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'Corremos risco de golpe no 7 de Setembro de 2021', diz Luiz Costa Pinto, que lança livro sobre atuação de Augusto Aras

"O Procurador" será lançado no sábado (13), às 16h, na Livraria Leitura do RioMar: 'Livro vai do desmonte da Lava-Jato até as portas do 8 de Janeiro'

Por Emannuel Bento Publicado em 12/07/2024 às 13:59 | Atualizado em 13/07/2024 às 11:15

"Como e porque Augusto Aras tornou-se um Procurador-Geral da República contestado e deixou de denunciar Bolsonaro, enquanto agia para salvar o país do autoritarismo".

É com essa premissa que o jornalista Luiz Costa Pinto convida à leitura de "O Procurador", lançado na Livraria Leitura do RioMar Recife neste sábado (13), às 16h.

"Não é uma biografia ou um relato biográfico sobre Aras, mas sim um livro-reportagem sobre os quatro anos da procuradoria-geral da República no período do governo de Jair Bolsonaro", reforçou o autor, em entrevista à Rádio Jornal.

O auto, ex-repórter do Jornal do Commercio,  foi também repórter, editor e chefe de sucursais de veículos como Veja, Folha de S.Paulo, O Globo e Época, e foi responsável pela reportagem "Pedro Collor Conta Tudo".

Personagem complexo

"O Procurador" nasceu quando Luiz Costa Pinto começou a receber, por meio de diversas fontes, trocas de mensagens, documentos de ofícios internos e relatos de correições que não foram concluídas na Procuradoria Geral da República.

ANTONIO AUGUSTO/PGR
Augusto Aras - ANTONIO AUGUSTO/PGR

"Em março de 2023, consegui conversar com o Augusto Aras durante três horas e expus para ele os documentos que eu tinha recebido. Ele confirmou alguns e começamos a falar sobre o período dele na PGR, que estava chegando ao fim", contou.

"Através de alguns fios, percebi que existia ali um personagem complexo, até para entender a atuação da PGR no desmonte de golpes de estado que nós quase sofremos em 2021 e 2022, antes do oito de janeiro de 2023. Seriam golpes muito semelhantes. O livro conta sobre esse período que vai do desmonte da Lava-Jato até as portas do 8 de Janeiro."

Risco de golpe no 7 de setembro de 2021

No processo de apuração, Luiz Costa Pinto disse que foi surpreendido pelo risco de golpe que o País correu no 7 de setembro de 2021, ainda na pandemia do coronavírus.

"Estava sendo organizado e estruturado um golpe para Bolsonaro endurecer o poder. A consumação desse golpe seria a participação fundamental das polícias militares. Eles seriam os ecos da ordem golpista dada a partir de Brasília. O desmonte dessa participação das PMs foi feita a partir da PGR por uma ação muito eficaz que contou com próprio Haras", explica.

Também estiveram nesta ação o vice-procurador-geral Humberto Jacques de Medeiros; o procurador-geral da Justiça Militar Marcelo Weitzel; e a participação dos ministros do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes e Luiz Fux, na época presidente do Supremo.

'O 8 de Janeiro poderia ter sido antecipado'

"Se recordarmos, aquele 7 de Setembro foi muito tenso em Brasília. Existiu uma tentativa de invasão no Congresso e do STF. Existiam três barreiras de contenção das hordas bolsonaristas e duas foram rompidas", diz Costa Pinto.

"No começo da madrugada do dia 7, o ministro Luiz Fux ligou para o General Braga Neto e disse que tinha atiradores de elite colocados em cima do Supremo, caso essa terceira barreira fosse rompida. Braga Neto ligou para Aras e perguntou se ele poderia fazer isso. Ele disse: 'Não só pode, como deve'."

A partir desse momento, a PM do Distrito Federal começou a reprimir o movimento. "Poderíamos ter dito um 8 de Janeiro já naquele 7 de setembro".

Reformulação

Na entrevista, Luiz Costa Pinto também defendeu a reformulação da PGR. "Criou-se um monstro a partir da formulação da constituinte de 1988, quando ela ganhou esses poderes e essa independência. A PGR converteu-se num quarto poder da República", disse. "É preciso de regras de contenção e correição, porque os procuradores extrapolam muito os seus poderes."

"Também houve uma distorção muito grande a partir do surgimento de um grupo de jovens procuradores, e aí temos que personificar no Deltan Dallagnol, que passou no concurso sem ter sequer idade para isso ou preencher exigências, sem uma carreira pública na advocacia".

SERVIÇO
Lançamento de "O Procurador", de Luiz Costa Pinto
Onde: Livraria Leitura do Shopping RioMar (Av. República do Líbano, 251, Pina)
Quando: neste sábado (13), às 16h

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