INTERCÂMBIO | Notícia

Projeto capacita professores e prepara estudantes da rede pública para intercâmbio em Portugal

Edição do "Era uma vez...Brasil" promove formação de professores para discutir protagonismo indígena e afro-brasileiro na história do Brasil

Por Mirella Araújo Publicado em 04/04/2025 às 15:56

O projeto “Era uma vez… Brasil” realiza capacitações no Recife e em Belo Jardim com foco na preparação de estudantes para intercâmbio cultural em Portugal.

Até o mês de junho, a iniciativa promove uma etapa especial de formação continuada voltada para professores de História do 8º ano da rede pública, reunindo 70 educadores — sendo 48 no Recife e 22 no município de Belo Jardim.

A ação tem como foco o tema “Quem conta a nossa história – A participação indígena e afro-brasileira na formação do Brasil”, convidando os docentes a refletirem sobre o papel dessas populações na construção da nação, para além da lógica colonial que, por muito tempo, predominou no ensino da História.

No Recife, a formação ocorre na Escola de Formação de Educadores do Recife Professor Paulo Freire, localizada no bairro da Madalena, nos dias 23 e 30 de abril, 21 de maio e 4 de junho. Já em Belo Jardim, os encontros serão realizados no Instituto Conceição Moura, nos dias 24 e 29 de abril e 8 de maio.

A proposta é analisar as formas de resistência, existência, criação e transformação dos povos indígenas e afro-brasileiros, valorizando seus saberes, tecnologias, espiritualidades, expressões artísticas e modos de vida. Para Marici Villa, diretora executiva do projeto, a formação docente é um dos pilares mais relevantes da iniciativa.

“A formação contínua dos professores é fundamental para resgatar a pluralidade de nossa história. Esta capacitação representa uma oportunidade ímpar para ampliar o olhar sobre as contribuições indígenas e afro-brasileiras na construção do Brasil, preparando nossos educadores para transformar o ensino e promover uma cultura de respeito e valorização das diversidades.”

Etapas do projeto

O percurso pedagógico é dividido em quatro grandes etapas que se interligam e promovem transformações individuais e coletivas.

Na primeira fase, chamada Fatos Históricos, os professores participam de encontros presenciais de formação, nos quais são apresentados a novas metodologias, narrativas contra-hegemônicas e experiências de ensino inovadoras.

Ao longo do processo, os educadores desenvolvem os conteúdos com suas turmas e os estudantes são convidados a produzir histórias em quadrinhos autorais, interpretando os temas abordados de maneira crítica e criativa, exercitando o protagonismo e a autonomia.

A segunda etapa é o Campus de Arte-Educação, uma imersão cultural realizada durante o recesso escolar. Até 100 estudantes da rede pública de cada cidade participam de uma programação intensa, com oficinas de Interpretação, Roteiro, Fotografia e Som, além de experiências sensoriais e simbólicas em territórios indígenas e quilombolas. 

Na terceira fase, ocorre o Intercâmbio Cultural, que leva um grupo de estudantes selecionados para uma vivência de dez dias em Portugal. O objetivo é aprofundar o conhecimento sobre os laços históricos entre os dois países e promover o diálogo com estudantes portugueses.

Durante a viagem, os jovens brasileiros apresentam os produtos culturais desenvolvidos ao longo do ano, visitam locais emblemáticos da história colonial e participam de rodas de conversa, oficinas e visitas pedagógicas.

A última etapa, chamada Comunidade, incentiva os participantes a retornarem aos seus territórios com o desafio de propor ações concretas que contribuam para a transformação de suas realidades locais, com base nos aprendizados e vivências ao longo do projeto. 

“Com uma metodologia humanizada, crítica e afetiva, o 'Era uma vez… Brasil' vai muito além da sala de aula: ele se propõe a reconstruir memórias, fomentar pertencimento e formar agentes de mudança capazes de reimaginar o país que queremos ser. Ao valorizar a história de quem sempre esteve presente, mas raramente foi escutado, o projeto reconta o Brasil a partir de um lugar de justiça, reconhecimento e esperança”, finaliza Marici Villa.