Força-tarefa no IML: mais da metade dos mortos em operação no Rio foram identificados
A Defensoria Pública do Rio montou uma estrutura Detran para o atendimento aos familiares dos mortos. Foram atendidas 106 famílias
 
            Clique aqui e escute a matéria
Mais da metade dos corpos dos 121 mortos na megaoperação nos complexos do Alemão e da Penha contra integrantes do Comando Vermelho já foram identificados e começam a ser liberados aos familiares.
O governo do Rio montou uma força-tarefa no Instituto Médico-Legal Afrânio Peixoto, na região central do Rio, para a necrópsia dos homens que morreram durante a Operação Contenção.
De acordo com o governo do Estado, o IML está sendo utilizado exclusivamente para a necrópsia dos corpos da megaoperação. A entrada é restrita aos agentes da Polícia Civil e promotores do Ministério Público. O atendimento às famílias dos mortos está sendo feito no prédio do Detran, que fica ao lado do IML.
Os corpos de casos que não são relacionados à operação estão sendo levados para o IML de Niterói, na Região Metropolitana do Rio.
Sobre a força-tarefa
A Defensoria Pública do Rio montou uma estrutura no estacionamento do Detran para o atendimento aos familiares dos mortos. A entidade atendeu, nesta quarta-feira (29), 106 famílias.
A Defensoria dividiu as equipes da força-tarefa entre o Complexo da Penha, estacionamento do Detran, IML e o Hospital Getúlio Vargas.
Foram realizados o acolhimento inicial das famílias e o atendimento jurídico para os casos de privação de liberdade ou apreensão, obtenção de documento das pessoas mortas, auxílio para a gratuidade de sepultamento e alvará para translado das pessoas mortas para outros estados.
Identificação dos corpos
De acordo com a Defensora Pública Mirela Assad, da Coordenação Geral de Programas Institucionais (Cogpi), a falta de familiares de parte dos mortos dificulta a identificação dos corpos.
Uma equipe de 40 pessoas da Defensoria Pública do Rio atuam no IML. Os familiares são cadastrados pelo órgão e continuarão a receber assistência da Defensoria, como atendimento psicológico e jurídico.
A Defensora Pública conta que tiveram casos de pessoas mortas que tinham origem de outros Estados, o órgão auxiliou os familiares com o alvará judicial necessário para o translado.
"Nós atendemos ao todo 106 famílias. Algumas buscavam a obtenção de documentação da pessoa obituada, de forma a possibilitar sua identificação civil. Outras já estavam com a identificação concluída, mas precisavam de auxílio para a gratuidade de sepultamento, e elaboramos ofícios para as concessionárias competentes."
Uma comitiva do Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) acompanha o trabalho de identificação dos corpos.
O procurador-geral de Justiça, Antonio José Campos Moreira, afirmou durante coletiva de imprensa, que três médicos legistas e um promotor fazem uma necropsia independente para apurar eventuais abusos e ilegalidades na operação.
"Três peritos legistas e um promotor de Justiça estão acompanhando todas as necropsias, com o uso de um scanner de alta precisão que permite radiografias completas dos corpos, tecnologia essencial para compreender a dinâmica dos confrontos e para a produção de provas", afirmou o PGJ.
A operação
A operação de terça-feira (28) foi a mais letal já registrada no Rio de Janeiro. Em coletiva de imprensa após os confrontos, o governador Cláudio Castro (PL) afirmou que as únicas vítimas foram os quatro policiais mortos na ação'.
Durante a madrugada e o início da manhã desta quarta-feira (29), moradores do Complexo da Penha levaram ao menos 60 corpos à Praça São Lucas, segundo relatos locais.
No início da tarde, todos os corpos tinham sido encaminhados IML. De acordo com o último balanço do governo estadual, 121 pessoas moreram, enquanto a Defensoria Pública contabiliza 132 vítimas.
 
                         
                                                                                    
                                            