Estados Unidos já cobram 80% de taxas de açúcar brasileiro, mas tarifa adicional de 50% de Trump inviabiliza mercado em definitivo
Em 2024, o Brasil embarcou quase 10 milhões de toneladas em produtos agropecuários com destaque para carnes, sucos e café e até produtos florestais.

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Quem não é do setor, certamente nunca ouviu falar que os Estados Unidos cobram uma tarifa de 80% sobre o açúcar brasileiro. Mas é verdade. Embora o mesmo país conceda anualmente alíquota zero para uma cota de aproximadamente 146,6 mil toneladas de açúcar em bruto que é exportada para aquele país.
O açúcar é certamente um dos produtos que o Brasil, especialmente o Nordeste brasileiro, exporta para os americanos há mais tempo. Mais de 150 anos, pelo menos. Mas é também um dos que mais negociações envolveram os dois países. Primeiro, pela altíssima competitividade do açúcar de cana sobre o de beterraba americano. Depois porque o Brasil assim como no café sempre foi um gigante nessa commodity.
Volume baixo
Para ser uma ideia, a conta americana representa um volume extremamente baixo e que não corresponde à participação do Brasil na produção e exportação mundial, respectivamente de 44 milhões de toneladas e 34,5 milhões de toneladas, na safra 24/25.
Até mesmo para a região Norte-Nordeste esse volume é extremamente baixo, tendo em vista a produção e a exportação regional, estimada em 3,8 milhões de toneladas e 2,6 milhões de toneladas em 24/25.
Álcool de milho
Mas como os Estados Unidos também fabrica etanol de milho, os Estado Unidos também pressionam para vender o produto aqui.
Naturalmente, o governo brasileiro tem respondido reiteradamente às iniciativas do governo norte-americano pleiteando a isenção da tarifa aplicada pelo Brasil às importações de etanol de países fora do Mercosul (tarifa extra-quota) de 18%, que estaria disposto a discutir uma redução ou isenção se houver uma redução recíproca da tarifa de importação sobre o açúcar nos EUA, que pode chegar a 80% sobre o valor exportado.
Os americanos,por sua vez, não querem aumentar as contas e muito menos liberar a importação de açúcar brasileiro sem taxa.
Nova taxação
Entretanto, a fixação de uma taxa de 50% trás um cenário novo embora, ao menos nesse produto o impacto não seja muito grande. Um estudo da principal consultoria brasileira de açúcar e etanol, a Datagro, liderada pelo especialista em energia Plínio Nastari diz que enquanto os setores de açúcar e etanol tendem a ser relativamente pouco afetados, a medida de Trump deve impactar de forma mais intensa as exportações brasileiras de aço, alumínio e carnes.
De qualquer maneira, segundo a Datagro, uma tarifa adicional de 50% anunciada por Trump nesta quarta-feira (9), implica um custo adicional anual para as exportações de açúcar realizadas através da cota tarifária norte-americana, de cerca de 27,9 milhões de dólares (150 mil t x US$ 371/t x 50%).
Exportar etanol
Para as exportações de etanol do Brasil aos Estados Unidos, considerando que em 2024 o Brasil exportou 309,72 milhões de litros, ao preço médio de US$ 0,587 por litro, a tarifa adicional de 50% representa um custo adicional anual estimado de 90,9 milhões de dólares (309,72 milhões de litros x US$ 0,587/l x 50%).
Curiosamente, Brasil e Estados Unidos vem negociando muito sobre açúcar e etanol. Por exemplo: até 31 de agosto de 2017, a alíquota do imposto de importação aplicada pelo Brasil foi de 20%. Entre 1º de setembro de 2017 e 31 de agosto de 2019, o imposto foi alterado para zero para um volume limitado a 150 milhões de litros por trimestre.
Para volumes importados acima deste limite, o imposto permaneceu em 20%. O regime de isenção limitado a volumes trimestrais foi encerrado em 1º de setembro de 2019.
Imposto zero
Em 23 de março de 2022 e até 31 de janeiro de 2023, o imposto de importação foi zerado para qualquer volume importado pelo Brasil a partir de países fora do Mercosul. E nesse período, o valor das importações de etanol dos EUA pelo Brasil foi de 82,98 milhões de dólares, para um volume de 117,42 milhões de litros (média mensal de 11,7 milhões de litros e 8,3 milhões de dólares). Nada de excepcional.
Entre 1º de fevereiro de 2023 e 31 de dezembro de 2023, o imposto de importação passou a ser de 16%, e a partir de 1º de janeiro de 2024 passou a ser de 18%. Entre fevereiro de 2023 e junho de 2025, foi importado um total 205,14 milhões de litros vindos dos EUA, por um valor de 97,82 milhões de dólares (média mensal de 7,07 milhões de litros e 3,37 milhões de dólares). Também é muito especial.
Terceiro parceiro
Os Estados Unidos são o terceiro maior destino das exportações do agronegócio do Brasil. Em 2024, o Brasil exportou US$164,30 bilhões em produtos agropecuários, sendo a China o principal destino, ao absorver 30,2% desse total, seguida pela União Europeia (14,1%) e pelos EUA (7,4%). Mas o segmento de açúcar e etanol (6,6%) figurou em quinto lugar no ranking de produtos agropecuários brasileiros exportados para os EUA.
Mas o Brasil também embarcou quase 10 milhões (9,39 milhões) de toneladas em produtos agropecuários para os Estados Unidos no ano passado, aumentando 8,1% em um ano. E essa exportações para o mercado norte-americano cresceram 23,0% para um recorde de US$ 12,08 bilhões, com produtos florestais (30,8%), café (17,2%) carnes (11,7%) e sucos (9,9%) entre os principais itens embarcados pelo Brasil para os Estados Unidos.
Portanto, se o Brasil tiver que começar a conversar com as autoridades americanas será primeiramente em relação aos produtos agropecuários
Pinus do Paraná sofre com taxação
Um dos maiores exportadores de madeira para os Estados Unidos, especialmente de compensado, madeira serrada e molduras de pinus, fundamentais para a construção civil norte-americana, o Paraná será um dos mais atingidos com a taxação de 50%.
Em 2025, os estados do Sul (Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul) exportaram juntos US$1,37 bilhão em produtos de madeira para os EUA, 86,5% do total exportado pelo Brasil nesse setor.
Efeito no Caixa
O CEO da Global, uma recuperadora de crédito B2B do Brasil, Silvano Boing, esclarece o impacto no dia-a-dia de uma tarifa em patamar tão alto como a colocada pelo governo americano.
Ele afirma que compromete seriamente a receita e o fluxo de caixa das exportadoras brasileiras. E gera um choque direto no capital de giro das empresas que precisam escolher entre reduzir preços e perder margem ou sair do mercado americano.
Além disso, provoca um efeito em cadeia: empresas fornecedoras de insumos, transportadoras e serviços logísticos enfrentam atraso nos recebimentos, com forte pressão sobre o caixa operacional que pode comprometer suas margens ou interromper as exportações para os EUA.
Efeito demonstração
O acordo do Mercosul e a Associação Europeia de Livre Comércio (EFTA) — bloco formado por Suíça, Noruega, Islândia e Liechtenstein é visto pelo Brasil, integrante do bloco sul-americano, avança para mais inserção internacional como fundamental no processo de abertura comercial, uma demanda antiga da instituição visando a União Européia.
Tomando como base o ano de 2023, o acordo Mercosul–EFTA deverá gerar, até 2044, um impacto positivo de R$2,69 bilhões ao PIB brasileiro. Com ele, a relação comercial com EFTA ganhará força, embora o valor exportado ainda seja considerado modesto. Mas há potencial de crescimento nas vendas de itens como madeira, celulose, pedras ornamentais e produtos semi-acabados de ferro e aço.
Simpepe alerta
O presidente do Simpepe, André Zarzar, está atento aos impactos que a nova tarifa de Trump sobre as exportações de produtos brasileiros pode acarretar para a indústria do setor de material plástico em Pernambuco. Juntamente com a Abiplast e a Fiepe, o sindicato está monitorando como essas medidas vão repercutir sobre a cadeia produtiva do plástico.
Corretor de imóveis
A Terceira Turma do STJ do Superior Tribunal de Justiça decidiu que o corretor de imóveis tem direito à comissão integral sobre a totalidade da área negociada, mesmo não tendo participado da fase final do negócio. O caso, julgado no Recurso Especial 2.165.921, envolveu uma corretora que apresentou um terreno a uma compradora e posteriormente, a negociação foi concluída com a aquisição de uma área maior, sem a participação da corretora inicial.
Publicidade tradicional
O levantamento “Influencer Trust Index”, realizado pelo BBB National Programs aponta que, apesar do marketing de influência ser uma das estratégias mais utilizadas pelas marcas nos Estados Unidos, 87% dos consumidores expressam confiança em anúncios veiculados em canais tradicionais de mídia - como TV, rádio e revistas e apenas 74% confiam nas recomendações feitas por influenciadores. E 26% dos consumidores simplesmente não confiam em influenciadores.
A pesquisa revela ainda que, para 71% dos consumidores, transparência e honestidade sobre a associação à marca são os fatores mais cruciais para estabelecer confiança. E que 80% dos respondentes perderam a confiança quando percebem que influenciadores não são genuínos, honestos ou transparentes.
SBPC Recife
Neste domingo (13) até o dia 19 o Recife sedia a 77ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), maior evento de popularização científica da América Latina. A Prefeitura do Recife marca presença como patrocinadora oficial da edição destacando marcos institucionais da cidade - como a criação da Faculdade de Direito do Recife, do ITEP, do Porto Digital e do CESAR - e entende como o Recife se consolidou como um dos principais ecossistemas de inovação do país.
Pernambucano
O pernambucano Lucas Mota de Lima é o novo presidente da Associação Brasileira dos Produtores Independentes de Petróleo e Gás Natural (ABPIP). Assumiu com a missão de fortalecer a atuação das empresas independentes no setor de óleo e gás — responsáveis por manter a produção em campos maduros e marginais, especialmente em regiões do interior do país.
Porto de Galinhas
O destino pernambucano Porto de Galinhas foi reconhecido como um dos três destinos com melhor desempenho da hotelaria nacional no 1º semestre de 2025, segundo levantamento da plataforma Omnibees.
A plataforma analisou o desempenho de diversas cidades brasileiras a partir de quatro indicadores exclusivamente fundamentais: reservas, room nights (diárias ocupadas), diária média (ADR) e GMV (volume bruto de vendas).
Investir no Agreste
A Afya Faculdade de Ciências Médicas de Garanhuns, escola que integra o maior hub de educação e tecnologia para a prática médica no Brasil, reúne 38 Instituições de Ensino Superior em todas as regiões do país e inaugura nesta terça-feira (15), sua nova Clínica Acadêmica.
A estrutura iniciará realizando 300 atendimentos por semana, mas tem capacidade para 900, dependendo da demanda, em especialidades como cardiologia, geriatria, hematologia, mastologia, otorrinolaringologia, reumatologia e pequenos procedimentos cirúrgicos. Ao todo, serão 27 médicos e 221 estudantes atuando diretamente no atendimento à população.
Parcelamento 2025
A partir desta segunda (14) e até o próximo dia 26, o Shopping Boa Vista recebe ação do Programa de Parcelamento Incentivado (PPI) 2025 que tem como objetivo oferecer atendimento presencial à população para facilitar a negociação de débitos tributários com condições especiais, bem como ampliar o acesso dos contribuintes especialmente aqueles com pouca familiaridade com canais digitais.
Em 2024, mais de R$9,7 milhões foram negociados nos estandes, sendo o Shopping Boa Vista um dos destaques, com mais de R$3,7 milhões em acordos firmados.