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Trump e o tiro no pé do bolsonarismo

A repercussão da taxação não esperada impediu qualquer regozijo diante da indignação causada aos brasileiros de todos os matizes

Por TEREZINHA NUNES Publicado em 11/07/2025 às 8:02

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Há anos, desde que a direita assumiu o poder no Brasil e se manteve ativa após a derrota de Jair Bolsonaro, a esquerda brasileira sumiu das ruas. Nas vezes em que tentou voltar a ser protagonista no asfalto foi surpreendida por grandes fracassos diante das multidões reunidas pelo ex-presidente. Ainda esta semana o deputado federal Guilherme Boulos tentou improvisar uma manifestação do “nós contra eles” em São Paulo e, além de ter juntado pouca gente, foi contestado ao microfone por um transeunte que praticamente desfez seu discurso. O vídeo de um Boulos surpreendido viralizou na Internet.

Os adeptos do ex-presidente pensavam em ir à forra, literalmente, quando o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, impusesse as famosas sanções ao ministro Alexandre de Moraes, cantadas e batizadas pelo deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro diretamente da Flórida americana, onde se encontra auto exilado. Mas a decisão de Trump de taxar em 50% as importações brasileiras feitas pelos Estados Unidos tem funcionado como um verdadeiro tiro no pé. Os bolsonaristas nem tiveram tempo de comemorar as duas cartas que ele enviou ao Brasil defendendo Bolsonaro e o considerando inocente, pois a repercussão da taxação não esperada impediu qualquer regozijo diante da indignação causada aos brasileiros de todos os matizes.

A esquerda, que andava apanhando feio nas redes sociais, aproveitou o momento para assumir um protagonismo inesperado e deixou os bolsonaristas na defensiva rapidinho, colocando a culpa em Bolsonaro e no filho Eduardo. O maior exemplo disso foi o que aconteceu com o governador Tarcísio de Freitas, de São Paulo, estado mais prejudicado pelo anúncio do presidente americano. O governador ainda fez uma tímida comemoração mas logo voltou atrás e refez o discurso condenando o tarifaço e pedindo negociação. E chegou a ir a Brasília esta quinta-feira se encontrar com Jair Bolsonaro para discutirem o que fazer.

A mais nova estratégia pensada é de que Bolsonaro faça chegar a Trump sua apreensão, pedindo um recuo. Vai conseguir? Se tiver êxito voltará às boas. Senão, carregará a culpa pelo atropelo prejudicando seu candidato a presidente em 2026. E dando o discurso que o presidente Lula estava precisando para deixar as cordas do ringue e partir para a ofensiva tornando-se competitivo no próximo ano. Quanto às ruas, a esquerda se prepara para uma manifestação no final de semana em São Paulo onde fará o discurso do rico contra o pobre, colocando no meio Bolsonaro e Trump. Tudo que o bolsonarismo não esperava acontecer.

Feitosa reconhece erro

Um dos baluartes do bolsonarismo em Pernambuco, o deputado estadual coronel Alberto Feitosa reconheceu esta quinta que o tarifaço foi um erro. Deixou claro que a direita se contentaria com sanções a Alexandre de Moraes e outros ministros. Mas, de qualquer forma, não perdeu as esperanças: “se o Senado não reagir abrindo processo de impeachment contra ministro do Supremo, se o próprio Supremo não der uma recuada ou o presidente Lula não pedir desculpas dos ataques que tem feito a Trump e aos Estados Unidos, vem mais coisa por aí”.

Raquel cautelosa

A governadora Raquel Lyra foi aconselhada por pessoas próximas a ser mais cautelosa em relação à Assembleia Legislativa, evitando responder a declarações do presidente da Alepe, Álvaro Porto. Ela parece que se convenceu. Evitou o assunto quando indagada pela imprensa na inauguração da Fenearte e em viagens ao interior. Resta saber se vai processar outro conselho que recebeu: o de que precisa negociar com os deputados para reduzir o clima de animosidade e iniciar o mês de agosto de forma mais positiva.

Trabalhar mais

O ministro Fernando Haddad e o governador Tarcísio de Freitas trocaram farpas esta quinta-feira em meio ao alvoroço provocado no país com o novo tarifaço do presidente Trump. Haddad disse que Tarcísio é um “candidato a Vassalo” por comemoração inicial do texto da carta defendendo Bolsonaro (depois Tarcísio fez um adendo e condenou o aumento das tarifas, considerando-o “deletério”). O governador respondeu ao ministro: “ele precisa cuidar da economia e do ajuste fiscal e também de falar menos e trabalhar mais”.

Governo em Olinda

A governadora Raquel Lyra cumpre agenda esta sexta no município de Olinda ao lado da prefeita Mirella Almeida. Ela fará a entrega da restauração da rua Lygia Gomes da Silva, em Ouro Preto, que dá acesso à zona rural do município e assinará a ordens de serviço para requalificação da chamada Ponte Preta, na avenida Pan Nordestina, da restauração da Avenida Senador Nilo Coelho ( 2ª. Perimetral), do recapeamento da Rua Pedro Álvares Cabral e da manutenção de parte da Estrada da Mirueira.

Pergunta que não quer calar

Fazendo entregas sem parar na Região Metropolitana e no interior, a governadora vai, enfim, melhorar sua performance nas pesquisas eleitorais?

E-mail: redacao@blogdellas.com.br/terezinhanunescosta@gmail.com

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