Avanço do nível do mar: em estado de emergência, Paulista promete obra de contenção em trechos do Janga e Pau Amarelo
O avanço da água tem prejudicado atividades de moradores e comerciantes. "A cada dia fica pior", relata servidor público

Com informações da repórter Juliana Oliveira, TV Jornal
Usufruir da faixa de areia para caminhadas, descanso e outras atividades de lazer na praia não é mais uma realidade para quem frequenta trechos da praia do Janga e de Pau Amarelo, em Paulista, Grande Recife. Há anos, o avanço do nível do mar tem limitado o tráfego e, consequentemente, o comércio nas áreas. Recentemente, a prefeitura do município decretou estado de emergência devido ao fenômeno.
O decreto nº 094/2021 foi assinado pelo prefeito Yves Ribeiro no último dia 23 de agosto, baseado em parecer da Defesa Civil. O órgão determinou que os pontos mais críticos são os trechos das ruas Baronesa e do Mosteiro, ambas em Pau Amarelo, e um trecho do Janga não informado pela prefeitura.

O servidor público Marcos Piauí diz que frequenta a praia do Janga há algumas décadas e nas horas livres aproveita o tempo para pescar. No entanto, o avanço do nível do mar tem prejudicado suas atividades no local. “Antes, essa praia era a coisa mais linda! A cada dia fica pior, mas espero que seja logo resolvido para nós”, relata.
Na margem, o avanço da água é tão expressivo que já derrubou blocos de areia que contornam a orla. Em uma das ruas, a via perdeu largura e um bar teve quase todo o espaço da frente limitado.
Um morador, que preferiu não ser identificado, relata dificuldade para passar com o carro no local e diz que precisou se juntar a vizinhos para colocar pedras, na tentativa de conter o avanço da água. O homem também afirmou que já procurou diversas vezes a Prefeitura de Paulista para falar sobre o problema, mas que, até o momento, nada foi feito.
"Há 11 anos moro aqui e a prefeitura nunca veio resolver. A gente que pagou para uma pessoa colocar pedras na via", declarou.


Na Praia de Pau Amarelo, a beira-mar próxima ao Forte Nossa Senhora dos Prazeres enfrenta uma situação semelhante. A água toma o espaço da areia, avançando em direção às construções. Uma das casas teve parte da base do muro de pedras derrubada.
Parte do muro de contenção do mar está parcialmente destruído. Segundo banhistas, a estrutura feita com concretos e pedras não tem impedido a passagem da água.
Obras de enrocamento aderente
Segundo a Prefeitura de Paulista, obras de enrocamento aderente - estruturas implantadas paralelamente à linha de costas com a função de estabilizar a linha de costa - serão feitas, de imediato, nos locais prejudicados pelo avanço do mar. A gestão informou que um convênio com o governo estadual está sendo firmado para disponibilizar R$ 2,8 milhões para a realização das obras, além de recursos próprios do município, também aplicados no serviço.
“O Estado de Pernambuco, após visitar os pontos citados, homologou a situação de emergência no município do Paulista, de forma que, em conjunto com a SPU (Superintendência em Patrimônio da União em Pernambuco), o município está finalizando os trâmites necessários para iniciar as obras nos pontos indicados pela Defesa Civil”, informou a prefeitura em nota.
O secretário de Infraestrutura de Paulista, Lídio Valença, diz reconhecer o problema e a situação de emergência. No entanto, segundo ele, a data de início das obras depende da assinatura do convênio. Além disso, Lídio Valença garantiu que comerciantes que trabalham na orla não serão prejudicados.
"Esse problema é muito sério e de muita complexidade. A prefeitura vai aportar em torno de R$ 300 mil para as obras, para iniciar de imediato mediante o convênio", declarou Lídio Valença.
O JC procurou a Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Habitação do governo estadual e foi informado que o convênio com a prefeitura de Paulista para a realização de obras de contenção do avanço do mar no município no valor aproximado de R$ 3 milhões foi firmado. "A parte técnica do projeto já foi concluída pela Seduh e se encontra na fase de orçamento. O serviço emergencial prevê o enrocamento da orla (colocação de pedras porosas com capacidade de absorver energia das ondas e direcionar o fluxo das águas, preservando as estruturas urbanas)", afirmou em nota.