Crise diplomática | Notícia

Abin: Inteligência brasileira hackeou governo do Paraguai, diz funcionário

Funcionário revelou informação durante um depoimento à Polícia Federal, informando que ação começou sob Bolsonaro e continuou com Lula

Por JC Publicado em 31/03/2025 às 23:37

O Uol revelou nesta segunda-feira que um profissional da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) disse à Polícia Federal em depoimento que a agência manteve invasões de hacker ao instituições do Paraguai, como o Congresso, a Presidência da República e autoridades envolvidas nas negociações da usina de Itaipu.

A ação começou no governo Jair Bolsonaro e seguiu no governo Lula. A autorização era do atual diretor da Abin, Luiz Fernando Corrêa, e do interino Saulo de Cunha Moura, em 2023.

O governo Lula disse em nota que interrompeu a ação assim que tomou conhecimento.

O objetivo da invasão era obter dados sigilosos sobre valores em negociação no Anexo C do Tratado de Itaipu, que estabelece as bases financeiras e de prestação de serviços de eletricidade da usina hidrelétrica.


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Após 50 anos de vigência, as cláusulas foram revistas, em abril de 2023.

Depoimento do funcionário a Abin

O depoente relatou uso de Cobalt Strike e envio de e-mails para capturar senhas e acessos de autoridades paraguaias.

As ações teriam sido executadas a partir de servidores no Panamá e no Chile, com aprovação da alta cúpula da Abin.

Nota do governo do Paraguai

O chanceler paraguaio, Rubén Ramírez Lezcano, soltou nota afirmando que não há evidência de que o Brasil tenha promovido os ataques.

“O Paraguai não tem nenhuma evidência de que o Brasil tenha atacado seus sistemas informáticos”, disse o ministro.

“Temos tranquilidade de que as informações que administramos nas negociações internacionais estão resguardadas.”

As atuais tarifas de energia estão acordadas até 2027. “Me informaram que vai haver uma aclaração respectiva de parte do Brasil”, completou o chanceler.

Confira nota do governo Lula

O Brasil divulgou nota garantindo que não promoveu espionagem. E acrescentou que teria interrompido as ações assim que tomou conhecimento da existência.

“O governo do Presidente Lula desmente categoricamente qualquer envolvimento em ação de inteligência contra o Paraguai... A citada operação foi autorizada pelo governo anterior, em junho de 2022, e tornada sem efeito pelo diretor interino da ABIN em 27 de março de 2023, tão logo a atual gestão tomou conhecimento do fato.”

A nota lembra que o atual diretor-geral da Abin assumiu oficialmente em 29 de maio de 2023, aprovado pelo Senado. E que, naquele período, a operação já havia sido encerrada.

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