Passageiros da América Latina exigem viagens mais rápidas e inteligentes

Apesar da prontidão digital, a realidade nos aeroportos da América Latina e Caribe é predominantemente manual, quebrando a expectativa

Por JC Publicado em 16/10/2025 às 17:04

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Os passageiros da América Latina e do Caribe (LAC) estão vivendo uma "desconexão" entre a vida digital cotidiana e a experiência de viagem nos aeroportos. É o que aponta o relatório Travelers' Voice – Passenger IT Insights 2025, da SITA, divulgado nesta quinta-feira. A pesquisa, que ouviu mais de 7.500 viajantes, revela que, embora os passageiros da LAC gerenciem suas vidas por smartphones – fazendo transações bancárias, compras e controlando a mobilidade –, eles ainda se deparam com longas filas, verificações manuais e documentos em papel ao viajar.

A mensagem dos viajantes da LAC é clara: o setor de aviação precisa acelerar para oferecer viagens simples, confiáveis e sustentáveis. Para os viajantes da LAC, a simplicidade se traduz em eficiência: dois em cada três consideram a redução do tempo de processamento no aeroporto como prioridade máxima. Quase metade (42%) deseja receber atualizações de viagem por aplicativos digitais, um número superior à média global.

A região também lidera o interesse mundial em experiências de viagem conectadas. Uma maioria esmagadora de 95% dos passageiros da LAC, o maior índice entre todas as regiões, afirma querer que todos os seus documentos de viagem sejam automaticamente vinculados a uma carteira digital segura em seus smartphones (contra 87% globalmente). Eles se mostram mais confortáveis em usar biometria em todos os pontos de contato dos aeroportos.

VIAGENS COMBINADAS

Os passageiros da LAC lideram o mundo no interesse por viagens combinadas. Cerca de 87% planejam reservar uma viagem que combine avião, trem e rodovia no próximo ano, significativamente acima da média global de 70%.

Apesar da prontidão digital, a realidade nos aeroportos da América Latina e Caribe é predominantemente manual, criando uma "diferença impressionante" entre a expectativa e o serviço oferecido.

Três em cada quatro passageiros na região ainda têm a identidade verificada por um agente no balcão (contra 59% globalmente). Além disso, oito em cada dez só embarcam após um funcionário verificar seus documentos, e quase três em cada quatro são processados pessoalmente por um oficial de imigração, a taxa mais alta do mundo.

"Os passageiros não estão resistindo à mudança. Eles já mudaram. Eles se tornaram digitais. Agora é a nossa vez," ressaltou David Lavorel, CEO da SITA. "O futuro das viagens não se resume apenas a adicionar tecnologia. Trata-se de eliminar as barreiras existentes. A única coisa que falta é urgência."

Confiança

A sustentabilidade também é um fator decisivo. Dois terços dos viajantes da LAC (67%) afirmam que levariam menos bagagem para ajudar a reduzir as emissões de voos, um índice bem superior à média global de 55%.

Outro ponto é a confiança: 83% dos passageiros da região pagariam por serviços completos de bagagem, acima da média global. Para eles, malas sem complicações significam tranquilidade e maior segurança.

Shawn Gregor, presidente da SITA para as Américas, vê o cenário como uma oportunidade. "O que as percepções deste ano mostram é que os passageiros estão prontos para o próximo passo. O desafio – e a oportunidade – é aproveitar o progresso já em andamento, adotando identidades digitais, biometria e dados em tempo real," concluiu.

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