Delação | Notícia

Gilson Machado integrava ala radical que pedia golpe de Estado a Bolsonaro, segundo Mauro Cid

Ex-ministro foi um dos citados por Mauro Cid em delação que teve sigilo retirado por Alexandre de Moraes e divulgado nesta quarta-feira (19)

Por Pedro Beija Publicado em 19/02/2025 às 17:07

O ex-ministro do Turismo, Gilson Machado, foi um dos citados em depoimentos do tenente-coronel Mauro Cid, divulgados nesta quarta-feira (19), após o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), decidir pela derrubada do sigilo da delação premiada do ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro. De acordo com Cid, Gilson era integrante de uma "ala radical" que pressionava o ex-presidente por um golpe de Estado.

De acordo com Cid, em depoimento à Polícia Federal realizado em agosto de 2023, o ex-presidente Jair Bolsonaro era cercado por diferentes grupos, que se dividiam entre a procura por uma fraude nas urnas eletrônicas e o pedido por um golpe de Estado.

Além de Gilson, também integravam a "ala mais radical" o ex-ministro Onyx Lorenzoni, os senadores Jorge Seif (PL-SC) e Magno Malta (PL-ES), o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), além do general da reserva Mário Fernandes e a ex-primeira dama Michelle Bolsonaro.

Dos citados, apenas o general Mário Fernandes figura nas listas de indiciados pela Polícia Federal e dos denunciados pela Procuradoria-Geral da República (PGR). Fernandes está preso desde novembro de 2024, por envolvimento no plano para matar o presidente Lula (PT) e outras autoridades. Os demais mencionados por Cid não figuram na lista de denunciados pela PGR, divulgada na noite da última terça-feira (18).

Ala radical pedia golpe de Estado a Bolsonaro, segundo Cid

Segundo Cid, em delação, os citados na ala radical "conversavam constantemente" com Bolsonaro, "instigando-o para dar um golpe de Estado", e afirmavam que o ex-presidente tinha apoio do povo e dos CACs (colecionadores, atiradores e caçadores).

"Tais pessoas conversavam constantemente com o ex-presidente, instigando-o para dar um golpe de Estado; QUE afirmavam que o ex-Presidente tinha o apoio do povo e dos CACs para dar o golpe", diz trecho da delação de Mauro Cid.

Em trecho anterior da delação, Cid aponta que os citados não eram um grupo organizado, mas que, individualmente, se encontravam com o ex-presidente, "na intenção de exigir uma ação mais contundente" de Bolsonaro.

No entanto, Cid ressalta que não sabe se os citados levavam documentos para Bolsonaro e que não presenciou todos os encontros entre a "ala radical" e o ex-presidente.

Confira a delação de Mauro Cid, de agosto de 2023, na íntegra:

"Isso tá ficando feio para o Brasil lá fora", diz Gilson Machado sobre denúncias da PGR

Nesta quarta-feira, em Brasília, Gilson Machado se pronunciou sobre a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR), que denunciou Jair Bolsonaro e outras 33 pessoas. O ex-ministro questionou o documento, assinado por Paulo Gonet.

"Como é que um cara quer fazer um golpe e pacifica a transição? Inclusive com o general Arruda assumindo o comando militar? Minha gente, isso tá ficando feio para o Brasil lá fora. Cadê a minuta do golpe? Cadê os considerandos do golpe?", questionou.

"Eu digo uma coisa, se tiver fundamentação (a denúncia), tem que botar pra torar. Agora, se for inventar uma narrativa, isso só cola pra quem é vassalo. Isso não cola pro mundo, isso não cola pra imprensa que pensa", complementou.

Ainda durante a tarde desta quarta-feira, o ex-ministro esteve no escritório do ex-presidente Jair Bolsonaro, acompanhado de seu filho, o vereador do Recife Gilson Machado Filho (PL). Também participaram do encontro os deputados estaduais Joel da Harpa, Renato Antunes, Abimael Santos e Coronel Alberto Feitosa, além do deputado federal Pastor Eurico.

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