União Brasil e Progressistas criticam Lula por falas sobre EUA e dólar; leia a nota
Para os partidos, as declarações do presidente, em vez de ajudarem a resolver a crise, "podem agravar as tensões econômicas e diplomáticas"

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Os partidos União Brasil e Progressistas divulgaram uma nota conjunta nesta segunda-feira (4) na qual expressam "profunda preocupação" com as recentes declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre os Estados Unidos.
Assinado pelos presidentes das siglas, Antonio Rueda e Ciro Nogueira, o texto critica a "retórica confrontacional" de Lula em meio à crise das tarifas.
A reação do bloco, autointitulado "União Progressista", foi motivada por um discurso de Lula no 17° Encontro Nacional do PT, no último domingo (3). Na ocasião, o presidente acusou os EUA de envolvimento em golpes de Estado no Brasil e reiterou sua intenção de buscar uma alternativa ao dólar no comércio internacional.
Para os partidos, essas declarações, em vez de ajudarem a resolver a crise, "podem agravar as tensões econômicas e diplomáticas com um parceiro comercial estratégico", especialmente no momento em que o Brasil enfrenta a ameaça de uma tarifa de 50% imposta pelo governo de Donald Trump.
"Declarações inflamadas e a evocação de conflitos passados arriscam isolar o Brasil em um momento em que a cooperação internacional é essencial", afirma a nota.
O documento defende que o governo federal deveria focar em "soluções práticas" e "diálogo construtivo", atuando com "serenidade e visão estratégica" para proteger as exportações e os empregos no Brasil, em vez de adotar posturas que possam comprometer a competitividade do país.
Confira a nota na íntegra:
Prezado Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, A União Progressista manifesta sua profunda preocupação com as declarações feitas no 17° Encontro Nacional do PT, em 3 de agosto de 2025, nas quais Vossa Excelência acusa os Estados Unidos de envolvimento em golpes no Brasil e reitera a intenção de substituir o dólar em transações comerciais.
Entendemos que tais posicionamentos, longe de contribuírem para a resolução da crise tarifária enfrentada pelo Brasil, podem agravar as tensões econômicas e diplomáticas com um parceiro comercial estratégico.
A imposição de tarifas de 50% sobre produtos brasileiros pelo governo norte-americano, liderado por Donald Trump, já representa um desafio significativo para nossa economia.
Nesse contexto, adotar uma retórica confrontacional, que remete a eventos históricos sem foco em soluções praticas, compromete a capacidade do Brasil de negociar com pragmatismo e buscar acordos que minimizem o impacto dessas tarifas.
A menção a uma moeda alternativa ao dólar, embora válida em debates de longo prazo, não oferece uma solução imediata para as empresas brasileiras afetadas, que necessitam de ações concretas e diálogo construtivo com os Estados Unidos.
O Brasil, como o senhor mesmo reconheceu, possui tamanho e relevância para negociar em igualdade de condições. No entanto, é fundamental que essa postura seja traduzida em estratégias que priorizem a defesa dos interesses econômicos nacionais, como a redução de barreiras comerciais e a proteção de nossas exportações.
Declarações inflamadas e a evocação de conflitos passados arriscam isolar o Brasil em um momento em que a cooperação internacional é essencial para superar os desafios econômicos globais.
A União Progressista defende que o governo federal lidere esforços para fortalecer as relações comerciais com os Estados Unidos, promovendo negociações baseadas em respeito mútuo e benefícios recíprocos. E imprescindível que o Brasil atue com serenidade e visão estratégica, evitando posturas que possam comprometer a competitividade de nossas empresas e o bem-estar da população.
Atenciosamente,
- Antonio Rueda
- Presidente Nacional do União Brasil
- Ciro Nogueira
- Presidente Nacional do Progressistas