Edith Piaf: uma voz que se eternizou

Mirella Martins
Mirella Martins
Publicado em 19/12/2015 às 14:00
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Uma voz singular, marcante, histórica e eterna. Edith Piaf saiu das ruas para emocionar o mundo com as suas canções. Do nascimento da cantora até os dias de hoje já se passaram 100 anos e, mesmo assim, as suas músicas ainda são ouvidas e conhecidas por todo o mundo.  A francesa Édith Giovanna Gassion nasceu no dia 19 de dezembro de 1915,a filha da cantora de rua Annetta Maillard e do artista de circo Louis Alphonse Gassion. Chegou a ficar cega por uma queratite ainda criança,mas conseguiu se curar.

Fotos: Reprodução Fotos: Reprodução

A cantora, que morava em um prostíbulo com sua avó, foi retirada do local após seu pai perceber que sua voz poderia trazer lucros para ele. Com 15 anos ela o abandonou e foi viver em um quarto do Grand Hôtel de Clermont, onde, ainda jovem, deu à luz a sua única filha, Marcelle, que faleceu de meningite dois anos depois.

Para a intérprete as canções mais emocionantes eram as que saiam das ruas. “As melodias mais intensas que me arrepanham as tripas são as da rua. Não me rebaixo para as receber, saltam-me para os braços, penetram-me, fazem-me soltar uma lágrima, gritar a minha alegria. Quem as escreveu? Quem as musicou? Ninguém sabe. Pertencem ao mundo, são uma família, são minhas",disse a cantora ao jornal France Soir em 1953.

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Apesar de todo o sucesso que a francesa conquistou durante os anos, a sua vida foi marcada por perdas e tragédias. Aos 20 anos, Piaf conheceu o empresário Louis Leplée, que a batizou como La Môme PiaPf (A Menina Pardal) e a ajudou a gravar o primeiro disco. Tudo corria na mais perfeita paz até a estranha morte do seu mentor, que empurrou a cantora para a miséria. A intérprete conheceu, então, duas pessoas que foram essenciais para a sua vida, tanto artística quanto pessoal: o seu novo mentor e amante Raymond Asso e a pianista Marguerite Monnot.

Em 1946, Piaf gravou a marcante canção La Vie en Rose, uma das músicas mais conhecidas do mundo.Após a morte do seu novo amor, o boxer Marcel Cerdán, devido a um acidente de avião, a cantora escreveu Hymne à l’Amour. Já nos anos 50, a dona de uma voz marcante conquistou uma projeção internacional e, enquanto tentava se livrar do vício na morfina, a cantora casou-se com o cantor Jacques Pills e manteve relações amorosas com Charles Aznavour e George Moustaki, também cantores.

https://www.youtube.com/watch?v=rzeLynj1GYM

Mas as situações difíceis não abandonaram Piaf. Em 1960, a cantora recebeu uma recomendação dos médicos: ela não deveria mais cantar. Piaf, que preferia morrer a deixar de cantar, realizou um show marcante no lendário Teatro Olympia de Paris, em 1961. A francesa estreou Je Ne Regrette Rien para amigos como Alain Delon, Louis Armstrong, Paul Newman, George Brassens, Duke Ellington e Jean-Paul Belmondo.

https://www.youtube.com/watch?v=Q3Kvu6Kgp88

Piaf, que deixou o mundo no dia 10 de outubro de 1963 aos 47 anos, não era apenas mais uma cantora. Ela era um símbolo da cultura francesa, de liberdade e, principalmente, de simplicidade. Edith Piaf é um dos exemplos mais perfeitos de uma cantora que carregava toda a sua pesada história em cada verso que entoava ao público .

Conhecida como " A voz da França", Piaf recebeu várias homenagens artísticas. Entre elas estão:  um livro de memórias de sua amiga Ginou Richer (Piaf, mon amie), uma biografia escrita por Claude Fléoute (Édith Piaf, dix minutes de bonheur par jour, c'est déjà pas mal) ,um livro com uma centena de cartas que escreveu ao seu confidente Jacques Bourgeat entre 1936 e 1959 (Lettres à l'ami de l'ombre) e o filme Piaf: Um Hino ao Amor, estrelado por Marion Cottilard.

https://www.youtube.com/watch?v=T-LzEPS7ji4

Além disso, 2015 foi o ano de Piaf na França. Uma grande exposição na biblioteca nacional francesa (BNF) de Paris, na qual foi possível ver, entre outros, seu famoso vestido preto, foi realizada este ano. Uma nova estátua da cantora foi inaugurada no museu de cera da capital . As músicas de Piaf também foram lembradas nas homenagens aos mortos nos dois atentados que acontecerem este ano em Paris.

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