Metrópoles brasileiras reduzem desigualdade e pobreza
Os dados, baseados na PNAD Contínua, mostram que tendência é generalizada, impulsionada principalmente pelo aquecimento do mercado de trabalho

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As grandes áreas urbanas do Brasil registraram uma redução drástica da desigualdade de renda e da pobreza entre 2021 e 2024, atingindo os menores níveis em mais de uma década. É o que aponta a décima sexta edição do “Boletim – Desigualdade nas Metrópoles”, produzido pelo Observatório das Metrópoles, o PUCRS Data Social e a Rede de Observatórios da Dívida Social na América Latina (RedODSAL).
Os dados, baseados na PNAD Contínua (IBGE), mostram que essa tendência é generalizada, impulsionada principalmente pelo aquecimento do mercado de trabalho e pelo crescimento da renda nas camadas mais vulneráveis.
Queda da desigualdade
O indicador mais evidente dessa mudança é o Coeficiente de Gini, que mede a desigualdade de renda. No conjunto das 22 principais regiões metropolitanas, o Gini caiu de 0,565 em 2021 para 0,534 em 2024. Este é o menor valor registrado na série histórica, superando o recorde anterior de 2015 (0,539).
O resultado prático é que a diferença entre os mais ricos e os mais pobres diminuiu:
Se em 2021 a renda do estrato mais rico era 19,2 vezes maior que a do estrato mais pobre, em 2024 essa razão caiu para 15,5 vezes.
A maior parte das metrópoles acompanhou o movimento, com exceção de Curitiba, Florianópolis, Grande São Luís e Vale do Rio Cuiabá.
"O principal fator explicativo dessa tendência de queda das desigualdades é a renda do trabalho, que no período cresceu proporcionalmente mais para os mais pobres”, explica Juciano Rodrigues, professor do IPPUR-UFRJ e pesquisador do Observatório das Metrópoles.
Saída da pobreza
O crescimento da renda na base da pirâmide teve um impacto direto nas taxas de vulnerabilidade social:
Pobreza Extrema: A taxa de extrema pobreza (renda per capita de R$ 217,37/mês em valores de 2024) caiu para 3,3% em 2024. Desde 2021, mais de 2,8 milhões de pessoas deixaram essa situação nas metrópoles.
Pobreza Geral: A taxa de pobreza (renda per capita de R$ 692,54/mês em valores de 2024) despencou de 31,1% para 19,4% no conjunto das regiões metropolitanas. Com isso, 9,5 milhões de pessoas saíram da pobreza, levando a taxa ao seu menor valor na série histórica.
Todos as 22 regiões metropolitanas apresentaram redução na taxa de pobreza no período.
Crescimento da renda
Um dos fatores cruciais é a forte recuperação da renda dos 40% mais pobres. Este estrato atingiu o maior valor da série histórica em 2024, com uma renda per capita de R$ 670, um salto significativo em comparação aos R$ 474 registrados em 2021.
"O mercado de trabalho mais aquecido favoreceu este estrato, que havia sofrido perdas enormes durante a pandemia. E, junto com o controle da inflação, permitiu aumento real dos rendimentos”, comenta Marcelo Ribeiro, professor do IPPUR-UFRJ.
A renda média total também subiu, atingindo o maior valor da série histórica pela segunda vez consecutiva, chegando a R$ 2.475 em 2024 no conjunto das metrópoles. A conjunção de aumento da renda e redução das desigualdades é o que explica a forte queda na pobreza, conclui Andre Salata, professor da PUCRS e coordenador do PUCRS Data Social.