O que foi sem nunca ter sido
Segunda-feira um debate na Assembleia mobilizou em discursos acalorados as bancadas do Governo e da Oposição sobre o empréstimo de R$ 1,5 bi
Clique aqui e escute a matéria
Roque Santeiro, uma das mais famosas novelas brasileiras, deixou cravado na memória dos telespectadores brasileiros uma frase que caracterizava sua protagonista, a Viúva Porcina, tida como “a que foi sem nunca ter sido”. Na memória prodigiosa de Dias Gomes, autor da novela, Roque Santeiro (José Wilker), um personagem fictício, teria morrido em defesa da cidade de Asa Branca deixando viúva a fogosa Porcina (Regina Duarte), que casou e batizou para, só no final do folhetim, ser revelado que Roque nunca fora herói e Porcina nunca fora viúva pois não era casada com ele.
Esta segunda-feira um debate na Assembleia que mobilizou em discursos acalorados as bancadas do Governo e da Oposição sobre o empréstimo de R$ 1,5 bi solicitado pela governadora Raquel Lyra e que foi retido nas comissões por quase seis meses, só sendo aprovado no mês passado, não passou de uma confusão criada em torno de algo que não existiu. A oposição acusou o Governo de ter enganado os deputados dizendo que precisava do empréstimo para o Arco Metropolitano e a BR-232 e não incluíra as duas obras no contrato do empréstimo assinado um dia antes da governadora viajar para o Exterior, demonstrando que, na verdade, não necessitava dos citados recursos para fazer as duas obras, devendo custeá-las com recursos em caixa. Ou seja, o Governo teria acusado injustamente os deputados de terem procrastinado as obras citadas com a demora para aprovar o empréstimo.
Só esta terça-feira o deputado Antonio Moraes, da bancada governista, explicou o ocorrido. Disse na tribuna, e não foi contestado, que o empréstimo de R$ 1,5 bi está ainda sendo contratado juntos a três bancos privados (Bradesco, Itaú e Santander que formaram um consórcio para responder à chamada pública feita pelo Governo) e os recursos vão mesmo para o Arco Metropolitano, que vai ser beneficiado com R$ 680 milhões (a obra já foi licitada) e para a duplicação da BR-232. O empréstimo será oficializado entre novembro e dezembro porque, segundo ele, como a aprovação atrasou, é preciso cumprir os prazos do Tesouro Nacional para sua finalização.
O que houve então?
Na verdade, tinha ficado entendido que o empréstimo assinado pela governadora junto ao Banco do Brasil no valor de R$ 1,4 bi e que se refere a recursos contratados com outra rubrica (Plano de Promoção do Equilíbrio Fiscal) mas que podem ser remanejados, caso haja necessidade, desde que sejam repostos depois, se referia aos R$ 1.5 bi aprovados pela Alepe só recentemente, o que não correspondia à realidade. Em entrevista dada no mesmo dia a governadora explicou à imprensa sobre a possibilidade de remanejamento e, indagada sobre o Arco, explicou, como exemplo, que se o empréstimo de R$ 1,5 bi não se concretizasse até o início das obras, o que deve ocorrer ainda este ano, ela poderia usar parte dos R$ 1,4 bi para começar a rodovia, utilizando, em seguida, os recursos originários para levar à frente todo o projeto.
Menores juros
O empréstimo de R$ 1,5 bi a ser tomado junto ao consórcio dos três bancos citados acima vai ter, segundo uma fonte do Governo, “ os mais baixos juros contratados este ano em empréstimos governamentais no Brasil”. O consórcio ofereceu a proposta que acabou vencedora cobrando de juros sobre os recursos contratados a taxa Selic + 0,86% de spread. Esta mesma fonte adiantou que este é “um sintoma da credibilidade que Pernambuco tem hoje no cenário nacional ao decidir investir este ano R$ 5 bi, o maior aporte feito pelo estado nos últimos 15 anos”.
Pergunta que não quer calar
A ida de Guilherme Boulos para a Secretaria-Geral da Presidência da República vai favorecer o presidente Lula ou afastar os apoios que ele poderia ter dos evangélicos?
E-mail: redacao@blogdellas.com.br/terezinhanunescosta@gmail.com