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Golpe da falsa taxa da alfândega: entenda o que é e como se proteger

Saiba como os golpistas abordam as vítimas, que táticas utilizam contra elas e como você pode evitar cair nessas abordagens; confira

Por Projeto Comprova Publicado em 11/07/2025 às 15:55

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O golpe que cobra uma “taxa da alfândega" para liberação de encomendas tem se tornado cada vez mais comum.

Criminosos se aproveitam da expectativa das pessoas de receber pacotes, especialmente aqueles comprados online e vindos do exterior, para cobrar taxas inexistentes via Pix.

Para isso, se passam por órgãos públicos e empresas de transporte.

O Comprova mostra como os golpistas abordam as vítimas, que táticas utilizam contra elas e como você pode se proteger dessas abordagens.

Como os golpistas abordam as pessoas

As vítimas são abordadas por mensagem no WhatsApp, SMS ou via e-mail.

Por texto, o golpista afirma ser o transportador responsável pela entrega de um pedido que foi retido pelo controle de remessas ou taxado pelo Sistema Integrado de Comércio Exterior (SISCOMEX).

A mensagem afirma que, para evitar a devolução do pacote e regularizar a pendência, é necessário acessar um link e pagar um valor.

O endereço leva a uma página onde um QRCode é gerado para pagamento via Pix.

Que táticas eles usam para chamar a atenção?

As táticas incluem mensagem alarmante – alegando que a encomenda será devolvida caso não haja regularização – e o uso de informações verdadeiras.

São citados, por exemplo, nomes de transportadoras reais e de órgãos oficiais, como Correios e SISCOMEX. Também são mencionados dados da vítima, como número de telefone e endereço.

Outra estratégia é o uso de links que simulam o endereço de sites verdadeiros.

Algumas das URLs encontradas fraudulentas foram “acessosedex .com” e “alfandega .correios360 .com”. Essa abordagem dá aparência de legitimidade à mensagem.

  • Objetivo do golpe: Desviar dinheiro das vítimas.

Como se proteger do Golpe da falsa taxa da alfândega?

Ao Comprova, a Receita Federal confirmou que nunca liga ou manda mensagens de cobrança de pagamento para liberar encomendas.

Segundo o órgão, o pagamento de impostos sobre mercadorias importadas não é recebido por meio de Pix, QRCode, cartão de crédito ou débito.

O pagamento é feito apenas por meio de Documento de Arrecadação de Receitas Federais (DARF). Portanto, identificar mensagens que solicitam pagamento de taxas de alfândega por estes meios pode ser uma forma de se proteger dos golpes.

Uma página da Receita Federal mostra exemplos de golpes semelhantes contendo mensagens falsas sobre pagamentos de taxas para liberação de mercadorias.

A psicóloga Bianca Orrico, responsável pelo atendimento do Canal de Ajuda da SaferNet, associação que promove a defesa dos Direitos Humanos na Internet, orienta sempre conferir com cuidado o remetente da mensagem, observando número, e-mail ou perfil nas redes sociais.

De acordo com ela, golpistas costumam usar endereços muito parecidos com os oficiais, mas com pequenas alterações.

Uma das mensagens avaliadas pelo Comprova, por exemplo, tem erros de grafia em relação ao site correto da transportadora citada.

Além disso, a página exibida para cobrar o pagamento do usuário também apresenta a descrição da cobrança como “Ministério da Economia”, mas a pasta deixou de existir em 2023, mesmo ano da recriação do “Ministério da Fazenda”.

Bianca afirma ser fundamental desconfiar de mensagens que criem senso de urgência ou contenham ameaças, pois esse é um artifício comum para pressionar a vítima a pagar sem questionar.

Além disso, antes de clicar em links ou efetuar qualquer pagamento, ela sugere entrar em contato diretamente com a empresa ou instituição citada, usando canais oficiais, para confirmar a veracidade da cobrança.

É possível verificar se o site é realmente o oficial conferindo o endereço completo (URL) ou buscando a página no navegador e em fontes confiáveis.

Outra sugestão é manter celulares e computadores com antivírus atualizados e verificações em duas etapas em aplicativos e contas, o que ajuda a evitar invasões que podem levar a novos golpes.

Para quem denunciar?

A Receita Federal orienta procurar uma Delegacia de Polícia Civil especializada para fazer denúncia caso ocorra tentativa de fraude ou extorsão.

A isso, Bianca Orrico acrescenta ser importante também comunicar imediatamente o banco ou empresa envolvida caso o golpe tenha usado o nome das instituições.

O Consumidor.gov.br é um serviço público e gratuito que faz a interlocução entre consumidores e empresas para solução alternativa de conflitos de consumo pela internet.

Por fim, se o golpe envolver uso indevido de dados pessoais, é possível apresentar uma reclamação à Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD) pelo site oficial.

Desconfiou que é golpe? O Comprova pode ajudar a verificar

O Comprova monitora conteúdos suspeitos publicados em redes sociais e aplicativos de mensagem sobre políticas públicas, eleições e possíveis golpes digitais e abre verificações para os conteúdos duvidosos que mais viralizam.

Você também pode sugerir verificações pelo WhatsApp +55 11 97045-4984.

Para se aprofundar mais

O Comprova já explicou como funciona o golpe do frete, o do falso emprego e também roubos de contas de redes sociais.

Verificações também já mostraram como se proteger de golpes de chamadas de robôs e do “Pix errado”.

A agência Aos Fatos também fez conteúdo informativo sobre o golpe das encomendas retidas.

A checagem foi publicada em 11 de julho de 2025 pelo Comprova — coalizão formada por 42 veículos de comunicação que verifica conteúdos virais.

A investigação foi conduzida pelo Estadão, NSC Comunicação e Correio Braziliense, e o conteúdo também passou por verificação de Jornal do Commercio, Correio de Carajás e Folha de S. Paulo.

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