Lula volta à China em momento de tensão com Trump
Em Pequim, Lula terá compromissos oficiais, entre eles um seminário com empresários. A visita foi precedida de discussões para negócios privados

Luiz Inácio Lula da Silva chegou à China no fim de semana e inicia nesta segunda-feira (12) uma agenda oficial em Pequim. É a segunda visita ao país no atual mandato. Ele e o presidente chinês, Xi Jinping, devem anunciar investimentos em infraestrutura, ligando projetos da Nova Rota da Seda e do Novo PAC, além de iniciativas em saúde e energia.
Lula busca explorar mais a relação na Ásia, no contexto de dificuldades de relacionamento com os EUA sob o governo de Donald Trump, com quem nunca falou e que adota políticas opostas às defendidas pelo Brasil. Lula e Trump têm posições contrárias na política, na pauta climática, sobre multilateralismo e comércio exterior.
O Brasil recebeu tarifação extra de 10% sobre produtos exportados aos EUA. A China, 145% - embora americanos e chineses estejam negociando um acordo para reduzir o valor. Como a economia brasileira, em muitos aspectos, concorre com a americana, o País pode se apresentar como uma alternativa para Pequim. Até a semana passada, havia 16 protocolos já negociados, e outros 32 em negociação para assinatura durante a visita de Lula.
Equilíbrio
O presidente brasileiro, porém, tem sido orientado a equilibrar a estratégia e também mandou recados a Pequim de que o Brasil não deseja ser "quintal de ninguém". A palavra de ordem no Itamaraty é não considerar a relação com a China como uma contraposição aos EUA.
Em Pequim, Lula terá compromissos oficiais a partir de hoje, entre eles um seminário com empresários. A visita foi precedida de discussões para formalizar mais negócios privados e parcerias públicas. Há expectativa de aporte chinês para concluir os corredores bioceânicos que atravessam a América do Sul e podem encurtar o tempo de transporte de mercadorias para a China.
PAC E ROTA DA SEDA
Como combinaram no ano passado, o Brasil deixou de aderir formalmente à iniciativa chinesa, frustrando uma expectativa de Xi, mas admitiu que projetos do Novo PAC e da Nova Rota da Seda deveriam ser estudados caso a caso, se pudessem ser convergentes Uma força tarefa foi organizada para estudar as oportunidades. O Brasil quer investimentos em infraestrutura, indústria naval, óleo e gás, finanças e conectividade.
A Nova Rota da Seda é um projeto de infraestrutura lançado em 2013 por Xi. Ele virou a ponta de lança da inserção global da China, com valor trilionário - cerca de 140 países aderiram. Na América Latina, faltam Colômbia e Brasil.
O assessor especial da Presidência, Celso Amorim, ex-chanceler de Lula, tem expressado a visão de que a China apresenta mais oportunidades e menos riscos do que os EUA, já que Trump age, segundo ele, sob a lógica de um corretor de imóveis. Outros nomes do governo também já externaram preferência por parcerias com a China.