Moradores deixam habitacional em Olinda sob invasões e saques; local foi interditado por risco de desabamento
Durante a desocupação do Juscelino Kubitschek, no bairro de Rio Doce, suspeitos invadiram os imóveis. Moradores pedem atenção ao caso

Clique aqui e escute a matéria
O Habitacional Juscelino Kubitschek, localizado no bairro de Rio Doce, em Olinda, na Região Metropolitana do Recife, foi interditado pela Defesa Civil na última sexta-feira (25), após uma vistoria identificar risco iminente de desabamento em parte dos blocos.
Diante da avaliação técnica, a orientação foi para que os moradores deixassem o local com urgência.
Contudo, durante o processo de desocupação, houve invasão e saques. Segundo as famílias, os suspeitos entraram nas unidades e levaram pertences que não puderam ser retirados a tempo.
Em 2023, parte do conjunto já havia sido evacuada após os moradores relatarem estalos nas instalações.
Moradores assustados
A ação dos supeitos na hora da desocupação teria sido mais do o furto, relatos citam vandalismo.
"Roubaram as portas do meu guarda-roupa, queimaram fotos da minha filha recém-nascida, coisa que a gente não recupera mais. Eu perdi muita coisa. Meus armários de aço, que eu não consegui tirar, roubaram também", relatou uma moradora do habitacional nas redes sociais.
A Polícia Militar informou que “batalhão foi acionado para a ocorrência mencionada e, ao chegar no local, o efetivo realizou diversas rondas, porém nenhum suspeito foi localizado”.
Andreza Leão, analista comercial, que mora em outro bloco do habitacional afirma que em qualquer descoupação, esse tipo de ação acontece. "Eles levam tudo, fica só a estrutura do prédio, já levaram portões das garagens, grades dos apartamentos, janelas, portas", explicou em entrevista à TV Jornal.




Interdição
Questionada sobre a nova interdição, que foi para o bloco B, a Prefeitura de Olinda, por meio da Defesa Civil Municipal, informou que a medida foi adotada após constatação de risco nas estruturas dos blocos.
“A medida foi adotada como forma de garantir a segurança dos moradores diante das irregularidades identificadas”, informou a gestão municipal, por meio de nota.
Segundo a prefeitura, após a análise técnica da Defesa Civil, a situação foi encaminhada à Companhia Estadual de Habitação e Obras (CEHAB).
No entanto, em nota, a CEHAB — vinculada à Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Habitação (Seduh)— afirmou que o caso do Habitacional Juscelino Kubitschek não chegou ao órgão.
“O edifício Juscelino Kubitschek não faz parte do processo coordenado pelo Governo do Estado em parceria com o Governo Federal, a Caixa Econômica e o Ministério Público, que contempla uma lista específica de 431 empreendimentos definidos como de alto risco, no âmbito de um acordo homologado na Justiça Federal”, informou.
A analista comercial Andreza Leão também teme deixar o apartamento, ela mora no bloco G. "A gente vem sofrendo em várias etapas de Rio Doce desapropriação pela Defesa Civil que vem condenando alguns edifícios e dando prazos para as pessoas saírem. Nesse prédio, por exemplo, foram dados apenas 3 dias para a desocupação", conta.
Local estaria condenado desde 2000
Os problemas estruturais no habitacional não são recentes. Os prédios estão condenados desde o ano 2000, mas continuavam servindo de moradia para dezenas de famílias.
A primeira etapa da derrubada ocorreu em maio de 2023, com o Bloco D, conhecido como Brooklin. Na sequência, foram demolidos os blocos E e I.
As demolições são de responsabilidade da Caixa Econômica Federal, determinadas em cumprimento a uma decisão judicial.
"Não era um local ruim de se morar, não tínhamos problema com o prédio", afirmou uma das moradoras do residencial, que preferiu não se identificar. O local, segundo ela, não possuía uma administração direta. "Cada bloco tinha um síndico mas era apenas falado sobre questões de luz e água", afirmou.
Segundo relato de moradores nas redes sociais, haveria um seguro firmado com a Caixa Econômica Federal, responsável pelo financiamento dos imóveis.
A reportagem entrou em contato com a instituição e aguarda retorno. O espaço segue aberto.
Saiba como acessar nossos canais do WhatsApp
#im #ll #ss #jornaldocommercio" />