Bolsonaro lidera protesto em São Paulo após ser acusado por suposta tentativa de golpe
Líder da extrema direita comandará protesto para pedir anistia a condenados pela invasão às sedes dos Três Poderes, em Brasília, em janeiro de 2023

O ex-presidente Jair Bolsonaro lidera, neste domingo (6), uma manifestação em São Paulo, a primeira desde que o Supremo Tribunal Federal (STF) o tornou réu sob a acusação de liderar uma tentativa de golpe de Estado.
O líder da extrema direita comanda o protesto para pedir anistia aos condenados pela invasão às sedes dos Três Poderes em Brasília em janeiro de 2023, logo após terminar seu mandato e deixar o País.
O próprio ex-mandatário (2019-2022) também será julgado por supostamente liderar uma organização criminosa que buscava impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, para quem perdeu as eleições de outubro de 2022.
De acordo com os ministros, Bolsonaro buscou o apoio das Forças Armadas para impedir a posse de Lula.
Ele pode pegar até 40 anos de prisão se for considerado culpado, embora afirme ser inocente e vítima de uma "perseguição".
"A presença do povo na Paulista será um termômetro para a anistia", disse ele à rádio AuriVerde Brasil, pró-bolsonarismo, nesta semana.
Duas horas antes do início do ato, os manifestantes se reuniram na avenida Paulista, quase todos vestidos com camisas da Seleção Brasileira, apropriadas como símbolo do movimento bolsonarista.
O ex-presidente pede ao Congresso que aprove uma lei de anistia para os condenados pela invasão e destruição das sedes dos Três Poderes em 8 de janeiro de 2023, poucos dias após a posse de Lula. Naquele momento, ele Bolsonaro estava nos Estados Unidos.
Neste domingo (6), vários manifestantes levaram batons ao protesto, um novo símbolo do bolsonarismo em alusão a Débora Rodrigues, uma das condenadas que estava em prisão preventiva durante dois anos por ter participado do ato de 8 de janeiro e pintado com batom uma estátua em frente ao STF.
Bolsonaro afirma que Rodrigues, conhecida como "Débora do batom" e agora em prisão domiciliar, é vítima de uma "injustiça", como muitos outros processados pelos eventos de 2023.
"Usar essa arma te condena 14 anos", ironizaram vários manifestantes em seus cartazes escritos com batom.
"Hoje estou aqui pelos compatriotas injustamente presos. Eu quero um Brasil melhor para minha filha, sem governos ladrões. Bolsonaro não roubou e por isso tem essa perseguição contra ele", declarou à AFP Derlaine Costa, uma empregada doméstica de 43 anos que compareceu à marcha com sua filha de 12 anos.
O STF condenou mais de 500 pessoas pelo levante, a maioria delas por crimes graves, como tentativa de golpe de Estado.
A legenda "Anistia já" acompanhava as fotos dos condenados pelos eventos de janeiro de 2023. "Não houve golpe", entoava a multidão ao ritmo de uma banda de percussão.
Até o momento, o bolsonarismo não tem apoio parlamentar suficiente para aprovar uma anistia.
A manifestação em São Paulo servirá como uma medida da força política de Bolsonaro, que está inabilitado politicamente até 2030 por ter questionado a confiabilidade do sistema eleitoral sem provas.
Apesar disso, Jair Bolsonaro, de 70 anos, insiste em querer ser candidato nas eleições presidenciais de 2026.