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Com discurso verde, governo Lula agrega mercado de 1,5 bilhões de litros para produtores de etanol de cana-de-açúcar e de milho

Novos percentuais de mistura dos combustíveis estão ancorados na produção de óleo de soja, safra recorde e entrada no etanol feito a partir de milho.

Por Fernando Castiho Publicado em 26/06/2025 às 0:05 | Atualizado em 26/06/2025 às 6:00

No país que se prepara para produzir 37 bilhões de litros de etanol oriundos de cana-de-açúcar e milho, o governo Lula está agregando um mercado de 1,5 bilhões de litros ao negócio elevando a adição de 27,5% para 30% na mistura do etanol o que dá um charme especial ao discurso verde que o Brasil tem desde o início do Proálcool na década de 70 no século passado.

Em 2023, o governo também já tinha agregado ao mercado de produção de óleo de soja para adição no diesel outros 1,5 bilhão de litros quando elevou de 12% para 13% a mistura, fazendo a produção sair de 7,5 bilhões de litros para 9 bilhões de litros em 2024. Com a adição de 15% de agora, o mercado de óleo vegetal vai chegar a 10,2 bilhões de litros/ano.

Marca de Silveira

Marca do ministro das Minas e Energia, Alexandre Silveira, a fixação de Diesel 15 e o Etanol 30 tem potencial de ajudar o governo se as expectativas de redução de preço de R$0,13 no litro se confirmarem.

Mas nos dois casos existem alertas. Como no caso do biodiesel onde a indústria de motores se queixa de que tem óleo vegetal demais rodando em motores desenvolvidos fora do Brasil. E que sequer foram pensados para rodar com algo que não seja diesel puro. Dito de outra forma: Os sofisticados motores Euro 6, projetados na União Européia não foram feitos para a mistura. Pela tecnologia de ponta que embarcam eles rodam, mas o desempenho cai.

Sucesso do agro

No caso do etanol, o governo está apostando num fato novo que nos últimos anos passou longe dele ter atuado estrategicamente. Isso aconteceu quando a indústria nacional de etanol entendeu fazer álcool de milho. Uma coisa inimaginável há 20 anos quando o Brasil importava milho da Argentina.

Este ano, a Conab está projetando uma produção de 8,7 bilhões de litros, num crescimento de 11% com etanol feito em indústrias novas e de altíssima produtividade. Ao contrário das fábricas de óleo de soja que têm, em média, 18 anos de uso. Como a exportação de etanol brasileiro ainda é muito pequena, essa disponibilidade, de certa forma, dá uma tranqüilidade ao governo de consumo apenas no mercado interno.

Novas commodities

O fato de o Brasil já projetar, segundo análises da consultoria Datagro, uma produção de etanol de milho no Brasil de 8,70 bilhões de litros em 24/25 que deve subir para 18,4 bilhões de litros em 33/34 só tem similar da evolução da produção de algodão que, em apenas uma década, transformou o Brasil no maior no maior exportador de fibra em 2024. Basicamente isso aconteceu por embarcar tecnologia de ponta aplicada ao Agronegócio.BR.

Crise nas agências

Mas a mistura de etanol para 30% e do diesel para 15% também chega num momento dramático vivido pelas agências reguladoras asfixiadas pelo corte de recursos. A ANP, em 10 anos, viu seu orçamento cair de R$762 milhões, em 2016 para R$449 milhões, em 2025. Não tem gente, dinheiro para fiscalizar nada.

Isso quer dizer que todo cenário traçado por Lula e Silveira nesta quarta-feira não se sustenta na hora de a ANP checar se as distribuidoras vão mesmo colocar 30% de etanol na gasolina ou 15% no diesel.
Especialmente no campo onde está virando regra os donos de frotas e empresários do agro com caminhões próprios simplesmente ignoraram a mistura e só usam diesel puro nos seus novos caminhões Volvo e Scania de R$1 milhão.

ANP sem fiscal

Os casos da ANP e da Aneel são mais sérios. Porque o ministro está brigando com os dirigentes delas travando as ações que elas devem desenvolver. Esta semana, a ANP lançou um pedido dramático de ajuda no Congresso para ter verbas para voltar a fazer fiscalização.

Silveira não está interessado nisso. Para ele, a transição da mistura do etanol de 27,5% para 30% deve evitar a importação de 760 milhões de litros de gasolina por ano. Já no caso do biodiesel, segundo o MME a adoção do B15 - que também entra em vigor em 1º de agosto - segundo ele, se apóia em avaliações técnicas e ações de controle mais rígidas para coibir fraudes.

As indústrias de caminhoes e ônibus pensam diferente. Mas no CNPE são voto único contra a obrigatoriedade de os motores se adaptarem a 15% de óleo de soja na mistura.

Máquinas novas

O ministro acredita que o novo porcentual pode levar a compras de até R$1,69 bilhão para aquisição de máquinas agrícolas. Pode ser. Mas os produtores resistem a colocar um diesel batizado com esse percentual em plantadeiras e colheitadeiras high-tech que custam até R$10 milhões. E cujos motores diesel nunca foram testados com essa mistura. Especialmente, nas fazendas do Centro Oeste.

De qualquer forma, ontem o governo teve um dia de festa. O colegiado do CNPE é composto por 17 ministérios, além do presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), e é presidido pelo ministro de Minas e Energia. E ele deu ao presidente um discurso verde batizado de “Combustível do futuro chegou: E 30 e B15”.

Reduzir preço

Na frente de Lula, Silveira voltou a dizer que o Brasil pode passar de importador a exportador de gasolina. "Vamos ter gasolina sobrando para exportação. Vamos poder reduzir o preço na bomba, o que é fundamental para a nossa economia nacional. E esse aumento da mistura na gasolina ajudará a tornar o país autossuficiente no combustível”, festejou o ministro.

Ele também lembrou que a Lei do Combustível do Futuro, como ficou conhecida, foi sancionada por Lula em outubro de 2024. Ela estabelece que o governo poderá elevar a mistura de etanol à gasolina em até 35%. Desde que haja viabilidade técnica para os veículos.

Dia feliz de Lula

Para um presidente que só vem tendo notícias ruins vindas do Congresso e das pesquisas, ontem foi um dia em que Lula foi almoçar com os ministros com a sensação de que a imagem de seu governo vai melhorar. Especialmente, se graças a Silveira, o preço da gasolina baixar.

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Barragem de Itaparica. - Divulgação

A causa de R$ 1.492.801.336.602.900,00

O advogado José Paulo Cavalcanti Filho corrige informação da coluna publicada na edição desta quarta-feira (25) no JC sobre o valor da indenização pretendida pela Construtora Mendes Júnior relacionada à construção da barragem de Itaparica no Sertão de Pernambuco. O valor estimado de R$5,07 trilhões publicado está errado.

Segundo ele, houve atraso médio de 78 dias nos pagamentos de Chesf à Mendes Júnior mas quitados, como disposto no contrato, com acréscimo de Correção Monetária e Juros Moratórios de 1% ao mês.

Chesf pagou a mais

Segundo auditoria do TCU, feita em 1998, foram pagos a maior pela então estatal no total R$218 milhões. Outra auditoria, agora do MPF, em janeiro de 1997, apurou valor maior: R$335 milhões (os valores são históricos). A Chesf foi punida pelo TCU.

Segundo o advogado, o valor atual da perícia não é mais de trilhões como está na JC Negócios. Ao refazer as contas a preços de hoje (junho 2025) o valor chegaria a R$ 1.492.801.336.602.900,00 (Um R$ 1,4 quadrilhão) um valor impensável correspondente a 130 vezes o do Brasil e 10 vezes o PIB dos Estados Unidos.

Por unanimidade

Julgada com resultado de 7x0 pelos desembargadores do TRF5. a ação agora pode ter alguns desdobramentos previsíveis da defesa da empresa como embargos declaratórios, solicitação de apreciação pelo STJ e a seguir pleitear uma análise do STF se conseguir provar que a ação teria Repercussão Geral representando um grande desafio para a empresa. O que poderá levar anos.

A questão começou quando a Mendes Júnior Engenharia S/A entrou com ação declaratória na justiça estadual de Pernambuco, que reconheceu direito ao ressarcimento de custos adicionais decorrentes de empréstimos que a empresa teria tomado para financiar as obras de Itaparica. Na época, a causa foi considerada a maior ação judicial no Brasil, em valores remontados a 1988, por conta do montante envolvido.

Nova ação no TRF5

Em 2020, entretanto, dois anos depois, a empreiteira ingressou com ação rescisória, alegando que o acórdão de 2010 violou o que foi julgado na ação declaratória de 1988.

Na última quarta-feira, por unanimidade, os desembargadores federais da 1ª Seção do TRF5 acolheram a tese da defesa feita pela Advocacia Geral da União (AGU por meio da Procuradoria Regional da União da 5ª Região (PRU5)através da procuradora Carolina Scheidegger e do advogado da Chesf, José Paulo Cavalcanti Filho no processo de número Processo nº 0803600-48.2022.4.05.0000.

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Sede da Junta Comercial de Pernmabuco no Recife. - Divulgação

Jucepe 175

Nesta quarta-feira (25), a Junta Comercial de Pernambuco celebrou 175 anos. Fundada em 1850, no governo de José Ildefonso de Sousa Ramos, o Barão das Três Barras ela é considerada uma das mais antigas instituições públicas do governo de Pernambuco e segundo o presidente, João Batista Alves a autarquia que mais deu passos importantes rumo à modernização. Hoje é possível abrir, alterar ou encerrar uma empresa de forma totalmente digital. O tempo de espera caiu, os processos ficaram mais simples, e o atendimento ficou mais rápido.

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Brasil colocou taxas de 25% sobre o aço imprtaod da China. - Divulgação

Aço da China

A pressão da Abimetal-Sicetel (Associação Brasileira da Indústria Processadora de Aço e Sindicato Nacional da Indústria de Trefilação e Laminação de Metais Ferrosos), entidade representativa da indústria processadora de aço no país, fez junto ao governo no final do final de maio deu resultados. O govenrop prorrogarou, por mais um ano, a alíquota do Imposto de Importação aplicada a produtos processados em aço, mantendo-a em 25% imprtação que trava os produtos vindos da China.

Um Telecom

A empresa pernambucana Um Telecom foi selecionada para participar do Ranking Exame Negócios em Expansão 2025. A empresa pernambucana especializada em Redes e Segurança, Conectividade, Cloud e Data Center e Comunicações Móveis e Serviços foi selecionada para participar pela terceira figurando na categoria com receita de R$30milhões a R$150 milhões.

Ação do Coaf

Um novo estudo do Instituto Esfera de Estudos e Inovação, em parceria com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, mostra que o fortalecimento da capacidade institucional do Conselho de Controle de Atividades Financeiras(Coaf) tem sido fundamental para desarticular as sofisticadas redes de lavagem de dinheiro do crime organizado no Brasil, que hoje operam em novas fronteiras tecnológicas como fintechs, bets (apostas online) e criptoativos.

O levantamento aponta que as facções criminosas ampliaram e sofisticaram seus métodos de lavagem de dinheiro, aproveitando-se da digitalização financeira e de brechas regulatórias, por meio de três caminhos: fintechs, plataformas de apostas online (bets) e criptoativos.

Sonho Lúdico

Nesta sexta-feira (27) no Shopping Recife abre a exposição "Blow Up: Um Sopro de Diversão" que já foi vista por mais de 600 mil pessoas em São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Porto Alegre, Curitiba e Salvador sendo definida como uma viagem pela imaginação através do universo lúdico dos infláveis, proporcionando uma interação animada de cores, luzes e cenários incríveis.

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Presidente da Argentina Javier MIlei, da Argentina. - Divulgação

Falas de Milei

O jornal "La Nación, de Buenos Aires, fez uma análise das 58 entrevistas e 84 discursos proferidos pelo presidente Javier Milei no primeiro ano de sua administração à frente da Argentina. Descobriu que ele proferiu 739 mil palavras usando recursos de Inteligência Artificial e identificou 410 mensagens depreciativas contr a Imprensa entre os quatro mil ataques verbais A adversários. As sete palavras mais pronunciadas por ele nos ataques aos adversários foram: corruptos, miseráveis, ressentidos, tiramos, mentirosos, capangas e falsos.

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