Defesa diz que ex-ministro atuou para demover Bolsonaro de golpe
Nesta quarta, a Primeira Turma do STF deu continuidade ao julgamento que pode condenar o ex-presidente Jair Bolsonaro e mais sete aliados

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O advogado do ex-ministro da Defesa Paulo Sérgio Nogueira afirmou, durante o segundo dia de julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF) da ação que apura suposta trama golpista, que seu cliente tentou demover o ex-presidente Jair Bolsonaro de tentativas de golpe de Estado. Para Andrew Fernandes, “está mais do que provado que o general Paulo Sérgio é inocente”.
Nesta quarta, a Primeira Turma do STF deu continuidade ao julgamento que pode condenar o ex-presidente Jair Bolsonaro e mais sete aliados pela trama que teria o intento de reverter o resultado das eleições de 2022.
“A delação e o depoimento da principal testemunha de acusação, o comandante da Força Aérea brigadeiro Batista Júnior é contundente, acachapante”, disse Fernandes.
“O general Paulo Sérgio acabou sendo enredado em uma contumélia. Mas a prova dos autos, a instrução judicial demonstrou, de forma inequívoca, a sua inocência”, disse.
“Ele assessorou o presidente da República [no sentido] de que nada poderia ser feito diante do resultado das eleições. É o que diz o delator. Se posicionou totalmente contrário a qualquer medida de exceção”, completou.
Segundo Andrew Fernandes, membros da organização que orquestrava o golpe atuavam para retirar Paulo Sérgio do cargo. “Pera lá. Como é que ele fazia parte da organização criminosa? É a prova dos nove. Se estavam lutando para tirá-lo?”, questionou.
“Está provado e mais do que provado que o general Paulo Sérgio é manifestamente inocente”.
DEFESA DE AUGUSTO HELENO
PGR traz apenas uma fala como prova de que Heleno dificultou transição governo, diz advogado
O advogado Matheus Mayer Milanez, que representa a defesa do ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) Augusto Heleno, disse que a Procuradoria-Geral da República (PGR) usou uma "fala isolada" para justificar que ele dificultou o processo de transição do governo Bolsonaro para o governo Lula.
"Qual prova o Ministério Público traz que Heleno dificultou, impossibilitou ou não deixou a transição acontecer? Uma fala isolada dele: 'É, procedi com a transição'. Isso é prova de resistência? Ou é prova de que foi transparente, de que abriram as portas do GSI assim que houve a resolução do governo?", questionou.
Milanez levantou uma série de dúvidas sobre a participação de Heleno nos atos golpistas de 8 de Janeiro de 2023. Questionou quais são os elementos que levam a acreditar que o ex-ministro do GSI teve envolvimento na trama golpista.
"Com quais manifestantes Heleno se comunicou em sua gestão? Foram encontrados com manifestantes cópias dessa agenda ou caderneta apreendida com o general? Qual foi o apoio financeiro ou de logística ou de planejamento prestado por Heleno para o deslocamento de 100 ônibus a Brasília? Há algum print, áudio, conversa telefônica ou movimentação bancária que implique no envolvimento de Heleno? Que provas traz o MP no sentido contrário?", afirmou.
O advogado argumentou que a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) "não é subordinada ao GSI", mas, sim, vinculada. Também disse que o próprio Heleno foi monitorado 11 vezes pelo que ficou conhecido como "Abin paralela".
"O general Heleno não foi indiciado no relatório final sobre a Abin paralela. E aqui, nesse relatório que o Ministério Público também traz nas alegações finais, para comprovar o desespero e a falta completa de provas, ele traz uma reunião entre Bolsonaro, Heleno, Alexandre Ramagem ex-diretor da Abin e os advogados de Flávio Bolsonaro para falar sobre o suposto esquema de rachadinha. O que isso tem a ver com os autos? O Ministério Público traz situações que nada têm a ver", disse.