Emagrecer rápido: por que métodos rápidos podem sabotar sua saúde?

Dietas relâmpago, desafios de 7 ou 14 dias e protocolos que prometem “secar” rapidamente voltaram a dominar as redes sociais. O apelo é direto e sedutor, especialmente em um país onde o excesso de peso cresce de forma consistente.

Dados do SISVAN, do Ministério da Saúde, mostram que 34,66% dos brasileiros apresentaram algum nível de obesidade em 2024. Esse cenário cria um terreno fértil para soluções ultrarrápidas, muitas vezes adotadas sem qualquer critério técnico.

O problema é que nem tudo o que acelera a balança favorece a saúde. Segundo Carolina Faiad, coordenadora de nutrição da Clínica Seven, referência em ciência do metabolismo, grande parte desses métodos ignora o funcionamento individual do corpo.

“Há maneiras seguras de acelerar resultados, e outras que só prejudicam. Quando o método ignora o metabolismo individual, a perda tende a vir de água e massa magra. Isso gera estresse fisiológico e aumenta a chance de ganho de peso posterior”, explica.

A especialista aponta que alguns mitos ganharam força nas redes nos últimos meses e já apresentam consequências claras em consultório. Veja os principais.

Dietas extremamente restritivas funcionam melhor

A queda rápida no peso costuma enganar. Na prática, a restrição severa desacelera o metabolismo, aumenta a fome e desregula o humor. O cortisol, hormônio ligado ao estresse, tende a subir, favorecendo o acúmulo de gordura abdominal. O efeito sanfona acaba sendo quase inevitável.

Suplementos sem orientação aceleram o emagrecimento

O consumo indiscriminado de termogênicos, aminoácidos ou vitaminas pode causar insônia, taquicardia e sobrecarga hepática. Sem avaliação nutricional e, em muitos casos, exames metabólicos ou genéticos, o risco supera os benefícios. “Cada organismo responde de um jeito. O que funciona para um, pode prejudicar outro”, reforça Carolina.

Treinar em jejum queima mais gordura para todo mundo

Embora funcione para algumas pessoas, essa prática está longe de ser universal.

Em quem tem metabolismo lento, ingestão calórica muito baixa ou histórico de compulsão alimentar, o treino em jejum pode provocar tontura, queda de rendimento e perda de massa magra, comprometendo o processo de emagrecimento.

Ficar dias só com líquidos desintoxica o corpo

Protocolos detox prolongados enfraquecem o sistema imunológico, prejudicam o intestino e desregulam eletrólitos essenciais.

O corpo já possui mecanismos naturais de desintoxicação, que dependem de nutrientes para funcionar corretamente. Cortá-los tende a atrasar, e não acelerar, esse processo.

Menos pressa, mais ciência

A nova direção do emagrecimento segue na contramão dos atalhos. O modelo mais eficaz continua sendo o mais consistente: alimentação equilibrada, treino adequado, sono de qualidade e estratégias personalizadas. “Não existe milagre, existe método. Quando o tratamento respeita o metabolismo e a individualidade de cada pessoa, os resultados são reais e duradouros”, conclui a especialista da Clínica Seven.