Debate da Super Manhã: especialistas discutem desafios no acolhimento de pessoas em situação de rua
O Debate da Super Manhã, da Rádio Jornal, nesta segunda-feira (20), discutiu desafios e avanços no acolhimento de pessoas em situação de rua
Com um guia para otimizar os serviços e políticas públicas voltadas para a população que vive em situação de rua desde 2023, a Prefeitura do Recife, por meio da Secretaria de Desenvolvimento Social, Direitos Humanos, Juventude e Políticas Sobre Drogas, ainda vive o desafio de executar políticas públicas eficientes para a população em situação de rua. De acordo com o último Censo da População de Rua, construído em conjunto com a Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), a cidade tinha naquele ano 1.806 pessoas em situação de rua, sendo 1.443 nas ruas no momento da contagem e 363 acolhidas em algum equipamento institucional. Uma questão que permeia a vida de todos os moradores.
Do total, 76% das pessoas em situação de rua são homens, 80% pretos e pardos. 80% deles também são adultos em idade economicamente ativa (15 anos ou mais, de acordo com o IBGE).
No Debate da Super Manhã, na Rádio Jornal, nesta segunda-feira (20), o pesquisador, professor de Educação da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) e coordenador do Censo Pop Rua, Humberto Miranda, externalizou a preocupação com o cenário atual tanto no Recife quanto em Pernambuco.
"O cenário é desafiador, nosso trabalho aponta mais de 1.800 pessoas vivendo nas ruas do Recife. Há uma segunda pesquisa que vamos lançar no mês que vem, que fala sobre as crianças e adolescentes em situação de rua no Estado. Nos preocupa muito e o que percebemos é o seguinte: onde o desenvolvimento econômico está, as pessoas em situação de rua estão. Então precisamos repensar esse desenvolvimento, que não pode ser um desenvolvimento neoliberal, ou seja, que só pensa em lucro, mas precisamos pensar nas pessoas", disse.
A Secretaria de Assistência Social, Combate à Fome e Políticas Sobre Drogas de Pernambuco diz que há avanços na expansão do trabalho no Estado. Enquanto em 2023 o orçamento anual da pasta foi de R$ 26 milhões, no ano de 2024 o valor atingiu R$ 85 milhões.
Os valores são investidos, principalmente, na implementação e otimização dos Centros POP, espaço de atendimento oferecido às pessoas em situação de rua, com a finalidade de assegurar serviços e atendimentos, como alimentação, higiene e provisão de documentação. Além disso, a Secretaria de Assistência Social investe na ampliação das equipes de abordagem social, de forma que evite a sobrecarga das equipes dos Centro de Referência Especializado de Assistência Social (Creas).
“Na dificuldade dos municípios, com pouco recurso para assistência social, normalmente se tirava esses valores dos Creas, que já têm equipes pequenas para uma demanda gigantesca”, explica o titular da pasta, Carlos Eduardo Braga Farias. “Hoje o Governo do Estado fomenta para os municípios um recurso mensal para que eles também tenham suas equipes específicas para acolhimento de pessoas em situação de rua”, completa ele.
Outros atores de ressocialização
Além do poder público, instituições como igrejas também atuam no processo de ressocialização das pessoas em situação de rua. A Casa do Pão, entidade de assistência à população em situação de rua e pessoas em vulnerabilidade social, ligada à Arquidiocese de Olinda e Recife, atua com esse objetivo.
"Fechamos o ano de 2024 com mais de 100 mil refeições oferecidas pela Casa do Pão, nós sonhamos com o dia em que não vamos mais ofertar comida porque não vai precisar. Trabalhamos com esse objetivo", comenta Aerton Carvalho, diácono permanente da Arquidiocese de Olinda e Recife e diretor da Casa do Pão.
O diácono compartilha que, para 2025, a entidade firmou parceria com a graduação em Gastronomia na Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) para colaborar com a produção da alimentação e trabalho na cozinha e em outras áreas do serviço.