Bolsonarista, presidente de comissão que analisa PL contra casamento gay diz que há 'várias formas de família' no Brasil
A declaração de Fernando Rodolfo é semelhante à posição defendida por parlamentares contrários ao projeto de lei que quer proibir a união homoafetiva no Brasil

Corregelionário do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), o deputado federal Fernando Rodolfo (PL-PE) preside a Comissão de Previdência, Assistência Social, Infância, Adolescência e Família da Câmara, que analisa um projeto de lei que visa proibir o casamento entre pessoas do mesmo sexo.
Embora se considere conservador, o político pernambucano já disse que reconhece haver no Brasil diferentes formas de família.
A afirmação foi feita durante a justificativa de um projeto de lei que prevê a criação do Dia Nacional do Padrasto e do Dia Nacional da Madrasta.
O Brasil é composto por várias formas que se constituem família.Deputado federal Fernando Rodolfo (PL-PE)
A declaração de Fernando Rodolfo é semelhante à posição defendida por parlamentares e entidades LGBTQIA+ contrários ao projeto de lei que quer proibir a união homoafetiva no Brasil.
No mesmo sentido, em 2011, o Supremo Tribunal Federal (STF) equiparou as relações entre pessoas do mesmo sexo às uniões estáveis entre homens e mulheres, reconhecendo, assim, a união homoafetiva como núcleo familiar.
VOTAÇÃO ADIADA
Relatado por outro parlamentar do PL, o deputado Pastor Eurico (PE), o projeto estava pronto para ser votado na última terça-feira (19), mas após quase 5 horas de debates acalorados, a votação foi adiada.
O texto original do projeto é do ex-deputado Clodovil Hernandez (PTC-SP), já falecido, e visava regulamentar o casamento homoafetivo. A proposta foi modificada pelo relator para se posicionar no sentido contrário.
Na justificativa, o relator do texto afirmou que o casamento “representa uma realidade objetiva e atemporal, que tem como ponto de partida e finalidade a procriação, o que exclui a união entre pessoas do mesmo sexo”.
Ao defender a aprovação do projeto, o relator citou o parágrafo 3º do Artigo 226 da Constituição que diz que, “para efeito da proteção do Estado, é reconhecida a união estável entre o homem e a mulher como entidade familiar, devendo a lei facilitar sua conversão em casamento”.
Com isso, o relator Pastor Eurico afirma que “resta claro que a própria Constituição mitiga a possibilidade de casamento ou união entre pessoas do mesmo sexo”.
O parlamentar pernambucano ainda criticou a decisão do STF que reconheceu a união homoafetiva.
“Mais uma vez, a Corte Constitucional brasileira usurpou a competência do Congresso Nacional, exercendo atividade legiferante incompatível com suas funções típicas”, argumentou.
AUDIÊNCIA PÚBLICA
O colegiado também firmou um acordo que prevê o compromisso de partidos contrários ao projeto de não obstruírem a votação e também a realização de uma audiência pública um dia antes, na terça-feira (26).
A expectativa é que o projeto seja aprovado na comissão, que conta com maioria de conservadores.
Vale ressaltar que a proposta será analisada em caráter conclusivo pelas comissões de Previdência, Assistência Social, Infância, Adolescência e Família; e de Constituição e Justiça e de Cidadania. Sendo assim, se aprovada não precisará passar pelo plenário da Câmara.
O Brasil é composto por várias formas que se constituem família.
Deputado federal Fernando Rodolfo (PL-PE)