Festa de Nossa Senhora do Carmo reuniu multidão de fiéis. Religiosos aproveitaram para pedir reforma da Basílica
Devotos lotaram missas e procissão da padroeira. Religioso aproveitou as presenças de Priscila Krause e João Campos para pedir a reforma da Basílica

Clique aqui e escute a matéria
Uma multidão de devotos compareceu à Basílica de Nossa Senhora do Carmo, no bairro de Santo Antonio, nesta quarta-feira (16), para acompanhar a Missa Solene Campal, presidida por Dom Paulo Jackson, Arcebispo da Arquidiocese de Olinda e Recife. Marcada pela emoção dos fiéis, a celebração é o ponto alto da Festa de Nossa Senhora do Carmo, padroeira do Recife. Foram 11 dias de programação, com início em 6 de julho e encerramento nesta quarta, reunindo 1,5 milhão de pessoas. A vice-governadora Priscila Krause representou a governadora Raquel Lyra no evento, que está em agenda em Brasília.
Durante a missa, o frei Cidmário aproveitou as presenças de Priscila e do prefeito do Recife, João Campos, para socilitar a restauração da Basílica de Nossa Senhora do Carmo. "Não é um pedido pessoal, mas solicito ao governo do Estado e à Prefeitura do Recife, em nome de todo o povo que está aqui, a restauração da Casa da Mãe Padroeira", disse.
Poucos minutos depois de ter falado, o prefeito voltou a pedir o microfone. "Vamos marcar amanhã (quinta/17), às 8h, com uma equipe técnica para tratar da restauração da Basílica. Victor (o vice-prefeito) vai coordenar essa discussão", comprometeu-se. O Conjunto Arquitetônico, que inclui a Basílica e Convento Nossa Senhora do Carmo em Recife, é tombado como Patrimônio Histórico Nacional pelo Iphan desde 1938.
COMEMORAÇÃO COMEÇOU CEDO
Nesta quarta, o dia da padroeira começou cedo, com a primeira cerimônia às 4h. Além da na Basílica do Carmo, os fieis também compereceram ao Claustro do Convento e à Igreja da Ordem Terceira do Carmo, para participar das 25 missas ao longo do dia. A festa de Nossa Senhora do Carmo é celebrada há mais de 325 anos na Capital pernambucana.
Logo após a missa campal, em outro momento emocionante, o andor com a imagem da padroeira se juntou aos fiéis, que saíram na chamada procissão luminosa, percorrendo as principais avenidas do centro, como a Avenida Dantas Barreto e a Avenida Guararapes, antes de retornar ao Pátio do Carmo. A noite se encerrou com um show cultural, com o Padre Damião Silva, no Pátio do Carmo.
MEDALHA JOAQUIM NABUCO
Duranate o evento, o deputado estadual Mário Ricardo entregou um convite a Dom Paulo Jackson. "Vamos entregar ao senhor a maior comenda da Assembleia Legislativa de Pernambuco: a Medalha Joaquim Nabuco, por sua trajetória de fé e compromisso com o povo de Pernambuco", destacou. A entrega será no da 19 de agosto, às 18h, no Plenário da Alepe.
Priscila Krause lembrou da importância da festa para a história de Pernambuco e do Recife. "Essa festa, que se renova a cada ano, é símbolo da nossa identidade, resiliência e fé do povo pernambucano e recifense. O Recife tem a força de ter duas padroeiras: Nossa Senhora do Carmo e Nossa Senhora da Conceição", destacou.
Priscila pediu aos presentes que rezassem pelas pessoas que ocupam cargos públicos, eleitas por eles, para que tenham discernimento e sabedoria nas suas escolhas.
Monte Carmelo
Nossa Senhora do Carmo — também conhecida como Nossa Senhora do Monte Carmelo — tem sua origem ligada à Ordem dos Carmelitas, fundada por eremitas cristãos no século XII. Esses monges se estabeleceram no Monte Carmelo, região da atual Palestina, inspirados pelo exemplo do profeta Elias, que ali viveu segundo a tradição bíblica.
O nome "Carmelo", do hebraico, significa "vinha do Senhor" ou "jardim", e o local sempre foi associado à beleza e à espiritualidade. Os primeiros carmelitas construíram uma pequena capela dedicada à Virgem Maria, reconhecendo-a como sua protetora espiritual. Assim nasceu o título de “Nossa Senhora do Carmo”, e com o tempo, sua devoção se espalhou por diversas partes do mundo.
O escapulário e a consagração mariana
Um dos principais símbolos ligados a Nossa Senhora do Carmo é o escapulário, um sacramental que, segundo a tradição, foi entregue pela própria Virgem ao superior da Ordem, São Simão Stock, no dia 16 de julho de 1251. O objeto tornou-se um sinal de consagração a Maria e de proteção espiritual para os fiéis devotos.
Chegada no Recife
A devoção à Virgem do Carmo chegou ao Brasil logo nos primeiros anos da colonização. A primeira imagem da santachegou ao país em 1501, trazida por navegadores portugueses. Já no Recife, a história se consolida em 1654, logo após a expulsão dos holandeses.
Nesse período, a Ordem dos Carmelitas se estabeleceu na cidade, dando início à construção da Igreja e do Convento do Carmo, sob liderança do Capitão Diogo Cavalcanti Vasconcelos. As obras foram concluídas em 1767, transformando o local em um dos mais importantes centros religiosos de Pernambuco.
Título de padroeira e reconhecimento oficial
Com o passar dos anos, a devoção cresceu, e em 1909, o Papa Pio X atendeu ao pedido do povo recifense e declarou Nossa Senhora do Carmo como Padroeira Secundária do Recife. Pouco tempo depois, em 1917, o Papa Bento XV elevou a Igreja à dignidade de Basílica Menor.
Em 1919, um momento histórico marcou a fé dos recifenses: a Virgem do Carmo foi coroada canonicamente, tornando-se a segunda santa a receber essa honra no Brasil.