2ª Marcha das Mulheres Negras reúne caravanas de todo o país em Brasília
Evento ocorre nesta terça-feira (25) na Esplanada dos Ministérios, com debates, shows e articulação de mulheres negras da diáspora e da América Latina
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Caravanas de diversas regiões do país chegam à Esplanada dos Ministérios, em Brasília, nesta terça-feira (25), para a 2ª Marcha das Mulheres Negras, com o tema "Por Reparação e Bem Viver". A expectativa é reunir cerca de 1 milhão de pessoas.
Organizada pelo Comitê Nacional da Marcha das Mulheres Negras, a mobilização busca destacar direitos básicos, como moradia, emprego e segurança, além da luta por uma vida digna, livre de violência, e por ações de reparação histórica.
Segunda edição
A marcha ocorre no mês em que se celebra o Dia Nacional da Consciência Negra, em 20 de novembro, e marca dez anos da primeira edição, realizada em 18 de novembro de 2015, que reuniu mais de 100 mil mulheres negras em Brasília.
Na ocasião, o foco foi o combate ao racismo, à violência contra a juventude negra, à violência doméstica e ao feminicídio, além da promoção do bem-viver.
Em 2025, a pauta inclui a promoção da mobilidade social e a reparação histórica pelos danos deixados pela escravidão, que impactam o desenvolvimento econômico dessa população.
Programação da marcha
A concentração começa às 9h no Museu da República, próximo à Rodoviária do Plano Piloto, com roda de capoeira e cortejo de berimbaus. Às 9h, o Congresso Nacional realiza sessão solene em homenagem à Marcha das Mulheres Negras no plenário da Câmara.
A saída da marcha está prevista para as 11h, percorrendo a Esplanada dos Ministérios. O jingle oficial, que embala o evento, traz a frase: "Mete marcha negona rumo ao infinito. Bote a base, solte o grito! Bem-viver é a nossa potência, é a nossa busca, é reparação!".
Às 16h, a programação cultural inclui shows de artistas que representam a diversidade da produção cultural negra no Brasil, engajadas em pautas de negritude, antirracismo e feminismo. Entre as atrações estão Larissa Luz, Luanna Hansen, Ebony, Prethaís, Célia Sampaio e Núbia.
Articulação nacional e internacional
A marcha de 2025 ultrapassa fronteiras do Brasil, reunindo mulheres negras da diáspora e do continente africano, comprometidas com a construção de um futuro livre do racismo, colonialismo e patriarcado.
Lideranças do Equador participam do evento para fortalecer a articulação regional e global, recuperar a memória e visibilidade das mulheres afrolatinas, e defender direitos coletivos e territórios ancestrais.
Segundo Ines Morales Lastra, ativista de San Lorenzo e membro da Confederação Comarca Afro-equatoriana do Norte de Esmeraldas (CANE), "marcharemos para ecoar a firmeza de nossa voz e nossas demandas, porque são nossas as vozes de nossas avós".
Homenagem a Lélia Gonzalez
A 2ª Marcha das Mulheres Negras contará com a presença de Melina de Lima, neta da antropóloga Lélia Gonzalez, referência nos estudos de gênero, raça e classe e fundadora do Movimento Negro Unificado.
Lélia foi responsável por criar conceitos como 'amefricanidade", que une ancestralidades africanas e ameríndias, e "pretuguês", que descreve as influências africanas na língua portuguesa no Brasil.
Recentemente, Melina recebeu em Brasília o título de Doutora Honoris Causa da Universidade de Brasília em homenagem à avó. Atualmente, dirige o Instituto Memorial Lélia Gonzalez e é cofundadora do projeto Lélia Gonzalez Vive.
Mulheres negras são maioria populacional
As mulheres negras constituem o maior grupo populacional do país. Segundo o Ministério da Igualdade Racial (MIR), somam 60,6 milhões, sendo 11,3 milhões pretas e 49,3 milhões pardas, cerca de 28% da população total do Brasil.
Semana por Reparação e Bem-Viver
A 2ª Marcha das Mulheres Negras integra a Semana por Reparação e Bem-Viver, que vai de 20 a 26 de novembro, com debates, atividades culturais e artísticas que exaltam o protagonismo das mulheres negras em todo o país.
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