VIAGEM INTERNACIONAL | Notícia

Lula volta à China em momento de tensão com Trump

Em Pequim, Lula terá compromissos oficiais, entre eles um seminário com empresários. A visita foi precedida de discussões para negócios privados

Por Estadão Conteúdo Publicado em 11/05/2025 às 20:01

Luiz Inácio Lula da Silva chegou à China no fim de semana e inicia nesta segunda-feira (12) uma agenda oficial em Pequim. É a segunda visita ao país no atual mandato. Ele e o presidente chinês, Xi Jinping, devem anunciar investimentos em infraestrutura, ligando projetos da Nova Rota da Seda e do Novo PAC, além de iniciativas em saúde e energia.

Lula busca explorar mais a relação na Ásia, no contexto de dificuldades de relacionamento com os EUA sob o governo de Donald Trump, com quem nunca falou e que adota políticas opostas às defendidas pelo Brasil. Lula e Trump têm posições contrárias na política, na pauta climática, sobre multilateralismo e comércio exterior.

O Brasil recebeu tarifação extra de 10% sobre produtos exportados aos EUA. A China, 145% - embora americanos e chineses estejam negociando um acordo para reduzir o valor. Como a economia brasileira, em muitos aspectos, concorre com a americana, o País pode se apresentar como uma alternativa para Pequim. Até a semana passada, havia 16 protocolos já negociados, e outros 32 em negociação para assinatura durante a visita de Lula.

Equilíbrio

O presidente brasileiro, porém, tem sido orientado a equilibrar a estratégia e também mandou recados a Pequim de que o Brasil não deseja ser "quintal de ninguém". A palavra de ordem no Itamaraty é não considerar a relação com a China como uma contraposição aos EUA.

Em Pequim, Lula terá compromissos oficiais a partir de hoje, entre eles um seminário com empresários. A visita foi precedida de discussões para formalizar mais negócios privados e parcerias públicas. Há expectativa de aporte chinês para concluir os corredores bioceânicos que atravessam a América do Sul e podem encurtar o tempo de transporte de mercadorias para a China.

PAC E ROTA DA SEDA

Como combinaram no ano passado, o Brasil deixou de aderir formalmente à iniciativa chinesa, frustrando uma expectativa de Xi, mas admitiu que projetos do Novo PAC e da Nova Rota da Seda deveriam ser estudados caso a caso, se pudessem ser convergentes Uma força tarefa foi organizada para estudar as oportunidades. O Brasil quer investimentos em infraestrutura, indústria naval, óleo e gás, finanças e conectividade.

A Nova Rota da Seda é um projeto de infraestrutura lançado em 2013 por Xi. Ele virou a ponta de lança da inserção global da China, com valor trilionário - cerca de 140 países aderiram. Na América Latina, faltam Colômbia e Brasil.

O assessor especial da Presidência, Celso Amorim, ex-chanceler de Lula, tem expressado a visão de que a China apresenta mais oportunidades e menos riscos do que os EUA, já que Trump age, segundo ele, sob a lógica de um corretor de imóveis. Outros nomes do governo também já externaram preferência por parcerias com a China.

 

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