (EFTA) — bloco formado por Suíça, Noruega, Islândia e Liechtenstein é visto pelo Brasil, integrante do bloco sul-americano, avança para mais inserção internacional como fundamental no processo de abertura comercial, uma demanda antiga da instituição visando a União Européia.

Tomando como base o ano de 2023, o acordo Mercosul–EFTA deverá gerar, até 2044, um impacto positivo de R$2,69 bilhões ao PIB brasileiro. Com ele, a relação comercial com EFTA ganhará força, embora o valor exportado ainda seja considerado modesto. Mas há potencial de crescimento nas vendas de itens como madeira, celulose, pedras ornamentais e produtos semi-acabados de ferro e aço.

Simpepe alerta

O presidente do Simpepe, André Zarzar, está atento aos impactos que a nova tarifa de Trump sobre as exportações de produtos brasileiros pode acarretar para a indústria do setor de material plástico em Pernambuco. Juntamente com a Abiplast e a Fiepe, o sindicato está monitorando como essas medidas vão repercutir sobre a cadeia produtiva do plástico.

Divulgção
Corretor de imóveis tem direito à comissão integral sobre a totalidade da área negociada, mesmo não tendo participado da fase final do negócio - Divulgção

Corretor de imóveis

A Terceira Turma do STJ do Superior Tribunal de Justiça decidiu que o corretor de imóveis tem direito à comissão integral sobre a totalidade da área negociada, mesmo não tendo participado da fase final do negócio. O caso, julgado no Recurso Especial 2.165.921, envolveu uma corretora que apresentou um terreno a uma compradora e posteriormente, a negociação foi concluída com a aquisição de uma área maior, sem a participação da corretora inicial.

Publicidade tradicional

O levantamento “Influencer Trust Index”, realizado pelo BBB National Programs aponta que, apesar do marketing de influência ser uma das estratégias mais utilizadas pelas marcas nos Estados Unidos, 87% dos consumidores expressam confiança em anúncios veiculados em canais tradicionais de mídia - como TV, rádio e revistas e apenas 74% confiam nas recomendações feitas por influenciadores. E 26% dos consumidores simplesmente não confiam em influenciadores.

A pesquisa revela ainda que, para 71% dos consumidores, transparência e honestidade sobre a associação à marca são os fatores mais cruciais para estabelecer confiança. E que 80% dos respondentes perderam a confiança quando percebem que influenciadores não são genuínos, honestos ou transparentes.

SBPC Recife

Neste domingo (13) até o dia 19 o Recife sedia a 77ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), maior evento de popularização científica da América Latina. A Prefeitura do Recife marca presença como patrocinadora oficial da edição destacando marcos institucionais da cidade - como a criação da Faculdade de Direito do Recife, do ITEP, do Porto Digital e do CESAR - e entende como o Recife se consolidou como um dos principais ecossistemas de inovação do país.

Pernambucano

O pernambucano Lucas Mota de Lima é o novo presidente da Associação Brasileira dos Produtores Independentes de Petróleo e Gás Natural (ABPIP). Assumiu com a missão de fortalecer a atuação das empresas independentes no setor de óleo e gás — responsáveis por manter a produção em campos maduros e marginais, especialmente em regiões do interior do país.

Porto de Galinhas

O destino pernambucano Porto de Galinhas foi reconhecido como um dos três destinos com melhor desempenho da hotelaria nacional no 1º semestre de 2025, segundo levantamento da plataforma Omnibees.

A plataforma analisou o desempenho de diversas cidades brasileiras a partir de quatro indicadores exclusivamente fundamentais: reservas, room nights (diárias ocupadas), diária média (ADR) e GMV (volume bruto de vendas).

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A Afya Faculdade de Ciências Médicas de Garanhuns inaugura nesta terça-feira (15), sua nova Clínica Acadêmica. - Divulgação

Investir no Agreste

A Afya Faculdade de Ciências Médicas de Garanhuns, escola que integra o maior hub de educação e tecnologia para a prática médica no Brasil, reúne 38 Instituições de Ensino Superior em todas as regiões do país e inaugura nesta terça-feira (15), sua nova Clínica Acadêmica.

A estrutura iniciará realizando 300 atendimentos por semana, mas tem capacidade para 900, dependendo da demanda, em especialidades como cardiologia, geriatria, hematologia, mastologia, otorrinolaringologia, reumatologia e pequenos procedimentos cirúrgicos. Ao todo, serão 27 médicos e 221 estudantes atuando diretamente no atendimento à população.

Parcelamento 2025

A partir desta segunda (14) e até o próximo dia 26, o Shopping Boa Vista recebe ação do Programa de Parcelamento Incentivado (PPI) 2025 que tem como objetivo oferecer atendimento presencial à população para facilitar a negociação de débitos tributários com condições especiais, bem como ampliar o acesso dos contribuintes especialmente aqueles com pouca familiaridade com canais digitais.

Em 2024, mais de R$9,7 milhões foram negociados nos estandes, sendo o Shopping Boa Vista um dos destaques, com mais de R$3,7 milhões em acordos firmados.

 

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