'Bolsonaro instigou milhares de pessoas contra o STF', diz Moraes
Durante julgamento, o ministro denuncia que os atos pós-eleição de 2022 mostram "caráter golpista da organização criminosa", além das ameaças ao STF
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O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), deu um recado nesta terça-feira (9), ao destacar as declarações do ex-presidente Jair Bolsonaro no feriado de 7 de setembro de 2021 no contexto da tentativa de golpe de Estado julgada na Corte máxima.
Apontando que, na época, Bolsonaro "instigou milhares de pessoas contra o Supremo Tribunal Federal e especificamente contra um ministro".
"Recentemente, frases semelhantes foram ditas para tentar nova interferência, agora internacional, na independência deste Poder Judiciário", afirma Moraes.
A declaração ocorre no rescaldo do 7 de setembro deste ano. Em ato bolsonarista em São Paulo, marcado pela exibição de bandeiras dos Estados Unidos, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos) chamou Moraes de "tirano".
Atos golpistas
Segundo Moraes, os atos pós-eleição de 2022 mostram caráter golpista da organização criminosa, ele cita uma live realizada em 4 de novembro de 2022, ações e monitoramento das autoridades em 21 de novembro de 2022, representação eleitoral para a verificação extraordinária que foi feita para tentar jogar mais dúvidas ainda em relação às eleições.
Também fala da reunião das Forças Especiais em novembro de 2022, a elaboração da Carta ao Comandante, os atos violentíssimos no dia da diplomação do presidente e vice-presidente eleitos, tentativa de invasão na Polícia Federal, a tentativa de bomba Aeroporto de Brasília, entre outros.
Ameaças
Em outra passagem das ponderações sobre o 7 de Setembro de 2021, Moraes disse que qualquer pessoa decente, sabe que um líder político, num alto cargo, instigando, insuflando milhares de pessoas dessa forma aumenta exponencialmente as agressões e ameaças ao Supremo Tribunal Federal, e aos ministros do STF.
"Atitudes criminosas confessadas no dia 7 de setembro de 2021. Não há nenhuma dúvida de que os atos executórios são para extinguir a independência do Poder Judiciário mediante graves ameaças.", completou, lembrando ainda a frase de Bolsonaro de que só sairia do poder "preso ou morto".
O ministro deu ênfase a outras frases de Bolsonaro na data, entre elas a afirmação direcionada pelo ex-presidente ao então presidente do Supremo, Luiz Fux: "ou chefe desse Poder enquadra o seu ou esse Poder pode sofrer aquilo que não queremos, porque nós valorizamos, reconhecemos e sabemos o valor de cada Poder da República".
Segundo Moraes, a "frase confessa em viva voz" o crime de abolição do Estado democrático de direito.
"Isso é o presidente da República no 7 de setembro, a data da independência do Brasil, instigando milhares de pessoas contra o Supremo Tribunal Federal, contra o Poder Judicial e especificamente contra um ministro do Supremo Tribunal Federal", aponta.