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Juliana ficou viva por mais de 30h, diz perícia brasileira

A necropsia inicial na Indonésia apontou morte em decorrência de hemorragia interna, cerca de 20 minutos depois de uma das quedas, segundo legista

Por Estadão Conteúdo Publicado em 11/07/2025 às 22:11

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 A publicitária Juliana Marins, de 27 anos, morreu por volta das 12h do dia 22 de junho, um dia e meio depois de ter caído na trilha na Indonésia. Segundo o exame do IML, ela ficou viva por mais de 30 horas até sofrer uma segunda queda, a 220 metros da trilha principal.

Ainda de acordo com o exame, ela morreu 15 minutos após a segunda queda. O exame confirmou as fraturas já apontadas no exame da Indonésia, na base do crânio, costelas, pelve, laceração do fígado e dos rins, provocando intensa hemorragia interna.

Na primeira queda, de 61 metros, Juliana teve uma lesão na coxa esquerda, fratura no fêmur e, possivelmente, também na pelve. "A dor desse primeiro impacto foi intensa, um sofrimento grande", afirmou o perito Nelson Messina, que participou da nova necropsia. "Foi uma morte agônica, hemorrágica, sofrida, infelizmente tenho de dizer isso." Ela ainda passou fome, sede e frio.

A hora aproximada da morte foi estabelecida com base em exames entomológicos, feitos em larvas encontradas no corpo. Juliana morreu em decorrência de múltiplos traumas. O resgate durou quatro dias.

QUESTIONAMENTOS A LAUDOS

Os pais da vítima questionaram os laudos feitos pelo país asiático e acionaram a Justiça no Brasil. "Se o resgate tivesse sido acelerado, provavelmente estaríamos com ela aqui hoje", afirmou Mariana Marins, irmã de Juliana, que participou da divulgação do laudo brasileiro. "O parque demorou a chamar o socorro, o socorro demorou a chegar e, quando chegou, não tinha os equipamentos apropriados."

Mariana afirmou que a família ainda não decidiu o que vai fazer agora. "Não temos nada de concreto", afirmou. Para a Defensoria, é possível abertura de um inquérito pela Polícia Federal, o que demanda uma requisição oficial do Ministério da Justiça. Outra opção é mover uma ação civil por danos morais na Indonésia.

Os exames foram realizados no Instituto Médico-Legal Afrânio Peixoto (IMLAP). O laudo conclui que a causa imediata foi hemorragia interna provocada por lesões poliviscerais e politraumatismo, compatíveis com impacto de alta energia cinética. Os peritos estimam que Juliana sobreviveu por no máximo 15 minutos após o segundo impacto.

O laudo também considera que fatores como estresse extremo, isolamento e ambiente hostil podem ter contribuído para a desorientação da vítima, dificultando sua capacidade de tomar decisões antes da queda inicial. Foram identificadas lesões musculares e ressecamento nos olhos.

Exame na Indonésia

A necropsia inicial na Indonésia apontou morte em decorrência de hemorragia interna, cerca de 20 minutos depois de uma das quedas, segundo Bagus Alit, legista responsável. Mas esse exame não permitiu precisar após qual das quedas a morte ocorreu.

 

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