Sucata ainda é fonte de renda para muitas famílias

Publicado em 30/10/2020 às 2:00
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É da sucata dos ferros-velhos que vem o sustento de muitos trabalhadores. Uma rede que começa nos catadores, passa por funcionários dos estabelecimentos e termina nos compradores — na maioria das vezes empresas que utilizam metais para fundir e transformar em outros produtos. Mas o aumento do número de estabelecimentos, aliado à clandestinidade, têm afetado quem atua conforme a lei.

Gisele Feitosa, 39 anos, trabalha há 12 como caixa de um ferro-velho localizado na Avenida Abdias de Carvalho, na Zona Oeste do Recife. É de lá que ela sustenta a casa onde vive com o marido e os dois filhos. Atualmente, é a única empregada na família. Mas o local onde ela trabalha pode estar prestes a fechar as portas. "São vários fatores. Tem a questão da pandemia, que fez com que a gente fechasse durante sete meses, e agora a falta de clientes. Também tem muita gente trabalhando errado, clandestino, o que aumenta a concorrência", lamenta.

No ferro-velho em que Gisele trabalha há mais de uma década, não é permitida a compra de produtos de menores de idade, nem de fios de cobre, que são, geralmente, fruto de roubos. "É um local que emprega muitas famílias e ajuda a sociedade. Somente aqui são 10 funcionários que tiram o sustento da sucata. Isso sem contar com os catadores, as pessoas que vêm aqui vender", pontua ela.

Manoel Oliveira, 67, também está apreensivo com a possibilidade de perder o emprego. Há 15 anos, trabalha como carregador no mesmo ferro-velho em que Gisele é caixa. "Antes eu era pedreiro. Vim da Bahia para cá a trabalho e acabei ficando. Trouxe a família e estou no Recife há 30 anos. Desses, 15 são carregando ferro aqui. Moro com minha esposa, que não trabalha, e minha filha, que tem o emprego dela, mas a gente depende muito do meu salário. Se acabar fechando, vou trabalhar como autônomo, porque eu monto prateleiras também."

Na outra ponta, está quem usa o material como obra-prima. É o caso de Camila Mergulhão, que trabalha restaurando peças antigas. "O ferro-velho é do meu avô. Eu costumava trabalhar de casa, mas comecei a utilizar o espaço. É bom porque aqui tem muito material", conta ela, que é formada em publicidade e propaganda, mas encontrou há cerca de 5 anos a paixão pela restauração. "Hoje eu vivo do trabalho de restaurar. O ferro-velho acaba levando renda para as famílias de diferentes formas", conclui.

 

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