ONG recebe inscrições para famílias acolhedoras em Olinda
Organização disponibiliza uma bolsa mensal equivalente a um salário mínimo para auxiliar nas despesas da criança durante o acolhimento

O acolhimento familiar é uma medida de proteção prevista no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) que visa manter o menor sob a guarda de uma família acolhedora de forma provisória. Ele é uma alternativa para vítimas de abuso físico, negligência e violência sexual.
Em Casa Caiada, Olinda, uma organização se mobiliza para receber crianças e adolescentes que foram afastadas do convívio familiar devido a algum tipo de abuso ou negligência.
A ONG Reaviva Brasil é uma casa de acolhimento e está com inscrições abertas para famílias acolhedoras. Até o dia 31 de março de 2025, pessoas que têm o interesse de acolher crianças de 0 a 11 anos de forma temporária podem se inscrever pelo site https://reavivabrasil.org/familias-acolhedoras/registro-de-familia-acolhedora.
Os interessados passam por uma formação, que tem previsão de início para a primeira semana de abril. A capacitação é ministrada por uma equipe de profissionais, que oferece suporte durante o período do acolhimento.
Além disso, a organização disponibiliza uma bolsa mensal equivalente a um salário mínimo para auxiliar nas despesas da criança durante o acolhimento. As famílias candidatas ao serviço de acolhimento devem residir no município de Olinda.
“No dia 22 de janeiro de 2024, recebi o comunicado de duas princesas para o acolhimento familiar, de 6 e 4 anos. Sem ter nenhuma dúvida eu e minha família falamos que poderiam vir morar conosco até Deus mandar uma família para sempre, como eu costumava dizer a elas. Foram momentos de muito amor e carinho”, relembra Regina*.
“Nossa convivência foi muito produtiva, em todos os sentidos, e sempre vamos levar elas no coração. Espero fazer parte da vida de quantas crianças se fizer necessário e que tenhamos um processo tão positivo quanto este acolhimento familiar, que está se encerrando com o coração cheio de felicidade, por ter proporcionado este momento de conhecimento”, contou.
*O nome foi trocado para preservar a identidade da família e das crianças
Abusos
Só no estado de Pernambuco, a média em 2023 foi de 5 casos de abuso sexual de crianças e adolescentes por dia. Apesar do alto índice, a polícia reconhece que a subnotificação é alta.
A principal orientação é para que pais e familiares redobrem a atenção aos filhos, principalmente nos primeiros anos de vida. Possíveis mudanças de comportamento, como retraimento, agressividade, medo excessivo ou comportamento autodestrutivo devem ser observadas.
Problemas emocionais, como depressão, ansiedade e pesadelos frequentes, queda no desempenho escolar, evasão escolar ou recusa em ir à escola também são sinais relevantes.
Como denunciar?
As denúncias de abuso sexual contra crianças e adolescentes podem ser feitas diretamente à Polícia Militar de Pernambuco, pelo número 190. Outra opção é o Disque 100, do Governo Federal.
A Ouvidoria da Secretaria da Criança e Juventude de Pernambuco também disponibiliza um e-mail, que pode ser enviado de forma anônima. O endereço é: ouvidoria@scj.pe.gov.br.
Pessoas que têm conhecimento das violações e se omitem em denunciar também podem ser responsabilizadas judicialmente, de acordo com a Lei nº 8.069/1990, do Estatuto da Criança e do Adolescente, o ECA, em seu artigo 245.
A pena pode ser uma multa de três a vinte salários de referência, aplicando-se o dobro em caso de reincidência, para quem deixar “de comunicar à autoridade competente os casos de que tenha conhecimento, envolvendo suspeita ou confirmação de maus-tratos contra criança ou adolescente”.