Eleições 2020

Decisão do MDB de ficar na Frente Popular não é surpresa para oposição

Apesar do desembarque do MDB da aliança com o PSB ter sido considerado em determinado momento, lideranças há algum tempo previam que não poderiam contar com o MDB no campo oposicionista

Luisa Farias
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Luisa Farias
Publicado em 11/08/2020 às 15:20
FILIPE JORDÃO/JC IMAGEM
Segundo Armando, a definição da posição deve sair ainda nesta terça-feira (17) - FOTO: FILIPE JORDÃO/JC IMAGEM
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A decisão do MDB de manter-se na Frente Popular e declarar apoio à pré-candidatura de João Campos (PSB) na eleição do Recife não foi vista com surpresa pelas lideranças do campo de oposição em Pernambuco. Apesar do desembarque ter sido considerado em determinado momento, os oposicionistas há algum tempo já previam que não poderiam contar com o MDB no campo adversário ao PSB no estado. 

A possibilidade do MDB lançar Raul Henry como candidato na disputa pela capital pernambucana era defendida pelo líder do governo Bolsonaro no Senado Federal, Fernando Bezerra Coelho (MDB) e o próprio Jarbas Vasconcelos chegou a fazer sinalizações nesse sentido. Mas as discussões acabaram não evoluindo por falta de "convergência", segundo o próprio Raul, e até mesmo devido a pandemia da covid-19, que dificultou as articulações, conforme mostrou a coluna Cena Política. O partido, então, decidiu que o melhor movimento seria permanecer aliado ao PSB. 

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Na época em que se discutia uma candidatura própria do MDB, Raul Henry chegou a conversar com o ex-ministro da Educação e presidente do DEM-PE, Mendonça Filho, com o deputado federal e presidente do Cidadania-PE, Daniel Coelho e com o ex-senador Armando Monteiro (PTB). 

Armando Monteiro, mas ressalta que a discussão sobre adotar postura de independência era interna do MDB e não passava pelo campo da oposição. "Eu percebi há alguns meses que esse movimento seria improvável, os sinais eram de que não havia claramente uma indicação de que eles fossem levar adiante essa ideia. Portanto, esse desfecho não nos surpreende. De resto, nós respeitamos essa posição, o partido tem sua autonomia para tomar as decisões que entender mais adequada, e em certo sentido lamentamos", disse Armando Monteiro. 

Mendonça Filho lembra que o MDB permaneceu em uma aliança consolidada com o PSB desde as eleições de 2012, quando Geraldo Julio foi eleito para o seu primeiro mandato. "Na verdade, para mim não teve nenhuma surpresa. Era mais ou menos o quadro esperava que se esperava, então para mim não tem nenhum fato novo. Se imaginava que era a tendência normal deles continuarem no campo do PSB", afirmou o democrata. 

"Eles já estavam lá na PCR e Estado. Não havia nenhuma expectativa de que entregassem os cargos", resumiu Daniel Coelho.

O secretário de Segurança Urbana do Recife, Murilo Cavalcanti, aliado de primeira hora de Raul e Jarbas, chegou a ser cogitado para compor a vice da chapa de João Campos, mas continuou no cargo mesmo depois do prazo de descompatibilização para concorrer nas eleições deste ano. 

Em entrevista à Rádio Jornal nesta terça-feira (11), Fernando Bezerra negou qualquer apoio à candidatura de João Campos, mesmo com a confirmação da aliança do partido com o PSB na eleição do Recife. Segundo ele, isso já foi verbalizado diretamente para João em um encontro recente entre os dois. 

"Eu tive a oportunidade de conversar com o deputado João Campos. Ele me fez uma visita, tivemos uma conversa muito franca e aberta sobre essa questão. Eu coloquei para João as dificuldades de caminharmos juntos nas eleições para prefeito", disse FBC. 

Candidatos da oposição

O antigo grupo do "Pernambuco Vai Mudar", que se opôs à Paulo Câmara (PSB) nas eleições de 2018 para o Governo de Pernambuco, ainda não definiu quantas candidaturas terá no Recife. A ideia de um candidato próprio perdeu força, e os oposicionistas já admitem um cenário com ao menos dois nomes.

Enquanto isso, outros pré-candidatos da oposição vem se articulando. O Podemos lançou Patrícia Domingos (Podemos) e ao que tudo indica, o segundo postulante sairá da dupla Mendonça Filho e Daniel Coelho.

Mais distantes desse grupo, há também o líder da oposição na Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe), Marco Aurélio Medeiros (PRTB) e o deputado estadual Alberto Feitosa (PSC). Marco Aurélio, inclusive, troca farpas com Mendonça Filho pelo fato do democrata não ter incluído o seu nome em um pesquisa do partido sobre a eleição do Recife. O episódio evidenciou um distanciamento entre o deputado e o grupo. 

>> Na oposição no Recife, Marco Aurélio ataca Mendonça Filho. DEM responde

Armando Monteiro diz acreditar que no campo oposicionista pode haver mais de uma candidatura, uma vez que o campo classificado por ele como "governista" também está se fragmentando, com as pré-candidaturas de João e Marília Arraes (PT) e também do PDT, com Túlio Gadêlha e Isabella de Roldão. 

"Eu ainda acho possível construir um entendimento de modo que tenhamos duas candidaturas. Se não pudermos, vamos considerar a realidade, porque o processo político é isso, você tentar aglutinar, mas é claro que isso é um processo que só pode acontecer se for possível. Eu estou seguro que se isso não acontecer e se a oposição tiver que ter múltiplas candidaturas, nós estaremos todos juntos no segundo turno", avaliou Armando Monteiro. 

DIEGO NIGRO/ACERVO JC IMAGEM
Era mais ou menos o quadro que se esperava. Se imaginava que era a tendência normal deles continuarem no campo do PSB", afirmou Mendonça Filho (DEM), um dos nomes do grupo cotado para a disputa pela Prefeitura do Recife - FOTO:DIEGO NIGRO/ACERVO JC IMAGEM

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